Atração - Série Irresistível - COMPLETO

Capítulo 1 Julia

Pistas cheias de pessoas dançando e se divertindo como se não existisse um mundo lá fora. Isso é o que vejo todos os finais de semana quando toco em baladas como Space Magic. Não sou a DJ fixa da casa, mas estou aqui praticamente toda sexta, e agradar as pessoas nem sempre é fácil, por isso escolho algumas músicas como Blame - Calvin Harris, Prayer in C de Lilly Wood e The Prich, e Ghost Town - Adam Lambert, e cada música que toco as pessoas gritam mais animadas.
Fico ainda mais satisfeita porque a cada momento o dono do lugar vem elogiar meu trabalho, e isso me alegra muito, me sinto a vontade aqui. Já toquei em outros lugares, mas aqui é diferente, as pessoas parecem mais animadas.
– July – olho para o lado e vejo Carol, minha melhor amiga praticamente berrando para que eu possa escutá-la. Carol é linda, ela tem cabelos vermelhos até a altura dos ombros, olhos castanhos, 1,60m e uma sensualidade que fico admirada. Ela é uma pessoa que você pode contar em todos os momentos da vida e foi ela que me ajudou quando mais precisei. Depois que Erick simplesmente me machucou sem nem sentir culpa. É ela quem me ajuda no bar e quando venho tocar. Assinto para que ela possa continuar a falar.
– Tem um grupo aí fora querendo falar com você.
– Carol se for aqueles bêbados que querem encher meu saco dispensa amiga - digo e volto minha atenção para a pista.
– Não July - ela grita e volto a olhá-la, então ela continua – A moça que está com eles diz querer falar com você sobre uma festa, é sobre trabalho amiga.
–Agora não dá Carol! Mas se ela quiser esperar até minha pausa, falo com ela.
– Ah do jeito que ela parece eufórica por te conhecer, tenho certeza que espera – dou risada pelo jeito que minha amiga fala, está sempre colocando minha moral lá em cima.
– Terminando aqui, encontro vocês na área vip – Carol concorda e sai.
Depois de algum tempo um DJ da casa vem ocupar meu lugar para que eu possa descansar, aproveito e vou encontrar minha amiga e o grupo na área vip, chego perto deles e Carol faz as apresentações.
– July essa aqui é Mariana – diz apontando para uma moça muito linda e com olhos azuis impressionantes.
– Prazer Mariana – estendo a mão para cumprimentá-la, mas ela despensa e me dá um abraço.
– Prazer July, mas pode me chamar de Mary.
– Ok Mary, então minha amiga disse que você gostaria de falar comigo sobre uma festa.
– Isso mesmo. Recebi ótimas recomendações sobre você, e pelo que vi aqui nenhuma era exagero – agradeço e ela continua – Eu gostaria de te contratar para tocar na minha festa que será daqui duas semanas, eu sei que está muito em cima, mas é que o meu irmão não vai para baladas, por isso tem que ser na minha casa.
– Olha Mary, como você mesmo disse está muito em cima, e eu geralmente tenho o mês fechado com as casas.
– Que pena, queria tanto que você tocasse – ela fica meio decepcionada e isso me incomoda, ela continua – Mas tudo bem, quem sabe na próxima, mesmo assim foi um prazer conhecê-las – ela fala já virando as costas para sair.
Olho para Carol que me lança um olhar de que eu devo fazer alguma coisa, então eu chamo a moça novamente.
– Mary espera – ela volta e para na minha frente – Olha vamos fazer assim, eu vou te dar o endereço do meu bar, passa lá domingo à noite e vamos conversar.
– Jura? – os olhos dela brilham de felicidade – Claro que vou com certeza, muito obrigada.
– Não te garanto nada, mas vamos ver né? – ela volta a me abraçar, essa menina gosta de um abraço, mas retribuo feliz.
Depois de falar com a Mariana, volto para minha cabine, a noite está longe de terminar, as pessoas daqui gostam de uma balada longa.
Volto para casa quase amanhecendo o dia, estou muito cansada, mas mesmo assim ainda me sinto realizada, mesmo depois de abandonar a faculdade alguns anos atrás, eu sou feliz com o que faço hoje.
Entro em casa, e vejo Clara sentada no tapete concentrada em alguns papéis, minha irmã que agora está com vinte e três anos e no último ano na faculdade de arquitetura, faz estágio em uma das maiores empresas do país na área dela, sinto muito orgulho da minha menina e sei que nossos pais estejam onde estiver também. Maria Clara ficou uma menina linda com cabelos longos ondulados, olhos castanhos e de uma bondade sem tamanho, ela está sempre vendo a vida de um jeito alegre, nunca acorda de mau humor nem nos aniversários de morte dos nossos pais.
– Clarinha porque está acordada ainda? – pergunto e dou um beijo em sua bochecha.
– O bar estava bem movimentado, eu e o Matt fechamos tarde – ela fala e sinto algo na voz dela ao falar do Mateus, um rapaz muito lindo por sinal que trabalha comigo no bar, como fim de semana trabalho como DJ, Clara fica com ele.
– Então resolvi adiantar meu trabalho revisando alguns projetos.
– Hoje também foi uma noite movimentada lá na Spaice – falo e vou para cozinha preparar um copo de leite quente para cada uma de nós, volto para sala e lhe entrego o seu.
– Você vai trabalhar domingo? – Clara me pergunta antes de tomar seu leite.
– Não! Domingo vou para o bar cedo olhar o que falta no estoque, por quê?
– Eu queria ir ao cinema o que você acha?
– Vamos sim, faz tempo que não saímos juntas, um dia de meninas.
– Isso mesmo! Estou com saudades de sair com você.
– Eu também - falo segurando uma de suas mãos.
– E o trabalho como está?
–Ah July, meu patrão é muito frio, parece que não gosta de ver ninguém feliz, vive me dando um monte de trabalho e tenho que terminar em tempo recorde.
– Que cretino, mas já sabe se ele te tratar mal me fala que vou lá e arranco as bolas dele - ela ri e se engasga com o leite.
–Ah isso eu não duvido! Ele é frio sabe, mas dá pra ver no olhar dele que é uma pessoa que carrega uma grande dor.
– Entendo, mas isso não é motivo para tratar ninguém mal.
– Isso é verdade, mas gosto de trabalhar para ele, mesmo ele sendo um pé no saco – olho para ela e damos risada do seu comentário.
– Você está comendo mocinha? – ela me olha com culpa e já imagino sua resposta.
– Às vezes July é tanto trabalho que até esqueço – olho para ela e vou logo dando bronca, essa minha irmã parece que tem alergia a comida nunca vi.
– Acho bom você começar a comer, ou vou todos os dias te arrastar para ir almoçar.
– Posso escolher o restaurante? – faço careta para ela – Tá bom vou comer tá? Agora vamos dormir que estamos precisando.
Depois de ajudá-la a guardar seus papéis e levar os copos para cozinha, dou um beijo na minha menina e vou para meu quarto, tomo um banho bem relaxante, fecho as cortinas, pois o sol já está iluminando o meu quarto, deito e logo adormeço e mesmo depois de oito anos sonho com o acidente que matou meus pais.