Capítulo 7

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"...algumas vezes não fazer sentido é a única coisa que faz sentido."

(Aposta Escandalosa)

RESPIRE! RESPIRE! MEU BOM DEUS. O que eu fiz?

Quando cheguei para esse grande espaço livre sem construções que, não se sabe a localização exata deste, meu coração deu um pulo. Fizeram nos vestir com calças e roupas largas.

Logo após fomos encaminhados a uma lista, onde foram separados em cinco grupos de 20 pessoas. Não sabia que sairia justamente no grupo do culpado da morte de Dave. Connor Reginald Philamp...

Não sabia o primeiro nome deste, mas fui fazendo perguntas aqui e ali e acabei descobrindo. Quando meu grupo se alinha em sua frente, minha respiração para.

Era o homem mais lindo que já vira. Alto, cabelos castanhos, olhos claros... Musculoso. E vagamente familiar. Esse sorriso zombeteiro... Meu corpo arrepia-se. Forço minha mente a esquecê-lo.

Sigo os outros até as tendas. As barracas estavam com os nomes em ordem alfabética. Sigo até achar o B. Todos tinham as mesmas coisas pelo que parece. Adentro o meu espaço e recolho meu colchão, que mais parecia uma coberta um pouco mais grossa. Havia um saco e guardo meu colchão dentro. O travesseiro, mais fino que meu braço, é colocado debaixo do meu braço esquerdo. O saco seguro com o direito.

Respiro fundo e caminho em direção ao meu oficial. Meu coração estava acelerado. Não me senti tão nervosa quando cheguei aqui. Ele viu dentro de meus olhos. Ele viu o que eu escondia com tanto afinco.

Caminho por um caminho com grama ao redor. Minha bota marrom impedia o roçar da grama em meus pés. As roupas eram confortáveis, adorei poder finalmente usar calças.

Mal noto que tinha chegado à tenda do tal comandante quando trombo com algo duro.

- Ei! – minhas próximas palavras ficam presas em minha garganta quando o vejo ali. Na minha frente.

- Está com todas as suas coisas aí? – sua voz era grossa e ao mesmo tempo boa de ouvir. DE ONDE TIREI ISSO?

- Sim, senhor... – minha voz estava disfarçada, mas saiu levemente tremula.

Ele me observa por alguns segundos. – Ótimo...

Ele adentra sua tenda e o sigo. Era, com toda a certeza do mundo, a maior tenda do local. A lona que cobria era do mesmo material que a de todos, mas era mais alta, com um alto tronco no centro. Sua cama estava no canto direito. Tinha um suporte para colocar seu fofo colchão. Sua coberta era de lã pura pelo que parecia. Havia algumas improvisadas estantes com diversos materiais em cima destas. Mapas, um rifle, balas... Roupas e tecidos espalhados. Quite de material de emergência.

- Coloque seu colchão em frente a minha cama.

Aceno com a cabeça desfaço o que tinha feito alguns minutos antes. Escuto um farfalhar de tecido. Espio por meu ombro e o encontro se sentando em sua cama. Perto. Perto demais.

Quando completo o estender do me colchão, espero pacientemente ele e dar as próximas ordens. Enquanto isso, reflito sobre o que aconteceu mais cedo. Quais eram as chances dele me reconhecer? Eu mal o conheço, foi somente um encontro de olhares. Mas bastou para marcar em sua mente como marcou na minha?

- Me conte sobre sua vida, Bepherei.

Engulo em seco. – Eu... Minha vida era bem simples, senhor...

Ele concorda com a cabeça. – Continue.

Resolvo contar uma pequena parte da verdade. – Meu irmão morreu na guerra. Já não conseguia viver em minha casa depois que ele se foi. – suspiro. – Decidi ir atrás de seu paradeiro...

Sinto uma ardência em minha palma e noto estar apertando o pingente que Dave me deu. Uma dor, não causada pela ferida, me atinge. A saudade era terrível de se agüentar.

- Sinto muito...

Assinto com a cabeça. – Foi o que me disseram.

As lágrimas e o enorme bolo engasgado em minha garganta dificultavam minha mudança de voz. Limpo rapidamente minhas lágrimas que desciam por meu rosto. Encaro-o.

- Então se juntou a nós para vingança? – seu cenho franzido e seu tom de voz me fizeram recuar um passo.

- O senhor não sabe o que eu passei ou o que eu agüentei depois que ele se foi...

- Sei sim, Bepherei! – ele se ergue imponente. – Sei sim, porque, por causa de uma enorme besteira, perdi grandes amigos! Perdi grandes homens e... – seu olhar se volta para meu pescoço. Seus olhos se voltam incrédulos para mim. – Onde arrumou isso?

Recuo mais um passo e ele me acompanha. – Meu irmão me deu...

- Quem era seu irmão? – ele estava prestes a estourar.

- Denis...

- Mentira! – ele grita em meu rosto. – Era meu esse colar que está agora em seu pescoço.

Congelo assustada. – Não... – nego várias vezes com a cabeça.

- E sabe o que mais? Dave era um ótimo amigo e um ótimo homem.

Ofego. – E outra coisa...

Os segundos passam e eu fico cada vez mais nervosa com o que vem por aí. Quando seus olhos encontram os meus, um arrepio sobe por meu corpo e a raiva estampada neles me aterroriza.

- Eu não sei o que vão fazer com você Camile quando descobrirem que você não é um homem... 



Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora