Inícios #01 - Como não iniciar sua história

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Todo mundo já percebeu uma ou duas cenas, pelo menos, que parecem abrir uma boa parte das histórias de hoje, principalmente das postadas na internet. Esses tipos de início desanimam o leitor quase imediatamente e causam aquela conhecida sensação de "já vi isso antes". É claro que você pode usá-los para iniciar sua história, mas eu só aconselharia se você as escrevesse de um modo diferente, não-usual. Seu objetivo, ao digitar as primeiras linhas de sua história, é atrair a atenção do leitor, e não fazê-lo pensar que está lendo mais uma história previsível e cliché. Abaixo listei algumas das cenas mais comuns em livros e webs que já vi por aí. Mais uma vez repito: é claro, óbvio, que você pode usá-las. Afinal, a história é sua. Mas que vai causar um franzir de cenho em algumas das pessoas que a lerem, ah, isso vai.

Seu personagem está acordando. Pode ser após um sonho. Pior ainda se tiver escola em pouco tempo e/ou ele estiver atrasado. Geralmente esse tipo de início acaba levando o personagem a "fazer suas higienes". Poucas coisas matam mais a vontade do leitor de continuar do que ler "fiz minha higiene matinal" logo no início (ou em qualquer parte).
Espelho, espelho meu. Seu personagem se descreve olhando o próprio reflexo no espelho. Geralmente não gosta do que vê. Geralmente é muito magro. Talvez pálido. Provavelmente com olheiras. Ou o completo contrário; o personagem adora o que vê, sua pele e cabelos são perfeitos e ele está em forma. Pode ser que comece a refletir sobre a vida; um plot device do autor para informar ao leitor o passado e a história do personagem em questão. Obs: pode vir com o combo primeiro dia de aula e/ou sou novato na escola.
Recém-órfão. Seu personagem acabou de perder os pais em um acidente terrível e agora tem que se mudar para uma cidade do interior onde ficará com os tios/vós/whatever. E então a) encontrará o possível amor de sua vida na tal cidade, apesar de todos os problemas e angst que enfrenta, ou b) descobrirá ser uma criatura mística.
"Eu odeio cada minuto disso." Pode ser seu personagem chegando na nova casa (que, obviamente, ele odeia), pode ser seu personagem tendo que ir passar o verão na casa da avó (que, provavelmente, é um fim de mundo que ele também odeia), pode ser ele chegando na escola onde só babacas estudam (ele, lógico, é o único não-babaca) e pode vir com reflexões infindáveis sobre os problemas e a vida do personagem. Seu protagonista é, na verdade, uma bolinha de fúria nas primeiras páginas.
Jornal do tempo. Eu acho que é o menos grave de todos os inícios clichés. Geralmente é só o personagem/narrador descrevendo o tempo no momento em que a história começa. É quase inofensivo, eu acho, mas a maior parte das pessoas não pensa desse jeito.
Conhecendo a família/amigos e também os inimigos. Seu personagem descreve absolutamente tudo sobre todos os seus amigos e familiares nas primeiras páginas. Depois é a vez dos "inimigos" ou pelo menos rivais. É praticamente um desfile.

Esses são os inícios clichés que consigo pensar no momento. Há outros, é claro, mas esses são os principais. Se for mesmo usar qualquer um dos listados acima, tente, como eu disse, fazer dele algo novo. Narre de um jeito diferente, não sei, dê seu próprio toque. Lembre-se que os clichés são clichés por um motivo: o povo gosta, apesar de tudo. Só não precisa fazer exatamente igual a centenas de outras histórias, obviamente.

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