O ritual do mal parte 1

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        E lá vamos nós de novo, Gabriel estava na minha frente querendo me levar embora, mas eu não podia, porque estava muito perto do resgate de Samira e nada iria me impedir de salvá-la. 
__ Não vou a lugar nenhum, preciso ajudar Samira. _eu disse.
__ Isso não é questão de você querer, sou seu tutor e você é minha responsabilidade, então venha comigo. _ele tenta me puxar, mas me esquivo dele.
__ Já disse que não vou a lugar nenhum, o Todo Poderoso me deu uma missão é vou cumprir nem que seja a última coisa que eu faça. _ele me olhou perplexo, cerrou os olhos e massageou as têmporas como se quisesse sugar toda a paciência do mundo.
__ Tudo bem Dinael, você fica e completa a missão, mas se fracassar, virá comigo e nunca mais sairá de perto de mim. _concordei com a cabeça.
__ Vai nos ajudar? _perguntei.
__ Vou né! Meu dever é cuidar de você. _ele deu de ombros. __ Vamos por ali. _apontou para o fim do corredor que não havia nada além de uma parede. __ Tem uma passagem secreta, só assim encontraremos a jovem progenitora.
__ O nome dela é Samira. _respondi com certa rispidez e ele me olhou desconfiado.
__ Não está apaixonado por essa moça, está Dinael? _fiquei surpreso com sua pergunta e ao mesmo tempo assustado, essa era um tipo de coisa que sinceramente me assombrava.

Eu apaixonado por Samira? Não era possível!

__ Você sabe muito bem que anjos não podem se apaixonar. _eu disse com certo temor da voz, não tinha tanta certeza em relação a Samira, ela era minha missão e meu senso de compromisso apitava sempre que ela estava por perto.

        Tratei logo de cortar o assunto, tudo que eu mais queria naquele momento era salvar Samira e não tinha ninguém que iria me impedir de salvá-la.

Percorremos os corredores e ao chegar no fim deles Gabriel tocou a parede e ela pegou fogo, ela estava enfeitiçada para que nenhum ser celestial pudesse ultrapassar, resumindo, nós.

Gabriel pronunciou alguma coisa que eu não entendi e de repente toda a parede derreteu como sorvete no sol deixando eu e os outros boquiabertos.

Isso foi muito legal!

       Quando não havia mais nenhuma parede percebemos que era um túnel escuro com uma escada, então como não havia outra opção descemos os degraus com nossas armas em punho.

        Parecia que não havia fim e meus pés já estavam doendo, depois de descermos vários degraus ouvi um barulho estranho, murmuros que pareciam um tipo de canção da morte, eles começaram o ritual e nós estávamos lá para acabar com ele.
__ Só mais alguns degraus e chegamos ao salão de culto. _sussurrou Gabriel.
__ Como sabe onde fica esse tal salão? _eu perguntei.
__ Sou um mensageiro, sei de tudo. _ele encerrou o assunto.

        Descemos mais e a cena que vi foi a das mais assombrosas que alguém poderia ver, o tal Hamin estava amarrado em um altar em forma de X em pé, ele sangrava e gemia de dor, provavelmente ele seria a refeição de Samira quando ela recebesse o gene do antiCristo.

Olhei ao redor e vi os mesmos rostos que estavam na mansão naquele dia da festa, também vi os pais de Samira, eles cantavam o hino que todos cantavam, mas nos seus olhos havia terror, medo preocupação.

Será que eles estavam arrependidos de sacrificar a própria filha?

       De repente a mãe dela olhou para nossa direção espantada, olhou rapidamente para o altar e depois para mim e moveu os lábios para que eu os lesse.

" Salve minha filha."

Aquela mulher estava desesperada, eu sentia que estava arrependida e ela sabia que eu era o único que poderia salvá-la. Asenti e ela deu um sorriso de gratidão, fomos nos esgueirando até próximo o altar que Samira seria colocada, mas ela não estava lá e a qualquer momento apareceria.

      Aquele andar parecia aquelas antigas masmorras da Idade Média, iluminada apenas com tochas, todos estavam vestidos com túnicas negras e entoavam uma canção ritualista, o sacerdote chefe usava a mesma túnica, mas de cor vermelha, ele estava em frente ao altar comandando o coro, até que com um gesto de mão a canção cessou.
__ Servos leais, nesta noite nosso mestre supremo renascerá, e do ventre de uma mulher tornará a vida. _ele disse me arrepiando os pêlos. __ E nesta noite o poder do nosso mestre será imbatível. _ele apontou para uma entrada escura a sua direita. __ Tragam o tributo. _e de repente dois homens usando as mesmas vestes entraram segurando uma mulher vestida com um vestido púrpura, eles a arrastaram até o altar.

Não é uma mulher qualquer! É Samira.

       Eles a arrastaram segurando um em cada braço, em nenhum momento ela levantava a cabeça . Estava vestida como as antigas meretrizes, em um vestido longo púrpura, com um decote tanto na frente como atrás, seus pés estavam descalços como da primeira vez, sua pele estava mais pálida, mas no seu rosto reinava uma maquiagem pesada, seus olhos estavam fechados e sua respiração desacelerada.

       A raiva me consumiu e tudo que eu mais queria era arrancá-la daqueles loucos, Gabriel percebeu minha reação e segurou meu braço com força.
__ Acalme seu coração, no tempo certo salvaremos ela. _ele disse ao meu ouvido.
__ Por que esperar? Ela já está ali há dois metros de distância, vai ser fácil, só há humanos e eles não podem fazer nada contra nós. _respondi com a voz rouca e o coração quase saindo pela boca de tanta raiva.
__ Não subestime os humanos. _ele disse e de repente a face dele ficou sombria. __ Dinael eu fui enviado aqui não só para te ajudar, mas para está ao seu lado quando ele aparecer.
__ Ele? Ele quem? _perguntei várias vezes, mas Gabriel não me disse mais nada.

       Os homens puseram Samira em cima do altar deitada com os braços sobre o peito, dando a aparência que ela estava morta, o sacerdote se aproximou e pegou uma mecha fujona dela e retirou do rosto mostrando sua face pálida.
__ Servos e servas, eis o tributo! _ele estendeu os braços e os outros deram um tipo de grito de guerra. __ Esse corpo será entregue a luz e voltará com o triunfo de uma nova era, em que nós governaremos o mundo ao lado do nosso mestre e purificaremos essa terra. Tragam o progenitor. _quando ele disse isso todos aplaudiram e começaram a cantar a mesma canção de antes e da mesma porta que Samira saiu, um homem alto e forte usando um capuz surgiu e ele cheirava a...

Caído!

       Um maldito caído iria fazer o ritual do estupro, mas de jeito nenhum eu iria permitir que isso acontecesse. Quando o infeliz chegou em frente ao altar tirou o capuz revelando quem era, foi aí que o ódio se apossou de mim mais ainda, era o maldito Abadias, ele vestia as mesmas roupas que os outros, mas eu notei que ele estava sem camisa, exibindo seu porte atlético.

Maldito! Vai ser o primeiro a morrer pelo fio da minha espada.

       Por muitos anos, Samira foi apaixonada por esse infeliz e tudo que ele fez foi magoá-la e traí-la, mas dessa vez ele não iria se dar bem. Reunir o pouco de sanidade que ainda me restava para não ir até ele e quebrar sua cara.
__ Como diz a profecia, um progenitor possuirá o tributo para que se cumpra a vinda do nosso senhor e mestre. _o sacerdote disse e Abadias com um sorriso de malícia nos lábios subiu em cima de Samira e tocou seu rosto.
__ Finalmente você é minha. _Abadias disse isso e deu um beijo na boca dela e começou a tocá-la, eu não me contive e explodi.

MALDITO!

Dinael_ Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora