Vírgulas são o terror de todo escritor. Bem, pontuação em geral é terrível, mas a vírgula é a maior vilã para aqueles que querem escrever bem. Seu mal uso pode acabar com qualquer pretensão que uma pessoa tenha de ler sua história, simplesmente por ser algo básico, mas que, mesmo assim, deixa a maior parte de nós em apuros.
Eu não sei muito de regras gramaticais, devo dizer desde já. O que aprendi sobre vírgulas foi lendo. Aliás, tudo o que aprendi sobre escrita veio dos meus livros, e não das aulas de gramática (que eu acho um porre sem fim, adeus). Vou tentar deixar essas dicas o mais intuitivas e não-didáticas possíveis, mas bem, isso é, geralmente, impossível.
Vocativos
Conhecidos por alguns como "chamamentos", os vocativos servem para, como o apelido diz, chamar ou invocar alguém.
Exemplos:
Ei, garota!
Carolina, venha aqui agora!
Eu realmente não sei o que faremos agora,Anna.
Sinceramente, Lúcia, estou muito desapontado com você.
A regra é bastante simples: se o vocativo for a primeira palavra da frase, vírgula depois dele. Se estiver no meio dela, coloque-o entre vírgulas. Se for a última, a vírgula vem antes. Fácil, né?
Orações explicativas
São, como o nome diz, orações que explicam algo ou alguém. A regra aqui também é bem fácil: coloque-as entre vírgulas e tada, tudo certo.
Exemplos:
O prédio dos advogados, que é todo pintado de branco, fica na praça.
Meu carro, que é vermelho, está estacionado aqui perto.
Meu irmão mais velho, que é um homem muito bom, viajou para a Europa.
PS: não confundir com as orações restritivas. Veja a diferença:
Oração explicativa:
Meu carro, que é vermelho, está estacionado aqui perto.
Oração restritiva:
Meu carro que é vermelho está estacionado aqui perto.
Bem, como diferenciar? Simples: a explicativa está informando que o carro da pessoa está estacionado aqui perto e que ele é vermelho. A restritiva está dizendo que a pessoa tem um carro vermelho que está estacionado aqui perto, o que deixa em aberto a hipótese de ela ter mais de um carro e que os outros não são vermelhos. Meio confuso, mas é assim mesmo.
Apostos
Os apostos são muito parecidos com as orações explicativas, já que servem para identificar e explicar um termo anterior. A diferença é que orações explicativas começam com um pronome relativo (que, quem, quanto, quantas, quantos, qual, quais, cujo, cujos, cuja, cujas, etc).
Exemplos:
Elizabeth II, rainha da Inglaterra, é uma figura muito importante para seu povo.
Agora como essa frase ficaria se ao invés de um aposto eu escolhesse usar uma oração explicativa:
Elizabeth II, que é rainha da Inglaterra, é uma figura muito importante para seu povo.
Orações independentes
Sempre que orações de uma frase façam sentido separadas umas das outras, coloque uma vírgula entre elas.
Exemplo:
Maria chegou em casa, arrumou sua cama, foi fazer os deveres da escola, dormiu.
"Maria chegou em casa", "arrumou a cama", "foi fazer os deveres da escola" e "dormiu" são frases que possuem sentido mesmo estando separadas. Logo, usa-se vírgula antes do início delas.
Existe também outro tipo de oração independente, as que possuem uma conjunção.
Exemplos:
Ela gostaria de ir nadar, mas o tempo estava frio.
Ele odiava fazer dever de casa, porém a professora já havia ligado para sua mãe.
O garoto queria viajar, todavia não possuía dinheiro o suficiente.
Outras conjunções: entretanto, no entanto, contudo e muitas outras. Sempre coloque uma vírgula antes delas.
Coisas listáveis.
Sempre que houver algo que você pode listar, use a vírgula.
Exemplo:
Ela foi ao mercado e comprou feijão, arroz, queijo, presunto e biscoito.
Não se usa vírgula quando há o "e", embora não seja de todo proibido.
Frases invertidas.
Muita gente nem se dá conta de que usa frases invertidas o tempo inteiro. É algo que fazemos muito, como por exemplo quando você diz, "semana passada, tivemos um exame de matemática", está usando uma frase invertida. A frase "certa" seria "tivemos um exame de matemática semana passada". Por isso, sempre deve se usar uma vírgula entre a parte que foi transportada do final para o início da frase.
Exemplos:
De um modo geral, não somos tão sociáveis assim (não somos tão sociáveis assim de modo geral).
Lá no interior, o tempo está feio e chuvoso (o tempo está feio e chuvoso lá no interior).
Ano passado, eu costumava tirar boas notas em tudo (eu costumava tirar boas notas em tudo ano passado).
A vírgula em casos de frase invertida são facultativas quando é uma palavra só a ser transportada, como em "geralmente, não gostamos de ir à praia" que pode ser escrito como "geralmente não gostamos de ir à praia".
Não use a vírgula para separar sujeito e predicado. Nunquinha.
Exemplo:
Maria, chegou em casa. (Errado).
Maria chegou em casa. (Certo).
Outro detalhe é que se deve usar uma vírgula antes do "e" quando o sujeito antes do "e" for diferente do que vem depois.
Exemplo:
Maria era uma garota esperta, e João um menino preguiçoso.
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Ápice de Pandora - Dicas Para Escritores
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