Capítulo 14

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"Certos passos a gente precisa dar sozinho."

(Jogos Vorazes)

A palavra Banho me atinge. Como vou tomar banho com todos ali? Como iria ficar sem roupa na frente deles?

Connor percebe minha reação. – BEPHEREI! Venha comigo. Preciso de ajuda para distribuir toalhas e sabonetes para eles!

Alguns ri, mas eles não sabem o quanto estava aliviada. Ele aponta um caixote de madeira e logo abro com um pé de cabra. Os sabonetes de com marrom me dão as boas vindas com seu cheiro estranho. Lembrava-me a pomada que Helena me deu.

Helena... Onde ela estaria agora? Atendendo alguma mulher louca igual a mim? Sorrio e apanho a caixa. Logo começo a distribuir os sabonetes. Connor jogava as toalhas.

- BEPHEREI! Jogue-os, não precisa ser delicado, eles sabem pegar as coisas no ar.

Reviro os olhos. Miro e jogo os sabonetes para cada um. Alguns conseguem pegar, outros sentem dificuldades. Para Harry, não arremesso, mas entrego em suas mãos.

- Aqui.

Ele agradece e começam a retirar as roupas. Nunca tinha visto tantas nádegas brancas em minha vida. Meu rosto fica escarlate.

- BEPHEREI! – grita Connor. – Preciso que carregue algumas coisas para mim. Depois retornaremos para o banho.

Corro em sua direção e ele entra na sua tenda.

- Obrigado. – sussurro.

Ele senta em sua cama. – Ele era do outro lado, Cami.

Arregalo os olhos. – Louis? – ele assente.

- Ele não está aqui sozinho. Acabou me dizendo que quem estava ajudando-o era um dos nossos, mas poderosos. A lista não é muito grande, mas mesmo assim não sabemos quem é.

- Deus... Aqui não é um local secreto?

- Sim. Por isso não escrevemos com o nosso endereço, somente o destino. É difícil quando se é traído por um dos seus. – ele ri. – Nem um dos meus ele era!

- O que vai fazer?

- Não sei. Investigar.

Assinto. – Como acha que estão seus familiares?

Sorrio. – Sinceramente? Não faço ideia. Não sei se eles estão me procurando ou se estão felizes em não me verem por perto. Não era importante mesmo...

- Mas deve ter alguém que sinta falta.

Sorrio. – A senhora Wugly, minha cozinheira. Ela é como uma mãe para mim. Aceitava minhas teimosias, mas não me criando de maneira aberta, não não. Ela sabe me por no lugar, mas ao mesmo tempo me amar bastante.

Ele sorri. – E seus pais?

Seu sorriso some. – Eles morreram.

- Sinto muito.

Ele sorri. – Sabe, as únicas pessoas que gosto muito são meus amigos, Edward e Ethan. Éramos uns patifes e completos libertinos. Mas um dia, Edward se casou, e não podia mais sair com a gente, já que sua esposa era uma imbecil.

- Era?

- Sim... Ela o traia descaradamente e um dia ela foi embora, deixando para trás uma filha. Edward não garante que seja dele, mas veja bem, a menina é a cara dele, só que com cabelos mais longos e é claro, sendo uma menina.

Assinto. – E o que aconteceu com ele?

- Veio para guerra, mas não para treinar. Ele logo retornará para casa casar novamente é o que ele disse. Claro, ele tem seus 33 anos, mas já se considera velho.

- Ele não imagina a quantidade de homens com seus 60 e poucos anos se acham deliciosos... – comento. Connor ri.

- Sua vó está procurando uma mulher ideal para ele, e me parece que ela diz que encontrou.

- Ele não sabe como ela é?

Ele nega. – E isso me leva ao Ethan. Ele se casou também, mas não porque quis. Seus pais morreram também.

- Oh Deus...

- No mesmo acidente que levou os meus. Mas o que ele não sabe é que eu já sei disso.

- Ele se culpa?

Ele acena. – Muito. Ele acha que era culpa dele, mas eu não o culpo. Acredito que se era para acontecer, tinha que acontecer. Não podemos mudar isso, não é?

- Acho que sim.

Ele se levanta. – Amanhã escreverei para eles, se quiser escrever para a Senhora Wugly...

Surpreendo-me. – OH! Sim, sim! Por favor. Não colocarei onde estamos, já que nem eu sei. Só quero que ela saiba que estou bem.

- Certo. Vamos, eles já devem estar com roupa.

Coro e o acompanho.

*

- Enquanto o grupo 1 se organiza para preparar o café, os restantes treinarão tiro. Dispensados!

Eles andam em direção aos alvos. – Vamos tomar banho. Seja rápida.

Aceno e corro para um dos improvisados chuveiros. Tinham divisões e tudo o mais, mas mesmo assim em sentia exposta. Dou graças que todos estavam ocupados, a equipe de Connor ajudava o grupo 1 como podiam, e nós... Bem. Íamos tomar banho juntos. Não juntos, mas lado a lado.

A parte do banho era mais afastada do centro, o que era muito bom. Connor fica de costas para mim e começa a retirar suas roupas. Sua pele levemente bronzeada me atrai. Os músculos se contraíam quando ele erguia os braços, viro-me. Deus... Pare de pensar nele.

Começo lentamente a retirar minha camisa. Logo começo a desenrolar a tira que cobria meus seios. Tomando cuidado para não molhar ou sujar com o barro aos meus pés.

Amontôo todas as minhas peças na divisória contrária ao de Connor. A divisória batia na altura de meus seios, o que era bom. Não precisaria ficar nas pontas dos pés para alcançar minhas roupas.

Depois que retiro todas as minhas roupas, giro lentamente para encontrar o olhar de Connor fixo em mim.

Minha respiração sai de uma vez de meus pulmões.

- Não consigo ver seu corpo inteiro, mas o que posso ver garanto-te que é lindo.

Um rubor sobe para meu rosto. Ele sorri e em seguida abre a torneira, jorrando uma fina cascata de água. Faço o mesmo e começo a pensar na evolução disso aqui. Eles conseguiram bombear água para um sistema de encanamentos. Sem isso aqui, teríamos que tomar banho no pequeno lago que não é tão perto.

Lavo meus cabelos com o sabonete fedorento. Já que ele não estava mais longo, era até mais fácil.

- Promete que quando sair daqui, vai deixá-lo crescer novamente?

Levo um susto ao perceber que ele estava apoiado na divisória. Ele podia me ver. Ele podia me ver!


Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora