Peço socorro e eles vem

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Os caídos conseguiram me pegar de novo e isso já estava me cansando, eles me levaram para um galpão e parecia não ser o mesmo da outra vez, eu estava todo acorrentado e minha boca costurada.

Foi isso mesmo! Costurada.

Aqueles infelizes costuraram minha boca para que eu não invocasse nada ao meu favor e aquilo doía pra caramba, meu sangue pingava e dessa vez eu sabia que seria meu fim, para piorar estava sem roupa, todo dilacerado em uma tina de gelo.

Mesmo zonzo olhei ao meu redor pra ver se encontrava Samira em algum lugar, mas não vi e não sabia se tinha se salvado ou morrido, se ela tivesse morrido eu jurei que mataria todos só para me vingar.

As portas se abriram e o homem gordo mafioso da outra vez estava lá me observando com um sorriso maléfico para mim, seus capangas trouxeram uma cadeira e ele sentou cruzando as pernas.
__ Ora, ora, ora se não é meu anjinho fujão!? Estava com saudades.

Como é que é?

__ Ninguém foge de mim sabia disso!? _eu só me debatia, ele levantou, aproximou-se da tina e colocou a mão na orelha. __ O quê? Não estou te ouvindo. _ele começou a dar aquela gargalhada de pato. __ Ficou uma graça de boca fechada. _apenas cerrei meus olhos para que ele soubesse que não estava com medo. __ Eu sei o que quer falar, "que vai acabar comigo e blá, blá, blá, bá", eu acho que não garoto. _ele voltou a sentar. __ Sabia que está dormindo há dois dias? _eu arregalei os olhos.

O aniversário de Samira é amanhã, tenho que sair daqui.

__ Nem adianta tentar fugir, demos um fim naquela sua espadinha e em todas suas coisas, é o seu fim moleque. _ele levantou e saiu. __ Arrumem tudo para a cerimônia, quero isso pronto em cinco minutos.

Eu estava completamente ferrado, iria morrer antes de salvar Samira e impedir o apocalipse, meu coração estava a mil mas o meu corpo desfalecia um pouco por conta do gelo e não tinha escolha a não ser me deixar levar pela morte, naquele momento me lembrei de Gabriel, ele sempre me dizia que eu não estava preparado para uma missão daquelas e só então percebi que não estava e que ele tinha toda razão em me manter longe de qualquer perigo, ele temia que eu morresse ou me entregasse de vez para a escuridão.

Para onde os anjos vão quando morrem?

Essa pergunta eu descobria a resposta logo, o frio estava tomando conta do meu corpo e não conseguia mais senti-lo, era meu fim, fechei os olhos e esperei, esperei a morte vim me buscar, eu não podia ascender porque não ia morrer em batalha, eu era um fraco.

De repente senti uma mão tão fria quanto aquele gelo tocar meu rosto então abri meus olhos para ver quem era, quase dei um enfarto, era a menina do hospital e estava lá na minha frente com sua mãozinha delicada na minha face e um lindo sorriso no rosto.
__ Olá!? _eu não podia falar só assenti. __ Coitadindo! O que fizeram com você? Está todo machucado. _alisava meu cabelo, eu apenas a olhei interrogativo. __ Naquele dia que me deixou na minha ala no hospital o senhor Tânatos estava esperando no meu quarto, ele ia me buscar naquela noite mesmo.

Tãnatos? Ele esteve com ela?

__ Ele disse que só me levaria, porque na mesma noite mestiços iriam me matar por ajudar você, meu anjo ascendeu e eu morri. _eu estava chocado com a revelação dela, a morte a levou para não ser morta, mas ia morrer de qualquer jeito. __ Deve está se perguntando por que estou aqui, ele disse que já era minha hora e só queria poupar meu sofrimento, se me pegassem iam me torturar até a morte, então morri naturalmente. Minha vinda aqui é simples, seu amigo Gabriel me mandou para ajudá-lo. _deu um sorriso.

Gabriel? Ele mandou ela até mim? Isso é permitido?

__ Não sei se é permitido, mas me mandou mesmo assim, eu despistaria fácil já que estou morta, mas só tenho alguns minutos.

Queria saber como uma menina tão pequena fala como um adulto.

__ Na verdade tenho sete anos não sou tão nova assim só tenho um corpo pequeno e minha mãe era uma ótima oradora, aprendi com ela.

Ela leu meus pensamentos? Como é possível?

__ É eu posso ler seus pensamentos, e não sei como é possível. _ela continuava sorrindo. __ Bom! Estou aqui para te conceder um pedido, o que deseja? _era uma pergunta meio boba porque o que eu mais queria era sair dali. __ Só não posso te tirar daí, como sabe estou morta.

Eu mereço, não posso pedir minha espada porque estou preso, não sei o que pedi.

__ Uma dica! Uma ajuda por uma dracma. _lembrei do que ela estava falando, a dracma que Tobias me deu caso eu precisasse de ajuda era só chamar. __ Que bom que lembrou. _bateu palmas e desapareceu, pensei que tinha ido embora, mas voltou com uma moeda brilhante na mão e colocou na minha. __ Peça Dinael. _fechei os olhos e chamei por eles, então derrubei a dracma na tina que havia água e gelo. __ Muito bem! Tenho que ir, tchau anjinho. _beijou minha face e evaporou em uma névoa branca.

Esperei durante dez minutos ou mais, não sabia e quando minhas esperanças estavam indo junto com minhas forças ouvi um estrondo e os caídos apareceram para me levar na cerimônia, estavam armados e prontos para atirar caso eu tentasse fugir. Me tiraram da tina, jogaram no chão e comecei a tremer muito por conta do terrivel frio.
__ Levanta moleque, sua hora chegou. _o mesmo que me capturou disse com um sorriso no rosto.
__ Eu acho que não! _aquela voz era conhecida, todos olharam para trás e lá estavam eles, Daniel e Tobias para me salvar.

Dinael_ Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora