De volta ao bar dos loucos!

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Samira estava decidida a pedir ajuda ao Papa Meia Noite, depois do ocorrido na casa dela estava decidida a revidar, não queria ser a progenitora de nada.
__ Eu já disse que vamos agora Dinael. _ela discutia comigo a respeito de ir naquele bar de loucos.
__ Não vamos a lugar nenhum, ainda não está recuperada, eles lançaram um feitiço te deixando mal, precisa ficar de repouso. _tentava ser calmo, estávamos em um hospital e Samira estava se recuperando, pois para os médicos ela teve uma anemia profunda e precisava tomar sangue.
__ Vamos lá e ponto final, é mais seguro.
__ Seguro? Esqueceu que foi lá que fomos perseguidos pelos caídos? Não vou me arriscar de novo. _aquele assunto me tirava do sério e muitas vezes eu saía do quarto bastante irritado.
__ Não quero saber, vamos e acabou a história! Como pode ser tão cabeça dura? O Meia Noite pode nos ajudar, eu sei que pode. _ela parecia muito esperançosa, mas eu não queria pisar naquele lugar cheio de loucos prontos para me matar e não correria esse risco.
__ Por favor Samira não insista! Naquele lugar eu não volto, nem amarrado.

Saí do quarto bufando, não queria brigar com ela o tempo todo, mas aquela história já estava me enchendo e não estava acreditando que ela queria me levar justamente para lugar que me queriam morto, mas sabia que Meia Noite nunca permitiria que machucassem ela e como sempre fiz sua vontade dei meia volta e voltei ao quarto.

Isso vai me dar uma dor de cabeça daquelas.

__ Tudo bem Samira! Você venceu! Vamos para o Papa Meia Noite. _ela arregalou os olhos espantada e depois começou a pular dando uns gritinhos de alegria e pulou no meu pescoço o beijando.
__ Obrigado! Obrigado, obrigado, obrigado. _ela me beijou mais ainda me deixando cada vez mais envergonhado e incomodado e ela percebeu. __ O que foi Dinael? Só são beijos de amigos. _tirei suas mãos do meu pescoço com frieza.
__ Não me toque mais. Reações de afeto são exclusividade dos humanos, coisa que não sou. _dessa vez saí do quarto.

Caminhei despreocupado pelos corredores do hospital sem me dar conta que estava sendo perseguido por alguém que não conseguia ver sua áurea, que mais parecia  um morto, talvez fosse um paciente curioso.

Quando me virei vi a criatura mais estranha da minha existência, ela estava vestida com a bata do hospital e era uma menininha de longos cabelos loiros encaracolados, seus olhos eram de um azul profundo mas não haviam brilho e ao redor tinha olheiras que a deixava com a aparência de um cadáver, sua pele também dava essa aparência pois estava meio azulada.

Olhei de um lado para o outro para saber se só era eu que estava vendo isso, mas no corredor não havia ninguém, ela me olhava de uma forma interrogativa e eu não conseguia decifrar aqueles olhos.
__ Você é o namorado daquela moça de cabelos marrons? _e finalmente ela quebrou o silêncio, mas a pergunta dela me deixou mais surpreso do que assustado.
__ O quê? _acabei despertando do transe. __ Não, não, ela é só minha amiga! Não devia está no seu quarto garotinha?
__ Devia, mas lá é muito chato e cansativo, então vim dar uma volta e conhecer você.

O quê? Me conhecer? Ela sabia que eu estava aqui?

Botei a mão no bolso a procura da minha espada, se essa garotinha fosse algum demônio disfarçado para me enganar eu devia ficar alerta para não ser pego de surpresa.
__ Você não vai me ameaçar com sua espada vai? _ela sabia da espada e isso me deixou mais em alerta ainda.

Como ela pôde?

__ Meu anjinho da guarda me contou que estava aqui e eu queria ver se era tão bonito quanto ele, mas agora te vendo, nossa! Você é lindo! Minha mamãe se te visse iria se apaixonar e esquecer meu maldito pai. _ela desandou a falar e eu fiquei perplexo de como essa menina estranha conseguia camuflar sua alma e assim como Samira deduzir que ela também via o sobrenatural.
__ O que mais seu anjo disse sobre mim? _eu resolvi tirar informações dela.
__ Não muita coisa, mas pediu que tomasse cuidado para onde vai, pois está indo direto para uma armadilha. _ela me olhava séria.
__ E por quê ele não veio me dizer pessoalmente?
__ Porque eu posso passar despercebida, estou morrendo e os caras do mal não podem me ferir.

Morrendo? Por isso que não podia ler sua alma, ela está no fim da vida.

__ Obrigada pela informação. _estendi  a mão. __ Venha! Vou te levar para o seu quarto.

Ela pegou na minha mão e formos andando pelos corredores do hospital, mas parecia que nenhuma daquelas alas pertencia a ela, entramos no elevador e chegamos ao último andar que dizia " Ala psiquiatra", me surpreendi com a novidade.

Como uma menina dócil estava fazendo na ala dos loucos?

Olhei ao redor e como se lesse meus pensamentos ela me respondeu quase que de imediato.
__ Todo mundo pensa que sou louca por ver anjos, mas sei que não sou. _então vi a tristeza em seus olhos. __ Meu pai não deixa minha mãe me ver, e ela nem sabe que amanhã estarei com o papai do céu. _suas palavras eram tão tristes e ao mesmo tempo corajosas, ela sofria pelo abandono e mesmo assim estava feliz por ir para o céu.

Então me agachei segurando seu rosto enquanto limpava uma lágrima que descia com meu polegar e dei um beijo em sua testa.
__ Quando eu voltar pra casa te ensinarei a jogar futebol estelar, o que acha? _seus olhinhos pareciam brilhar, ela me deu um sorriso e um beijo no rosto e saiu correndo.

Esperei o médico dar a alta da Samira para que fôssemos logo embora, já não aguentava ficar naquele hospital vendo Tânatos todos os dias levar uma alma, aquilo me deixava enjoado.

Quando o médico deu a alta dela, seguimos direto para o Meia Noite e me lembrei do que a garotinha me falou, que eu estava indo direto para uma armadilha e estava mesmo, aquele bar mesmo protegido pela magia do Papa não protegia um ser de luz como eu, porque não pertencia a esse plano e não podia interferir.

Caminhamos em silêncio, eu não queria falar senão acabaríamos brigando por causa da minha má vontade em relação a voltar para o Papa Meia Noite, aquilo só podia ser um castigo e ela nem se tocava no perigo em que estava nos botando.

Ao dobrar o quarteirão do bar percebi que havia algo errado, olhei para o céu e vi que não estávamos sozinhos, um grupo de demônios voavam em nossa direção e não perdi tempo, peguei a Anaklumus e contra ataquei transformando os primeiros em pó.

Pedi que Samira corresse o mais rápido que podia para o bar e foi o que ela fez, usando o fogo da espada incendiei alguns demônios e depois usei o gelo, eles voavam em zig zag tentando me agarrar com suas garras e o que mais estranhei foi eles estarem ali em plena luz do dia.

Abri minhas asas e voei indo de encontro a eles atacando e desviando de suas garras, um deles conseguiu me ferir no braço, mas com rapidez o cortei ao meio, tenho certeza que haviam uns cinquenta deles e matei todos.

Ao pousar me lembrei de Samira e se estaria bem, corri o mais rápido que podia para ver se estava em segurança, avistei a loja do Meia Noite e entrei, a Sorriso estava de trás do balcão atendendo um cliente e quando me viu deu o maior sorriso que poderia dar.
__ Olá! Posso ajudar?
__ Você viu a Samira? Ela entrou aqui? _eu ofegava, estava exausto.
__ Claro! Ela está lá dentro com o mestre. _apontou para o corredor e eu entrei, dentro parecia está do mesmo jeito, os bizarros ainda estavam lá, olhei para cima e lá estava Samira com o Meia Noite sorrindo e conversando. Quando ele notou minha presença desceu e me deu um abraço de urso que quase não me libertei.
__ Bem vindo rapaz! Deve está cansado! Venha! Vou mostrar seu quarto. _pensei

Aqui só tem louco.

Dinael_ Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora