Capítulo 8 Fernando

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Estar em uma festa sem ela é o pior. Sentir o que estou sentindo por outra mulher que não seja Sophia me deixou muito mal, a atrevida me atrai demais. E quando ela se virou, na tentativa de me ignorar, vê-la assim de costas tão sexy me trouxe lembranças muito tristes da minha morena, da noite que ela foi embora.
Fico tão atordoado que resolvo sair dali e ir para meu quarto, mesmo morando sozinho há muitos anos meus pais ainda deixam meu quarto exatamente como era quando eu morava aqui com eles. Subo as escadas, com pensamentos confusos e uma grande dor, para algumas pessoas eu já deveria ter superado, eu sei, mas é difícil demais, quando você ama uma pessoa a ponto de entregar todo o seu coração a ela, a sua alma, a sua vida e ela simplesmente partir te deixando com um vazio estalado em seu peito. É como se a vida não tivesse mais sentido, não tivesse cor, eu sei que minha família tenta mudar isso até mesmo Amanda, mas não é fácil, e agora voltar a sentir atração por outra me assusta.
Entro em meu quarto e está muito escuro, mas nem me dou ao trabalho de acender nenhuma luz, prefiro assim a escuridão. Vivi nela por tantos anos, não vou sair por causa de uma mulher que é assim doidinha, e pior tão irresponsável, leva a vida como uma brincadeira, exatamente como minha morena. E foi por esse jeito dela que tudo aconteceu. Deito em minha cama e uma sensação de que falta algo dentro de mim se instala em meu peito. Fiquei feliz por vê-la novamente, me senti vivo e isso não pode mais acontecer eu não vou trair o amor que entreguei a Sophia. É dela e nenhuma outra mulher vai levá-lo.
Durmo e acabo sonhando com Sophia, ou melhor, tendo pesadelos, isso acontece há tantos anos, e cada pesadelo, mergulho mais na escuridão, é como se neles eu revivesse a dor da perda, a angústia, a sensação que eu deveria ter feito algo. Por que não fiz, por que Deus permitiu que tudo isso acontecesse? Eu a amava tanto. Ia me casar com ela, por que ela partiu? Sinto muito frio, meu peito dói, tenho vontade de chorar, de gritar, mas sinto alguém me tocar, uma voz suave me chama me tirando do pesadelo, vou me acalmando e procuro pelo quarto a pessoa que me tirou de um sonho ruim e a encontro sentada em minha cama. Tenho a impressão de estar sonhando ainda, mas ela me encara de olhos arregalados. É ela, a minha Sophia ela está aqui, está muito escuro, mas só pode ser ela.
Uma felicidade me aquece e a abraço, a aperto e a seguro, tenho medo de que ela me deixe novamente e quando ela retribui sinto tanto amor nesse abraço. Quero tocá-la sentir seus lábios novamente, quando começo a acariciar seu rosto, noto finalmente que não é minha morena que está aqui e sinto raiva. Acendo a luz e é a DJ da minha irmã quem me olha. Percebo que ela está assustada e com medo da minha reação, mas não me importa. Quem ela pensa que é para invadir minha privacidade assim?
– O que inferno você faz aqui?
– Eu estava procurando o banheiro – ela me diz com um leve tremor na voz.
– E por acaso isso aqui se parece com um banheiro? – falo fazendo um movimento com as mãos para mencionar todo o quarto.
– Não! Mas errei de porta – ela fala isso levantando da cama e indo em direção à porta.
– Não! – Grito e ela para na hora – Daqui você não sai até me dizer por que invadiu meu quarto.
– Eu não invadi nada, estava procurando o banheiro, entrei aqui e vi você tendo pesadelo, só quis ajudar, falando nisso por nada tá? – petulante como sempre essa mulher.
– Mas eu não pedi sua ajuda, muito menos permiti sua entrada aqui.
– Você é muito mal educado e amargurado, talvez seja por isso que a tal Sophia te deixou, talvez nem ela tenha te aguentado – ela fala e imediatamente vejo arrependimento passar por seus olhos.
– Você não sabe nada dela – falo gritando e me aproximando até ficar quase colado com seu corpo.
– Você está certo, não sei nada dela, mas vi o suficiente de você, um homem que tem muito dinheiro, mas não tem amor, não tem amigos, não tem alegria, eu tenho pena de você – ela me encara e sinto raiva por todas suas palavras e pior por todas serem verdade.
– Sai daqui – ela me encara e vai em direção à porta, mas antes de sair ela me olha.
– Eu admiro o amor que você tem por ela, mas se ela se foi, talvez não fosse para ser.
– Me deixa sozinho Julia, não pedi e nem quero seus conselhos – ela assente e sai.
Fico sentado na cama remoendo tudo o que acabou de acontecer, sei que ela só queria ajudar, mas ela me viu vulnerável, com a guarda baixa e me sinto um fraco por isso. E pior, um bastardo pelo jeito que a tratei, sei que devo pedir desculpas, mas não estou pronto para encará-la ainda. Sei que tudo que ela me disse é verdade, será que Sophia se foi por que eu não merecia seu amor? São tantas perguntas que procuro resposta, e que eu sei que nunca terei.
