Capítulo 5

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"Siga em frente. Não fique remoendo o passado. Não fique no mesmo lugar por muito tempo. É a única forma de vencer a tristeza."

(O herói perdido)

O plano estava correndo as mil maravilhas. Estava tudo pronto. As roupas que Meredity separou estavam escondidas em uma bolsa debaixo de minha cama, alguns mantimentos também.

Uma empregada fazia meu cabelo. Aceitava os puxões que ela fazia. Era minha última vez mesmo aqui nesta casa. Não saberia se voltaria, mas de uma coisa era certa, vingaria Dave.

Quando todos estavam prontos, encaminhamo-nos para a igreja. A carruagem sacolejava pela rua. Minha mãe não parava de tagarelar o quanto queria que tudo saísse perfeito, e meu pai tentava acalmá-la dizendo que estava tudo nos conformes.

- Tereza deve estar fantástica! Oh! Meu filho tem tanta sorte...

Tento segurar um suspiro pesado. Não faz dois anos que Dave morreu. Será que ela esqueceu que ele realmente existiu? Não ligo por ela me esnobar, eu realmente fico até mais contente quando eu não sou notada por meus pais, mas Dave ser ignorado? Jamais.

Mal prestei atenção à cerimônia. Como sempre, Tereza estava linda e a partir daquele dia, ela viveria na mesma casa que meus pais. Não que eles estejam tristes com isso. Conviverão com uma verdadeira dama, certamente, coisa que nunca tolerei ser.

A nave da igreja estava decorada com as flores da preferência dela, o cheiro destas me intoxicavam, mas ignorei para agradar meu irmão e somente ele.

Meu vestido azul claro estava me sufocando, essas rendas roçando meus pés coçavam e minha cabeça doía pelo alto coque em minha cabeça.

Quando finalmente terminou a cerimônia, me segurei para não levantar meus braços aos céus e agradecer.

A festa estava impecável em nossa mansão. Alguns casais dançavam no salão e eu estava tentada a sair correndo a qualquer instante. A hora combinada para partir era a meia noite. Faltavam duas horas. Meu coração acelerava cada vez mais quando as horas passavam.

Algumas pessoas cumprimentavam e parabenizavam-me. Como se eu quem estivesse casada agora. Não fazia sentido algum isso. O salão de minha casa nunca esteve tão iluminado. Os candelabros estavam com todas as velas acesas e se uma apagava, um empregado corria para acender.

Beliscava alguns comes e bebes da mesa, mas estava agitada demais para digerir alguma coisa.

- Oi...

Filipe aparece ao meu lado. Sorrio

- Parabéns, Filipe... – puxo para um abraço apertado. Não ligo para as etiquetas. Ele era meu irmão afinal de contas.

- Obrigado Cami. Queria que Dave estivesse aqui...

Sorrio tristemente. – Eu também... – Teodor não pode celebrar a missa, mas veio mesmo assim. Conversava com o padre que celebrou. Fez um amigo afinal de contas.

- Você... Está bem, Cami? – preocupado me apóia por um cotovelo.

- ESTOU! – sai mais alto que planejava. Algumas pessoas ao nosso redor nos observavam com interesse. – Quer dizer... Sim, Filipe.

Tereza aparece com um sorriso radiante. – Camile! Agora somos oficialmente irmãs...

Ela me abraça e seguro um riso. – Sim, Tereza. Como está?

- Feliz! – diz ao se apoiar em Filipe. Eles fazem um belo casal. Tinha que me despedir.

- Quero que sejam felizes... Entenderam?

- Sim Cami, seremos.

Sorrio. Olho para o relógio, 23:30.

- Vou dar uma volta pelo salão.

Filipe me observa intrigado. – Se cuide...

***

Respire fundo! Meu bom Deus. Era hora de partir. Apanho minhas coisas, não antes de me vestir com as roupas de Dave. Desfaço meu coque armado e o prendo mais discreto.

Saio em direção ao corredor, onde, no final, teria as escadas dos empregados. Corro quando não tinha nenhuma pessoa a vista e desço correndo as escadas. No final dela estava Meredity.

- Tchau, Mer... Amo muito você!

- Eu também minha pequena... – beijo sua gorda bochecha e saio em disparada para os fundos, onde estava uma égua preparada para mim. Subo nela e disparo para minha nova jornada.

Não saberia o que esperar quando me embarcar. Minha inscrição estava pronta. Chamo-me a partir de agora Cameron Bepherei. Sei que soa estranho, mas...

Uma possível morte? Pode ser. Se já pensei na possibilidade de não sair viva? Com certeza. Só espero conseguir pelo menos ver, frente a frente o rosto do culpado da morte de meu irmão. Toco a corrente que ele me deste. Era meu amuleto.

Rezava para que tudo desse certo, pelo menos isso. Somente isso.

- Estou indo vingar-te, Dave. – disse ao vento. – Vou conseguir... Prometo.

Não ouve respostas, mas senti uma brisa fria entrar sobre minhas roupas. Era um sinal. Ele estava comigo, tinha certeza.

***

- Nome? – a hospedaria era perto da praça onde todos os que se voluntariaram se encontrariam. De lá, partiríamos em direção ao acampamento, ao que parece é um lugar afastado da cidade.

- Cameron Bepherei... – mudo minha voz. Minha voz nunca foi fina, então para engrossá-la foi fácil. Tive que treinar com Meredity. E ela quase não me reconheceu.

- Está sozinho, Senhor Bepherei?

- Sim, senhor.

Pago adiantado, já que sairei muito cedo. Minha égua eu a vendi para a própria estalagem. Peço para me acordarem uma hora antes do sol nascer. Não como nada.

Trancada em meu pequeno quarto, deixo minhas coisas em cima da mesa e pego os itens necessários para o que pretendo.

Encaro o espelho com a grande tesoura de costura de minha cesta. Vejo as mechas e mais mechas atingirem o chão. O barulho da tesoura era tranqüilizante. Não deixo meu cabelo muito rente a cabeça, deixo um rabo de pato na nuca, um último capricho feminino.

Depois da transformação, me assusto ao encarar o espelho. Meus olhos castanhos estavam arregalados, minha respiração ofegante, meu cabelo curto. Observo os cachos castanhos no chão. Não me arrependo.

Limpo tudo e jogo dentro de uma das fronhas dos travesseiros. Amanhã estaria no lixo lá fora. Passo uma faixa de tecido apertado sobre os seios...

Observo-me no espelho uma última vez. Não era Camile Bithencur que eu via, mas sim Cameron Bepherei.

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Olá pessoas! Só passei para dar um Oi!, mas ok. Outra coisa. Estava eu dando ração para meus quatro gatos (sim, tenho quatro. Vulgo velha dos gatos) e tive uma ideia para uma história. Você deve estar pesando: "nossa, como assim?"

É... Tive uma ideia de uma outra história contendo amnésia e amor, hehehehe. Estou pensando em uma história curta, e quando tiver uns 3 capítulos prontos eu começo a postar. 

Um super beijo! 

Izzy 


Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora