– Morena para quieta – olho para minha mulher que insiste em ficar arrumando o quarto da nossa filha.
– Mas eu preciso terminar! Você não está vendo a bagunça que está o guarda-roupa dela? – ela fala dobrando um macacão.
– Mas deixa que a dona Maria faça isso mais tarde – me aproximo a abraçando por trás.
– Ela já tem um monte de coisas para fazer.
– Eu sei, mas que tal você deixar isso aí, e ir comigo caminhar pelo jardim? – dou beijos em sua nuca e um gemido escapa dos seus lábios.
– Acho melhor irmos comer, estou morrendo de fome.
– Meu anjo! Você não pode comer muito a noite, lembra o que o médico te disse? – ela se solta do meu abraço e me encara cruzando os braços.
– Eu lembro muito bem dele falando que estou gorda, é isso que você está insinuando?
– Claro que não amor! Você está linda, mas o bebê pode nascer a qualquer momento, e você precisa estar bem quando essa hora chegar – me apresso em falar quando vejo seus olhos semicerrados.
– Nem vem com desculpas Fernando, você deveria ter mais consideração por uma mulher grávida.
– Mas amor…
– Eu vou para cozinha comer um pote de sorvete e acho bom você não vir atrás de mim.
Tento me explicar, mas ela me corta e dá a conversa por encerrada.
Fico parado no meio do quarto sem entender o que eu fiz, eu só quis ajudar.
Vou para o meu quarto dando o espaço que ela precisa, aproveito para tomar um banho, enquanto tento entender um jeito de pedir desculpas para minha morena, mas sem nem saber o que eu fiz de errado.
Termino meu banho, me troco e vou procurá-la pela casa, a encontro sentada no sofá com um pote de sorvete nas mãos.
– Oi – digo me sentando ao seu lado.
– Oi – ela responde ríspida.
– Está gostoso? – pergunto apontando para o sorvete.
– Muito – ela se limita em responder.
– Me dá um pouquinho? – ela me olha por alguns segundos, pega uma colher cheia de sorvete e se aproxima de mim, quando vai colocar a colher na minha boca, ela a solte deixando cair no meu colo.
– Aiiiiii – July se encolhe no sofá com a mão na barriga.
– O que foi amor? – me aproximo tocando suas mãos, ela está de olhos fechados e fazendo careta.
– Meu Deus amor! Fala alguma coisa, o que você está sentindo? – sua respiração acelera, e entro em desespero.
– Dói muito – ela fala com lágrimas molhando seu rosto.
– Vou ligar para o médico – levanto-me pego o telefone, volto com ele para o sofá e me sento ao seu lado.
– Dr. Henrique? Fernando Bittencourt, minha mulher está sentindo muitas dores, estou preocupado, o que devo fazer?
Escuto as orientações do médico e desligo o telefone.
– Amor olha para mim – ela abre os olhos e faz uma careta – Vamos para o hospital, eu vou pegar a bolsa do bebê e a sua, você pode esperar só um pouquinho? – ela volta a se encolher e um gemido de dor escapa dos seus lábios.
– Não me deixa sozinha, por favor – ela me olha e o medo que vejo em seus olhos me faz entrar em desespero.
– Ei meu amor! Eu estou aqui, vamos para o hospital e você vai trazer ao mundo a nossa pequena – ela sorri e chora ao mesmo tempo.
– Eu tenho medo – ela fala me olhando nos olhos.
– Eu também estou, daria tudo para sentir suas dores, mas vai passar e eu prometo que não vou sair do seu lado – ela assente e eu corro para o quarto, pego as duas bolsas e em menos de dois minutos estou ao seu lado, ajudando a se levantar do sofá para ir até o carro.
Quando ela fica em pé, a vejo se encolher de dor, a pego em meus braços colocando as bolsas de lado.
A coloco no banco de trás do carro e ela geme de dor, vou o mais rápido possível para o hospital, assim que entramos uma enfermeira para à nossa frente com uma cadeira de rodas.
Seguimos para um corredor amplo, antes de passar pela porta junto com minha morena a enfermeira coloca as mãos no meu peito, e me olha com compreensão.
– O senhor precisa aguardar aqui! – ela fala me olhando.
– Não, eu não preciso é a minha mulher e minha filha preciso ficar ao lado delas – tento passar por ela, mas minhas tentativas são frustradas, quando ela para na minha frente.
– Eu sei que o senhor está preocupado, mas aguarde aqui, eu volto com notícias.
Ela passa pela porta, me deixando parado no corredor desesperado e preocupado com minha morena.
Os minutos viram horas, o tempo se arrasta, se transformando em angústia.
Quero notícias da minha mulher e ninguém fala nada, ligo para os meus pais e Mary que estão chegando ao hospital, tento falar com Clarinha, mas não consigo. Aviso ao Matt e Carol que o bebê vai nascer.
Quando já estou quase careca de nervoso meus pais e minha irmã chegam, eles me abraçam e não consigo conter as lágrimas que molham meu rosto.
– Calma filho, vai dar tudo certo – minha mãe fala acariciando meu rosto.
– Ninguém me fala nada, estou com medo mãe – a abraço e choro.
– Alguma notícia? – Carol chega ao lado de Matt e me olha preocupada.
– Até agora nada – falo limpando meu rosto com as costas das mãos.
– Avisaram a Clara? – Matt pergunta sem disfarçar o nervosismo.
– Não consegui, vou tentar mais tarde – respondo e ele assente.
Quando já estamos todos nervosos e ansiosos, Dr. Henrique aparece para nos dar notícias.
– Fique calmo senhor Bittencourt! Ela está bem, mas infelizmente ela não tem passagem para um parto normal, precisamos fazer uma cesariana, o senhor precisa autorizar.
– Mas ela está sentindo muita dor – falo para o médico que me olha e suspira.
– Eu sei, a bolsa dela estourou, mas não tem dilatação, precisamos operá-la, antes que ela e o bebê corram algum risco.
– Quero ficar ao lado dela – me aproximo do médico e ele assente.
– Depois de tudo pronto peço para uma enfermeira vir buscá-lo – ele avisa e se afasta.
Assino a autorização e logo uma enfermeira vem me chamar, entramos em uma sala, onde ela me entrega uma roupa azul, e uma toca, depois de pronto ela me leva até uma sala de parto.
Encontro July deitada, com olhos inchados e vermelhos.
– Oi amor! – aproximo-me e deposito um beijo em sua testa.
– Você demorou – ela fala tentando sorrir.
– Estou orgulhoso de você – ela assente chorando.
– Eu imaginei que seria diferente…
– Shhhh, amor o que importa é que você e nossa pequena vai ficar bem, o jeito que ela vai nascer não importa.
– Estou com medo, mas muito feliz. Nossa filha Fernando, nossa menina finalmente vai nascer, vou tê-la nos meus braços – ela ri, e seus olhos brilham.
– Você é a mãe mais linda desse mundo, eu te amo muito amor – ela aperta de leve minha mão.
O médico se aproxima para avisar que logo conheceremos nossa menina, não sei distinguir o que estou sentindo.
Planejamos tudo, o quarto dela, as roupas, o enxoval, as cores da parede, exatamente cada detalhe, e todos eles foram especiais, uma sensação nova, uma alegria inexplicável.
Mas hoje aqui é emocionante saber que logo terei minha filha em meus braços, olho para July que me encara com olhos marejados, mas com a felicidade estampada no rosto.
Estamos com medo, nossa primeira filha, pensamentos de que algo possa dar errado sempre surge, mas a certeza que vamos conseguir é maior do que cada dúvida que surge no caminho.
A sala fica em silêncio, consigo escutar meu coração batendo acelerado em meu peito, e de repente o som que realiza todos os meus sonhos, meu maior presente de Deus ecoa pela sala.
Minha filha chora nos braços do médico, o som mais lindo que ouvi na vida, o som da vida, a minha pequena finalmente chegou.
– Ela nasceu amor, nossa filha… – July fala chorando, me abaixo e encosto meus lábios em sua testa.
– Você conseguiu meu anjo.
O médico se aproxima com nossa filha nos braços, e me entrega, ele sorri e me dá os parabéns.
Pego minha pequena, e nossos olhares se encontram, nesse momento eu descobri o que significa amor incondicional, as duas mulheres da minha vida, que eu amarei para sempre.
– Vai com a mamãe meu amor – coloco a pequena nos braços de July, que olha para nossa bebê chorando. Ela deposita um beijo em sua testa e a olha.
– Ela é linda – minha morena fala toda feliz.
– Obrigada meu anjo.
– Pelo quê? – ela me olha confusa.
– Por me mostrar o que é amar de verdade.
July sorri e olha para nossa filha, que está com olhos fixos no rosto da minha morena.
– Não escolhemos o nome Nando – ela me olha com expectativa.
– Alice – vejo os olhos de July se arregalar.
– Esse é o nome da minha mãe…
– Foi ela que deu a vida à mulher que eu amo, foi graças a ela que eu encontrei minha felicidade quando eu achei que tudo estava perdido, ela deu vida à luz para minha escuridão, então eu acho Alice perfeito – July chora e me olha, ela sussurra um obrigado sem emitir som.
– Meus dois anjos…
Aproximo-me das duas pessoas que são meu mundo, deposito um beijo na testa de cada uma, e agradeço a Deus pelo presente que ele me proporcionou, agora sou um homem realizado. Mais que isso, sou um homem feliz.
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Atração - Série Irresistível - COMPLETO
RomanceJulia Rodrigues tem a vida virada de ponta cabeça, quando em um trágico acidente perde seus pais. Com o término do namoro e a responsabilidade de cuidar de sua irmã mais nova, July amadurece e se torna uma mulher forte e determinada. Como DJ e dona...