Capítulo 20

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"Algumas vezes acontece e a gente não pode explicar onde nem como nem por que, nem sequer quando aconteceu. Simplesmente acontece."

(A paixão secreta de Simon Blackwell)

- Não sei o motivo. - digo irônico.

Nunca tinha visto o quão suja sua alma era. Agora que sei de tudo, a aura podre dele estava impregnando a sala.

- Diga-me o motivo de toda aquela chacina.

Ele ri. - Ora se o destemido Connor não sabe uma coisa.

- Pare de brincadeiras e conte-me!

- Connor, já é um homem morto. Desconheço o motivo de estar vivo ainda. Dei ordens explícitas sobre isso.

- Estava ocupado matando todos os seus amigos...

Ele sorri. - Claro que estava. Diga-me, o que sentiu quando percebeu que tudo o que tinha ensinado não foi de serventia nenhuma?

Uma fúria crescente me atinge. - Você fala como se eles tivessem saído correndo na primeira oportunidade, mas eles lutaram como homens até não restarem mais forças.

- Eram uns maricas.

- Ainda não escutei o motivo de matarem todos.

Ele fica em pé com suas mãos atrás de suas costas. Fico alerto.

- A primeira vez foi com um acampamento vizinho ao seu. Um dos garotos escutou o que não devia, mas o inútil não só escutou como mandou uma carta sobre isso a alguém. Infelizmente não descobri nada.

- O que ele escutou?

Ele ri. - Oras! Minhas negociações com os russos. Veja, isso tudo aqui não passa de uma fachada. Nunca fui contra eles, porque acha que tivemos tantas mortes?

- Como consegue dormir a noite? - meu peito se aperta. Quantas mortes foram desnecessárias com esse acordo? Não passavam de armadilhas.

- Connor Connor... Pensei que já tivesse percebido que não tenho coração.

Vejo sua rápida movimentação e sua pistola aparece em suas mãos. Fui lento, mas sua mira era péssima. Quando ele vê que estava com minha pistola, ele vira sua mesa e começa a disparar.

Corro até o pilar de sustentação e a fim de me proteger. Disparo contra ele. Isso seria inútil.

Procuro saídas

- Desista Connor! Há mais homens comigo do que você pensa!

Distraia-o.

- Sempre acreditei que você tinha preferências por homens!

Escuto seu grito raivoso. Para poder ver onde estava atirando, ele tinha que observar na lateral da mesa. Miro em sua arma e atiro. Certeiro. A arma cai e me aproximo.

- O que você não sabe é sobre uma carta que recebi. Foi entregue quando estava vindo para cá.

Ele estava segurando sua mão. Pelo visto meu tiro não acertou somente a pistola.

- A guerra da Criméia acabou.

Seu rosto perde a cor. - Impossível.

- Veja, eu não acho isso totalmente impossível. Sempre estivemos na frente. O czar aceitou o nosso acordo, mas vejo que você não estava por dentro de tudo não é mesmo. O documento foi assinado hoje na manhã do dia 30 de setembro de 1856. Não podem mais entrar no Mar Negro.

Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora