Capítulo 8

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"Garotas são responsáveis por seus próprios finais felizes. E nem sempre incluem um homem."

(Sem Contradições)

- Como? - minha voz sai fraca.

Ele suspira cansado. - Você sabe, assim como eu, que descobri quem você era assim que nos vimos...

Não consigo segurar minhas lágrimas. - Vai... Entregar-me?

- Você sabe o que vai acontecer quando fizer isso? - nego com a cabeça.

- Não, senhor.

Ele encara firmemente em meus olhos e depois de hesitar alguns segundos ele diz - A morte.

Meus olhos se arregalam. Tinha uma teoria para isso, mas escutar da boca dele isso chega a me assustar...

- Eu só quero saber quem foi o responsável pela morte de meu irmão... - engasga. - Eu recebi um bilhete do comandante dele e...

O nome dele me vem a mente. A assinatura. Connor se apresentando.

Meu coração sobe á minha garganta. - Oh meu deus... - vou recuando até atingir as cadeiras de sua mesa e cair. Arrasto-me para trás. Não queria ficar perto dele. Queria parar de respirar o mesmo ar que o dele.

- Foi você... Você me escreveu... Você foi o culpado...

Ele me encara chocado. - Como? Camile, como assim sou o culpado?

- VOCÊ O MANDOU PRA AQUELE LUGAR!! VOCÊ É O CULPADO PELA MORTE DELE!

Ele chega até mim com rápidas passadas e agarra meus pulsos. - O que você está falando, mulher?

Tento me desvencilhar dele. - Você é o culpado dele ter morrido, Connor! Você era o...

- Nunca fui responsável por ele, Camile!

Paro e o encaro boquiaberta. - Não?

- Nunca. Não ficava no mesmo acampamento que ele. Era um ajudante de um superior antes de me ferir. Conheci seu irmão por acaso em um treinamento e depois disso tornamos amigos. Trocamos cartas quando podíamos e aí que ele me contou que tinha uma irmã, mas não sabia que era você. Na verdade não assimilei os sobrenomes já que ele mal falava do restante de sua família.

Engulo em seco. O motivo de eu estar nesse fim de mundo era descobrir quem foi o responsável da morte de Dave. E quando acho que descobri quem era o suposto culpado, estava enganada. Desabo novamente no chão encarando o nada.

- E agora? - um gelo sobe sobre meu corpo. Medo?

- Vou lhe ajudar...

Não conseguia acreditar. Ele estava oferecendo ajuda? Impossível. Vim aqui para matá-lo e ele me diz que me ajudará a encontrar o culpado?

- Por quê? - cruzo meus braços sobre o peito. Não que ligasse para a etiqueta. Aqui não era Londres, eu era, tecnicamente, um homem.

- Porque quero ajudá-la, só isso. - diz me estendendo uma mão. Aceito e ele me ergue do chão duro de terra batida.

- Tem que ter um motivo, Connor. Vim aqui para, supostamente, te encontrar e tirar minha dor. Vinga Dave. E você diz que quer me ajudar? - nego com a cabeça. - Não acredito.

Ele sorri. - Não quero que descubram que você não é um homem, Camile. Eu a descobri com somente uma olhada porque você me deu esse mesmo olhar naquela noite do baile. Você me desafiou aquela noite mesmo você não tendo a intenção. Mas saiba de algo... - ele segura fortemente meu braço, puxo para mim, mas ele me impede. Encaro assustada seus olhos. - Não vou te tratar melhor por ser uma mulher já que, supostamente é um homem também...

Ele larga meu braço de maneira abrupta. - Não pedi para me tratar com delicadeza. Vim aqui sabendo o que tinha que agüentar.

Ele ri. - Sabe mesmo? Porque acho que você não sabe nem um terço do que enfrentará aqui. Terá que fazer certas coisas que nem imaginava que um homem faria.

Meu rosto murcha, mas não me deixo abalar. - Certo. O que vamos ajudará a encontrar o culpado da morte de meu irmão, mas uma coisa que eu aprendi é que nada vem de graça. Anda, diga-me seu preço!

***

Ela estava ofegante com seu discurso. Ela estava nervosa. Dava pra ver pelo tremor de suas mãos que ela tenta esconder sobre as dobras de sua calça. Admito. Ela é muito corajosa.

Acho que foi isso o que mais me encantou. Apaixonei-me pela sua discordância com tudo, pelo desafio de não aceitar o que lhe é imposto.

Vejo seus olhos vacilarem enquanto eu hesito. Era pedir demais, mas se descobrirem ela aqui, ela jamais voltará viva. Era minha única chance.

- Tem uma coisa.

Ela engole em seco. - O que é?

- Durma comigo. Uma noite. É só o que lhe peço.

Seus olhos se arregalam, não tenho uma resposta a tempo, pois escuto meu nome ser chamado. Quando caminho tranquilamente para a saída, paro ao seu lado e sussurro.

- Me dê a resposta hoje a noite. Sem falta.

Ela ofega e caminho sem remorso para o campo aberto.

<S


Vingança não vem com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora