Dinael_ Entre Anjos e Demônios

Ganho um beijo roubado e Samira me agride.

Eu estava tão feliz porque eles estavam ali, Daniel e Tobias usavam uma roupa de adolescente, calça jeans, camisetas e jaquetas de universitários e olhá-los me deu um alivio muito grande, eu só queria sair daquela situação.

Os caídos olhavam espantados pois não sabiam de onde eles saíram e suas reações foram atacar com as armas de fogo, mas os rapazes já estavam preparados, pegaram suas armas celestiais, Daniel usava um arco e flecha, Tobias usava adagas e contra atacaram os caídos.

Daniel puxou algumas flechas luminosas contra um grupo que tentava acertá-lo com tiros, Tobias se escondeu de trás de caixotes que estavam empilhados e jogou com muita agilidade contra os inimigos.

Foi uma luta feia, Tobias foi baleado no braço, mas estava bem, Daniel fazia chover flechas até que não sobrasse nenhum caído e os que sobraram fugiram. Eles foram ao meu encontro para me tirar das correntes, eu ainda tremia no chão e a qualquer momento teria hipotermia e senti que meu corpo estava querendo convulsionar, rapidamente Tobias retirou de sua mochila um manto dourado e estendeu sobre mim, era quente e logo senti meu corpo aquecer.
__ É um raio de sol, tiramos um pouco e fizemos esse manto. _respondeu Tobias. __ Vai se sentir bem melhor.
__ Estamos aqui cara, iremos te ajudar. _ouvi Daniel falar, mas parecia bem distante porque acabei desmaiando.

 Eu estava em uma colina linda no norte de Jerusalém, via toda cidade e seu resplendor, respirei aliviado, finalmente Samira estava a salvo e eu iria para casa. Então de repente ouvi gritos e estrondos que mais pareciam bombas explodindo e saí em disparada até onde havia aquele barulho, entrei na cidade e estava havendo uma guerra, militares e rebeldes se enfrentavam em uma batalha árdua e sangrenta, cidadãos  corriam de um lado para o outro tentando fugir dos tiros, eu corria desviando das balas sem entender o por quê disso tudo se eu havia cumprido minha missão.

Enquanto eu tentava salvar algumas pessoas uma voz ecoou no meio daquela batalha e essa voz eu conhecia muito bem.
__"Nunca poderá me deter, o anticristo já nasceu e não poderá fazer nada." _e uma risada pôde-se ouvir.

Eu corria ao encontro daquela voz e acabei entrando numa casa onde os gritos eram incessantes e me parecia com os gritos de Samira, subi as escadas da casa e entrei no quarto onde ouvia os gritos, mas não era um quarto qualquer, era uma sala de cirurgia e Samira estava em uma maca gritando de dor, ela estava grávida e o bebê parecia não querer sair.
__"Tira essa coisa de mim! Dinael me ajude! _ela estendia a mão para mim, mas eu sabia que era tarde, aquela coisa sairia e seria o fim de Samira.

Acordei me debatendo na cama gritando, Daniel foi ao meu encontro segurando meus ombros para que me acalmasse, porque aquilo não passava de um pesadelo que meu querido irmão estava querendo me manipular.
__ Calma camarada! Foi só um sonho, você está bem e a salvo. _ele me impulsionava para voltar a deitar, então percebi que eles haviam retirado a costura da minha boca, mas eu não conseguia dizer nada. __ Precisa descansar, temos muito trabalho pela frente e não estou afim de perder um amigo. _eu apenas assenti e voltei a deitar, olhei ao redor e aquele quarto que eu estava parecia muito com o quarto que eu estava com Samira na casa do Meia Noite.
__ SAMIRA! _levantei bruscamente lembrando-me dela, porque não sabia se ela havia se salvado.
__ Calma bonitão! Estou bem! _olhei na porta e lá estava ela sorrindo para mim, usava um vestido solto no corpo, mas com as botas de combate e o cabelo preso a um coque. __ Que bom que acordou! Você dorme demais, tem que parar de desmaiar por aí. _aproximou-se e tocou meu rosto me fazendo fechar os olhos para senti sua mão delicada e fria, eu temia tanto que ela não tivesse bem. __ Está tudo bem agora, seu amigos te salvaram e te trouxeram aqui. _ela se aproximou do meu ouvido quase sussurrando em um tom zombeteiro. __ De onde seus amigos saíram? Parece que vieram de uma revista de moda masculina, são uns gatos. _os rapazes olharam assustados, mas eu já havia me acostumado com esse assédio e apenas dei uma risada.

Samira me contou como foi a invasão ao bar do Meia Noite e como ele sozinho deu um jeito em todos eles, mas não pôde evitar deles me levarem e também como me encontrou, parece que em algumas vezes eu dizia seu nome e o nome do bar do Papa Meia Noite e os caras me levaram até lá.

Enquanto me contavam o ocorrido alguém bateu na porta do quarto, pedi que entrasse e era uma moça que estava cuidando dos meus ferimentos, ela era alta e magra, com belos cabelos loiros encaracolados que me fez lembrar da menina que me ajudou, podiam até ser irmãs ou mãe e filha, fiquei a encarando por um bom tempo e percebi que Samira não gostou muito.
__ Algum problema Dinael? A Camila te incomoda? _Samira falou ríspida.
__ Não! É que você me lembra alguém, precisamente uma garotinha lá do hospital. _a moça me encarou surpresa. __ Você tem alguém no hospital? _ela abaixou a cabeça como se de alguma forma eu tocasse numa ferida.
__ Não incomode ela com suas maluquices Dinael, naquele hospital nem tinha ala pediátrica. _Samira cruzou os braços e fechou a cara.
__ É minha filha! _a moça levantou a cabeça e seus olhos já estavam cheios de lágrimas. __ Ela está na ala psiquiátrica, sendo cuidada devido a um problema de ansiedade, mas poderá ir pra casa no dia do seu aniversário de oito anos. _a tal Camila parecia emocionada pelo retorno da filha, então ela não sabia que sua garotinha havia morrido há dois dias.
__ Não vai vê-la muito não é? _ela balançou a cabeça em negativa. __ Eu sinto muito senhora Camila, mas sua filha está morta. _ela me olhou espantada como se não acreditasse. __ O tratamento que puseram nela estava a matando, ela faleceu há dois dias.
__ Você está mentindo! Minha Lili está viva, viva. _ela falou aos prantos e saiu correndo porta à fora.
__ Parabéns Dinael! Assustou ela com suas baboseiras. _Samira respondeu e eu levantei em um salto saindo correndo atrás da moça.

Fui atrás da moça e a encontrei sentada no balcão do bar com as mãos no rosto aos prantos, sei que peguei pesado, mas a garotinha estava em um lugar melhor longe de pais que não a amavam.

Me aproximei do balcão e toquei seu ombro, ela se virou me acertando com um tapa no rosto, recuei para trás e vi que dentro dos seus olhos haviam raiva e tinha certeza que era de mim.
__ Me desculpe senhora Camila, mas precisava saber a verdade. _tentava acalmá-la e esfregava meu rosto doído.

Oh mulher da mão pesada.

__ Você está mentindo. _a cegueira dela era tão grande, nunca via a filha e fez esse show todo.
__ Eu não minto, pode ir lá no hospital para tirar as duvidas! Ou seu maridinho de merda não permite? _ela ia me acertar de novo quando eu segurei seu braço. __ Se controle! A Lili, é assim que se chamava? Eu a vi pela última vez, eu a levei para sua ala e ela me disse que ia morrer no outro dia, mas morreu no mesmo dia enquanto dormia. _a mulher amoleceu, quase caiu mas eu a segurei nos braços.
__ O infeliz do pai dela não aceitou que ela era especial e decidiu mandá-la pra aquele lugar, eu nunca quis isso, ela era meu tudo. _e desatou a chorar. __ Eu era proibida de vê-la, ia escondida durante meus plantões e a via dormir. _naquele momento senti pena dela, já não sentia raiva por abandonar Lili, era uma mulher infeliz porque tiraram sua filha. __ Eu o larguei, ia buscar minha menina hoje e ter uma nova vida ao seu lado.

Passei quase a noite toda conversando com Camila e ela me contou tudo sobre Lili e seu dom, os tempos felizes que passou ao lado da filha amada e os dias de trevas que tinha ao lado do marido ruim que só pensava em si mesmo e nos próprios propósitos, que casou obrigada pelo pai, mas que um dia seria livre.
__ Você trabalha para o Meia Noite?
__ Na verdade não, sou médica da família dele. _eu a observei e vi que estava melhor, mas logo veria a verdade nua e crua da morte de Lili.
__ Sabe, Lili me disse que se você me visse se apaixonaria, eu ri disso, ela era uma menina muito romântica. _dei um meio sorriso.
__ Ela era, mas pensando bem é impossível não se apaixonar por você Dinael, simplesmente impossível. _eu a encarei com espanto, não entendia o que isso significava.

Ela sorriu e se aproximou de mim, tocou meu rosto e eu tinha certeza que fiquei vermelho. Camila era linda e tinha um sorriso perfeito, mas tais sentimentos são dádivas dos humanos.
__ Impossível. _e me beijou, sua boca era doce e quente, fiquei paralisado sem reação, mas acabei retribuindo o ato e me deixei levar.
__ Atrapalho! _tomei um susto, Samira estava lá de braços cruzados e de cara amarrada, Camila simplesmente sorriu e beijou meu rosto sussurrando em meu ouvido.
__ Ela gosta de você. _e saiu.
__ Não é o que você está pensando, ela me beijou. _eu tentei me explicar, mas Samira me acertou um soco na cara me fazendo cair no chão e cuspir sangue.
__ Cafajeste!

Hoje foi meu dia de apanhar de mulher!