Saio do meu quarto e acho que fiquei lá mais de uma hora, quando chego perto do jardim vejo que as luzes estão meio apagadas e a música Haunted da Beyoncé toca alto, vejo várias pessoas fazendo um grande círculo e os amigos da minha irmã gritam e assoviam, chego mais perto para ver o que está acontecendo e fico boquiaberto.
Mas  que porra ela pensa que está fazendo? July dança, ou melhor, sensualiza. Noto que ela trocou de roupa, mas continua com os mesmos sapatos de salto, usa um short que mais parece uma calcinha, e um top. Ela está incrível, ela dança em uma barra de ferro, acho que percebe minha presença, pois cada movimento sensual que ela faz é me encarando, ela dança sem desviar seus olhos dos meus. Sobe e desce da barra numa facilidade, está muito sexy, vejo esses marmanjos babando por ela e sinto um ódio, uma raiva, quero arrancá-la dali, cobri-la e dar umas palmadas nela para aprender a parar de ser petulante, mas ela está tão linda.
Ela continua a dança e analisando cada expressão minha, até que um filho de uma cadela a chama de gostosa, esse porra deve estar bêbado, lanço um olhar a ele e o ameaço dizendo que se abrir a boca novamente quebro a cara dele. July percebe e continua a dançar só que dessa vez ela sorri para mim, e eu retribuo, que porra de música que nunca acaba. Ela finaliza a dança deslizando na barra, sobe até o topo e vai descendo, imagino o que ela não faria no meu colo. Vejo que as pessoas pedem por mais, para que ela continue a dança, mas antes que ela aceite, eu chego perto e a tiro dali, mas não vai mesmo ficar dançando para esses urubus.
– O que você pensa que está fazendo? – ela pergunta.
– Tirando você de perto daqueles idiotas.
– Me solta, eu não vou a lugar algum com você - ela me fala dando tapas no meu braço.
– Você vai sim, eu vou te mostrar a não ser tão petulante.
– Deixa de ser ogro e me solta.
– Vou te mostrar o ogro – falo e a coloco sobre os ombros, ela fica dando tapas nas minhas costas e gritando para que eu a solte.
Levo-a até o outro lado do jardim onde o lugar é mais escuro e ninguém vai nos escutar, a coloco em um banco e ela furiosa se levanta pronta para me dar tapas, seguro seus braços no ar.
– Ou você me escuta ou vou te algemar e amordaçar. Então você escolhe por bem ou por mal? – seus olhos ficam negros de luxuria, acho que ela gostou disso.
– Fala logo o que você quer, não tenho a noite toda.
– Sente-se – ela bufa e revira os olhos, mas concorda. Sento-me ao seu lado e ela fica tensa.
– Se continuar se aproximando assim, você sabe o que te acontece – me afasto um pouquinho, melhor prevenir né.
– Olha July, eu sei que te tratei muito mal lá no meu quarto, mas é que você me viu de um jeito que eu não gosto, então eu gostaria de me desculpar.
– Primeiro, para você é Julia. Segundo eu não quis ver nem um lado seu, apenas quis ajudar, e terceiro aceito suas desculpas. Agora posso ir? – Sorrio com o seu jeito direto.
– Não, você não pode. Eu sei que naquele dia na Dean Bau você teve motivos para ficar irritada, eu fui um bastardo com sua irmã, sei que não justifica, mas não estava num bom dia.
– Você está certo, não justifica, eu sei também que exagerei, mas o que você esperava? Ela é minha única família Fernando e enfrento qualquer um para defendê-la – sinto um nó na garganta do jeito que ela fala, sinto vontade de abraçá-la, mas sei que se eu fizer isso perderei todo progresso que fiz até agora.
– Eu sinto muito de verdade, não foi minha intenção e isso não irá mais acontecer.
– Isso me deixa mais aliviada – ela se levanta para sair, mas seguro sua mão para que ela espere.
– Eu posso te convidar para jantar ou beber algo, para me redimir pelo dia de hoje.
– Acho melhor não, eu já te desculpei, não precisa mais se redimir de nada.
– Eu insisto, por favor, e só um jantar o que você perde com isso? – ela passa alguns segundos pensando e não percebo que parei de respirar até que finalmente sua resposta vem.
– Ok, mas ai de você se achar que isso muda o que eu penso sobre você viu? Se tentar qualquer gracinha ainda te castro – levanto as mãos em sinal de rendição e concordo a fazendo rir.
– Que tal, amanhã à noite?
– Não! Melhor segunda que o movimento do bar é fraco – quero perguntar que bar é esse, mas isso eu descubro outro dia.
Ela me passa seu número com certo receio, sei que vai ser difícil conquistar sua confiança com tudo o que aconteceu, mas vou tentar. Agradeço e dou um beijo em sua bochecha a deixando ruborizada.
– Até segunda Julia, vou esperar ansioso.
Ela se afasta me deixando sozinho e rezando para que esses dias passem logo e eu possa voltar a vê-la.

Atração - Série Irresistível - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora