Capítulo 18

936 149 0
                                    


A dor parecia que ficava cada vez mais forte. Minhas costas pareciam que estavam em brasa. Sentia minha carne encolher. Não conseguia manter meus olhos abertos por mais que alguns segundos antes que a dor me levasse para sua sessão de tortura.

Todas as vezes que eu acordava, via Connor ao meu lado. As vezes o cenário mudava. As vezes acordei na tenda dele, outra já estava em um lugar limpo e claro.

Só queria que a dor fosse embora.

- Dói Connor...

Sentia ele segurar uma de minhas mãos. – Shh, vai ficar tudo bem. A dor irá embora. Você é forte, vai agüentar.

Suspiro.

- Promete?

- O que minha querida?

Ele fazia movimentos suaves com seu dedo nas costas de minha mão. Fazia-me esquecer da dor por alguns segundos.

- Não me deixe Connor...

A dor estava arrastando-me novamente.

- Não vou. Não abandono pessoas que amo.

*

Ela não estava nada boa. Parecia que os cremes que o médico da cidade mais próxima não estava ajudando em nada.

- Senhor... – Bob entra na pequena sala onde vários leitos estavam ocupando a área. E um desses leitos estava Camile. Minha Camile.

- Sim Bob?

Não saía do seu lado fazia dias. Não podia vingar de Greggor. Ele com seu belo discurso diplomático acabou convencendo-me de que era certo eu ir ao acampamento. Mas o que ele não me explica que era para matar muitas pessoas, inclusive eu.

- O senhor acha que ela sairá viva?

Engulo em seco. – Ela é forte, ela vai conseguir sim.

Ele suspira tristemente. – Ela está aqui há três semanas...

Meu olhar recai em Camile. Três semanas? Eu não saía do lado dela há três semanas?

- Deus... – apoio meus cotovelos em meus joelhos. – Não quero perde-la.

Sinto Bob bater em meu ombro. – O senhor não vai. Camile é mais forte do que muitos homens. Vou rezar por ela mais vezes.

- Obrigada Bob. Acho que o que nos resta é rezar mesmo. Pedir clemência a Deus pelas atrocidades do homem.

Resolvo pegar ar fresco fora do quarto. Saio da sala e fico no corredor.

- Deus...

- Connor Reginald Philamp?

Viro-me e encontro um senhor baixinho com um grande bigode preto em sua cara. Suas roupas indicavam que era um mensageiro.

- Sou eu.

Ele remexe em seu pequeno monte de cartas em sua mão. – Aqui.

Pego uma carta de sua mão. – Obrigado.

Ele bate na aba de sua boina e sai. Abro o lacre e leio.

"17 de Setembro de 1856

Connor, soubemos o que aconteceu. Minha equipe chegou ao acampamento, mas fomos recepcionados por uma chacina. Não sei o motivo dos russos atacarem, e não sei como descobriram a localização do seu acampamento. Espero que esteja tudo certo, principalmente com uma certa pessoa. Não sei quando chegará esta carta, espero que o mais rápido possível.

Se cuide amigo.

Edward."

Dobro a carta. Ela chegou há mim um mês depois de ser escrita. Suspiro pesadamente.

Vejo ao longo do corredor um caminhar que reconheço. Só Ed andaria desse jeito. Confiante, por mais que haja caos ao seu redor. Nada abala ele.

Caminho em direção a ele. Batemos um nas costas dos outros e rimos, por mais que a situação pedisse para fazer o contrário.

- Como está velho amigo? Vejo que não está morto.

Edward ri. – Digo o mesmo.

Respiro fundo. – Quero que conheça uma pessoa.

Ele sorri tristemente. – Espero que seu velho amigo esteja bem.

- Hm... – tento pigarrear para tirar o clima tenso que ficou com meu silêncio. – É melhor você ver com seus próprios olhos.

- Connor... – sua testa franze. – O que há de errado?

- Vamos. – caminho de volta para o quarto compartilhado.

Abro a porta e vemos duas enfermeiras checando as camas. Caminho até ela. Paro e encaro Edward. Vejo seu rosto transformar de descrença à raiva.

- SEU DESGRAÇADO, FILHO DA MÃE! – sinto meu colarinho apertar minha garganta quando Edward segura firmemente.

- Edward! – ouço alguns gritos femininos, mas não ligo. Minha garganta estava em uma posição mais privilegiada da minha atenção. – Solte-me, deixe explicar!

- VOCÊ FICOU LOUCO? – ele baixa seu tom de voz. – Uma mulher Connor? Ela não vai sair em pune disso! SE sair dessa maldita cama!

Fico com raiva algum tempo enquanto tentava digerir isso. – Não vou deixar ela morrer.

- COMO?

- Darei um jeito. Ela é minha, não vou deixar que nada de ruim aconteça com ela. Prometi isso a ela e vou cumprir. 

Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora