Capítulo 11

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            "E se a vida te der limões..."

Os outros que não estavam sob vigília, retornaram para suas tendas a fim de descansarem para o deles. Eu como não tinha mais minha própria tenda, evito o máximo que posso em chegar perto de Connor.

Vem-me a mente o treino de algum tempo atrás. Ele me tocou. Nenhuns homens que não sejam meus irmãos ou meu pai não ousavam por as mãos em mim.

Quando algum homem queria alguma gracinha comigo, eu simplesmente dava uma bofetada com meu leque, o qual Marie, minha criada, insistia em carregar em sinal decoro. Como se eu ligasse para este tipo de coisa. Olha só onde estou agora... Agindo como homem, me vestindo como homem e o melhor: ninguém sabe disso, a não ser a minha querida Senhora Wugly. Espero que Dave esteja me velando agora e que me proteja. Se for descoberta, estarei na forca ou sob um fuzilamento. Aposto mais na última opção, já que estamos mexendo com armas.

Saio de perto da pequena fogueira aos meus pés e vou para a tenda de Connor. Pelo visto, tenho uma hora e meia para chegar ao nosso turno. Afasto o tecido da abertura e entro. Ele não estava. Suspiro aliviada.

Uma pequena lamparina estava acesa perto da cama dele. Caminho até meu colchão e retiro minhas botas. Deito-me e tento conciliar no sono.

Não sabia se estava sonhando. Não sabia quanto tempo tinha passado desde que fechei meus olhos. Algumas cenas voltavam em minha mente. Minhas mãos tremendo nervosamente quando segurava a o rifle. Connor respirando tão perto de minha orelha, um tremor que percorreu meu corpo de maneira deliciosa, seus braços em volta de mim... Seu cheiro. Não queria lembrar disso. Não posso gostar de alguém e muito menos gostar de seu toque, por mais que fosse delicioso e prazeroso. Coisas que nunca em sã consciência imaginaria experimentar.

Mas eu estava ali, nos braços dele enquanto me ajudava a estabilizar a arma. Respiro mais uma vez, sinto seu delicioso cheiro. Minha arma dispara. Eu acordo.

*

Depois de sonhar, ou melhor, reviver o que aconteceu, não consigo mais dormir. Vejo Connor descansando em sua cama, estava com as mesmas roupas, tirando as botas que estavam apoiadas no chão e sua camisa bege estava trocada por uma leve regata branca.

Vem-me a mente o fato de sentir o cheiro dele em meu sonho como se ele estivesse ao meu lado. Imagino que era nesse momento que ele entrava em sua tenda.

Sento-me em meu colchão e confiro as horas em um pequeno relógio que estava pregado em uma das madeiras que serviam de suporte para a tenda. Faltavam quinze minutos para nosso turno. Resolvo calçar minhas botas escuras. Dou dois nós em casa laço e ergo-me. Vejo Connor me observando deitado.

- Jesus, Connor. Podia fazer algum barulho ao invés de ficar me observando como se eu fosse sua caça.

Ele sorri com um dos cantos de sua linda boca. Linda boca?! Balança a cabeça de um lado para o outro para tentar esquecer esse pensamento.

- Levante-se. Faltam menos de quinze minutos para começarmos. Evite vestir roupas claras. Estaremos no meio da mata então qualquer coisa clara denunciará nossa posição. Vou acordar os outros.

Faço menção de sair e ele me chama. – Sim?

- Como aprendeu tudo isso? – me pergunta se sentando. Ele estava com um semblante intrigado.

Sorrio. – Tenho três irmãos mais velhos e um deles foi para um acampamento igual a este. – ergo os braços para enfatizar e demonstrar o que estava dizendo. – Aprendi muita coisa brincando com eles no quintal de meus pais.

Ele franze a testa e saio da tenda. Vou caminhando com passos largos até as tendas, podia ver os cinco do grupo anterior ao meu na beira da floresta desta distância. Suas roupas eram como sinais dizendo: estou aqui!

Acordo os outros três e explico a mesma coisa que falei ao Connor. Pedi que me encontrasse na barraca do Connor com suas armas e balas falsas. Não sabíamos o que iríamos enfrentar ou o que. A lua estava cheia, alguns animais sairiam para caçar com essa claridade noturna.

Vejo os três caminharem até mim.

- Qual é o plano, Cameron? – Bob diz esfregando os olhos para espantar o sono.

- Separarmos. Não sabemos de onde eles irão surgir. Bob, você cuida da parte leste. Phill, oeste. Harry sul. Eu o norte.

- E eu, senhor? – escuto Connor atrás de mim. Tinha esquecido dele. Ele não faz som algum. Era difícil saber se ele realmente estava aqui.

Engulo em seco. Teria que conversar com ele de qualquer maneira.

- Irá comigo. – ele assente. – Se virem alguma coisa avisem os outros. Grite, faça som de animal, qualquer coisa para mostrar sinal de alerta. Entendidos?

Eles concordam. – Certo. Dividam-se.

Harry e Phill me olham curiosos. Até eu me surpreendi com minha autoridade.

Connor me seguia para o lado norte da floresta. Ele caminhava sem fazer barulho, enquanto eu tentava evitar pequenos galhos e folhas, o que era a mesma coisa que não evitar.

Adentramos alguns metros e paramos. Encosto em uma das árvores e Connor faz o mesmo, só que do lado oposto ao meu. Estava torcendo para ele não se lembrar da pergunta que fez.

Mas minhas preces não foram atendidas.

- Quando irá me dar a resposta? – sua voz era tão baixa que quase não escutei. Seria mais fácil fingir que não tinha escutado, mas ele sabia que sua voz tinha chegado aos meus ouvidos.

Suspiro. – Porque Connor? Poderia me pedir qualquer coisa para fazer, porque justamente isso? – tento falar o mais baixo possível, mas uma pitada de raiva escapa em minhas palavras.

- Era a única coisa que poderia pedir. O que me sugere no lugar?

Dou de ombros, fazendo meu rifle balançar. – Eu não sei. – digo derrotada.

Um silencio reina. Alguns sons me chegavam aos ouvidos. Cigarras, o vento balançando as copas das árvores. A respiração dele.

- Sabe. Você não estava gostando do baile. Sua cara e seus gestos te denunciaram. Se algum homem chegava perto demais, seus olhos se arregalavam e via seu leque balançar na cara do sujeito. Seu cabelo nem ao menos saía do lugar. – ele ri um pouco. Estava surpresa. Nem ao menos piscava. – Até que você me viu te observando. Você empinou seu nariz e me olhou com total desprezo. – ele ri e um pequeno sorriso surge em meus lábios. – Você me desprezou... E olha que isso raramente acontece. E isso foi o que mais me surpreendeu porque você não quis dançar comigo. Lembro-me de perguntar para ti só com os lábios e você meneou tanto a cabeça em negativa que fiquei com medo de perder o equilíbrio...

- Você nem ao menos chegou perto de mim. – comento alegre. – Todos querem domar o corcel, mas ninguém perguntou para o corcel se ele quer ser domado... Não querem saber. Ninguém quer. – ajeito meu rifle em meus braços enquanto a alegria me dissipava. – Só me quer porque sou um desafio. Que não foi mais uma que não aceitou com alguma proposta escandalosa sua. Como posso aceitar logo de cara em ser usada e ser desprezada? Me dê um tempo pelo menos, Connor.

Ele nem ao menos se irrita. Na verdade não tem nenhuma reação. Só me olha nos meus olhos. E isso não me agrada.

- Diga alguma coisa, Connor, pelo amor de Deus! – digo com raiva.

Ele não diz nada. Se aproxima de mim e fica a milímetros de minha boca. Prendo minha respiração. Quando acho que ele irá encostar em mim, escuto um alvoroço na parte sul.

k?-\Z

Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora