Despedidas são tristes

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         O suor escorria no meu rosto, nunca tinha feito uma corrida antes, Samira teve a brilhante ideia que eu precisava me exercitar e era a primeira vez que eu suava tanto.

Meu Deus! Isso é coisa para louco!

__ Anjos enfartam Dinael? _Samira disse as gargalhadas vendo meu sofrimento e sem parar de correr.
__ Se não enfartam, hoje serei o primeiro. _respondi ofegante. __ Vamos parar por favor!? Eu não aguento mais.
__ Para alguém que lutou com uma legião de demônios, dar uma corrida deveria ser fácil.
__ Mas não é, vamos parar. _paramos em um parque bem bonito e que por acaso era o mesmo parque que eu fui assediado por mulheres loucas.
__ Você é bem molenga Dinael! É só uma corridinha. _Samira tentava disfarçar sua dor, naquele dia seria o enterro de seus pais e ela não queria mostrar a ninguém sua tristeza, por isso me obrigou a correr em plena cinco da manhã. __ Vamos Dinael, ainda faltam dez quilômetros.
__ Samira eu sei o que você está fazendo, não adianta fugir! Já está quase na hora do enterro, vamos para casa. _seu sorriso de repente sumiu e a realidade voltou à ela. __ Eu sei que é difícil, mas vou estar ao seu lado. _toquei sua mão e um calor percorreu meu corpo, e tenho certeza que ela também sentiu, porque me olhou com uma tristeza sem limites.

        Samira sabia que eu teria que voltar para casa e isso doía mais em mim do que nela, mas tinha que ser assim. Só que naquele momento ainda não podia voltar, ela precisava de mim e eu tinha a necessidade de ficar mais um pouco. Os outros já haviam voltado para o céu somente eu fiquei.

      Depois que eu e Samira voltamos para casa fui tomar um banho, pois o enterro seria à tarde. Deitei um pouco quando saí do banheiro e fiquei pensando em tudo que me aconteceu, tudo que eu estava sentindo, meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta.

Ao abri me deparei com Samira toda de preto, ela usava um vestido acima dos joelhos todo justo que acentuava suas curvas, o cabelo estava preso em um coque, usava uma maquiagem leve e estava de saltos alto.

Nossa! Nunca fui tão detalhista.

__ O que houve Samira? _perguntei, ela estava de cabeça baixa, mas pude ouvir que chorava baixinho.
__ Dinael, eu... _de repente ela olhou para mim espantada e ficou vermelha. __ Você está sem roupa. _foi aí que a ficha caiu, eu estava apenas de toalha e foi a minha vez de ficar vermelho de vergonha.
__ Me desculpe Samira! Espere um minuto para que eu me vista. _quando ia fechar a porta, ela segurou e entrou com tudo no quarto.
__ Eu já sei que você vai embora depois do enterro.
__ Samira eu posso explicar... _ela me interrompeu.
__ Não precisa! Você tem seu dever e eu entendo, mas não vou ficar feliz com tudo isso.
__ Eu sei, mesmo que fique longe meus sentimentos por você serão os mesmos.
__ Sei! _ela baixou a cabeça e sussurou, mas consegui entender. __ Você não vai antes de me dar o que eu quero. _não entendi o que ela quis dizer e do nada ela me agarrou pelo pescoço e me beijou.

        Depois do beijo que a enfermeira me deu, não sabia o que era um beijo bom e o de Samira era muito bom. Não resistir e retribui, segurei sua cintura e pressionei seu corpo ao meu, nosso beijo era quente e apaixonado.

        Eu a amava tanto e a queria mais do que tudo e algo dentro de mim queria muito mais, um desejo carnal incontrolável, uma vontade de joga-la na cama e possuí-la. Quando minhas mãos desceram até suas coxas para subir seu vestido ela soltou-se dos meus braços com os olhos cheio de lágrimas.
__ Não podemos Dinael, por mais que eu queira muito, você não me pertece. Seria egoísmo meu tomar de você sua pureza de anjo, de tirar tudo que conquistou com tanto sacrifício. _ela levantou o olhar, mas não com tristeza e sim com determinação e força que nunca vi antes em seu olhar. __ Eu te amo, mas não é nosso destino ficarmos juntos. _fiquei pasmo com suas palavras, ela saiu do meu quarto me deixando confuso.

Dinael_ Entre Anjos e DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora