Dinael_ Entre Anjos e Demônios

Falo com a Morte

Alguém sabe como é difícil ser um anjo? Aposto que nem imaginam, é muito trabalho duro e sem descanso, principalmente quando não se tem uma função específica, é dureza ser eu.

Me desculpem, eu não me apresentei, meu nome é Dinael e sou um anjo do céu (que rima horrível), pois é galera eu moro literalmente no Céu, ou como os cristãos gostam de chamar "Nova Jerusalém".

Aqui é bem legal e brilhante, foi isso mesmo que falei, brilha por que a cidade é toda feita de pedras preciosas de todos os tipos, e as casas são verdadeiras mansões de luxo e são de acordo com seus moradores, vista para a praia, colinas verdes numa fazenda, ou simplesmente com vista pra cidade.

E toda ela é dividida em quatro ruas, a rua da Casa Grande, onde mora o Poderoso Chefão (ele não gosta quando o chamo assim), a rua de Todos os Santos que é a das mansões de luxo, essa está totalmente vazia, ainda não tem moradores, só depois do milênio, então vai demorar um pouco para ter gente lá.

Continuando, tem a rua dos Anjos que é onde eu moro, tirem da cabeça a ideia que anjos moram em nuvens, quem moraria em nuvens? Que ideia ridícula! Eu moro numa casa comum de tijolos, só que tijolos indestrutiveis, é toda azul com o telhado branco e bem fofinho (e não, não é feito de nuvens), meu quarto é bem legal apesar que no céu não há cansaço, mas tem gente que gosta de tirar um cochilo às vezes, eu evito dormir, mas isso é uma coisa que conto depois.

A última rua é a Além da Vida, é um nome cafona eu sei, eu prefiro chamar a rua dos mortos ou fantasmas, mas parece que isso os ofende, ela é o santuário da almas daqueles que morreram em Cristo, eles não foram julgados ainda, por isso não podem morar na rua das mansões e não podem vagar pela terra, o que seria bem assustador.
Essa rua é bem animada, estão sempre felizes apesar das diferenças de tempo e cultura, e lá tem de tudo de padarias medievais à shoppings modernos cheio de lojas com ótimos preços. Mas o meu lugar favorito é o campo de futebol no espaço, isso mesmo, espaço, vou sempre lá com meus amigos Daniel e Tobias para bater uma bolinha com os humanos, essa gente sabe se divertir.

Gabriel sempre me dar uma bronca quando saio para ir a rua dos mortos jogar bola em vez de ajudar Baltazar na recepção, ele recebe almas todos os dias o dia todo e eu sou seu estagiário ajudando nos Portões Celestiais, a fila parece não ter fim

Por que essa gente gosta tanto de morrer?

Tânatos também não para de trabalhar, ele é a Morte e tem vários nomes nas várias civilizações, mas eu prefiro seu nome grego, é bem mais simpático, apesar dele não ser um cara simpático, anda por aí nas sombras levando as almas dos outros, decide que tipo de morte a pessoa vai ter.

Credo!

__ E aí rapaz? Está aqui ainda? _Tânatos me perguntou com uma voz profunda e sinistra.
__ Não posso perder esse emprego, ou Gabriel me incinera vivo.
__ Ele pode ser bem duro, mas você já está em qual? No décimo estágio?_ ele me olhou nos olhos e eu não pude resistir aqueles profundos e vermelhos olhos mortais, então disse algo que nunca me esqueceria. __ Seu lugar não é aqui garoto, você nem devia existir nesse plano, mas está aqui por uma razão que eu desconheço, então se faça a pergunta, por quê está aqui?
__ Porque eu preciso de um ajudante. _ o senhor Baltazar respondeu de forma cansativa e estendeu os braços de impaciência. __ Ei Morte, deixe o menino em paz, pare de colocar minhocas na cabeça dele que já é meio oca.

Tânatos virou-se para Baltazar assinou em uma prancheta e depois me mandou um sorriso assassino e demôniaco sumindo numa névoa negra. Fiquei ali paralisado por um bom tempo e nem prestei atenção que o senhor B me chamava.