Capítulo 07 Julia

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Sabe quando você acorda e sabe que seu dia vai ser um daqueles que você se pergunta por que porra saiu da cama? Pois é, o meu dia está exatamente assim.
Primeiro foi a Clara me dando a notícia que o Erick me ligou logo cedo, isso já me deixou super irritada. Depois que ele foi embora naquele dia no bar, nunca mais me procurou nem mandou uma mensagem, apenas mandou um rapaz me entregar uma caixa onde tinham roupas e objetos meus que estavam na casa dele. Naquele dia chorei demais, mas superei e agora ele simplesmente me liga oito anos depois. Tenho curiosidade de saber o que ele quer comigo, mas pensando bem é melhor deixar do jeito que está, ele é meu passado e é lá que ele vai ficar.
Para piorar de vez o meu dia que já não começou bem, esse cretino está aqui, e o pior é irmão da aniversariante, e para ferrar de vez a minha cabeça ele está simplesmente perfeito. Sabe aqueles homens que a gente sabe que só existe em livros, pois é esse aqui é um daqueles.
A diferença é que ele existe. E vê-lo assim sem aquele terno com essa camisa que marca perfeitamente os músculos dos seus braços, uma calça que aperta suas coxas que são uma tentação me deixa boquiaberta, espero que ele se vire para ver se a bunda dele também é perfeita.
O jeito que ele me olha me deixa tonta, a cada resposta petulante minha ele arqueia a sobrancelha e dá um sorriso de lado que me faz delirar, cada vez que ele fala me concentro em sua boca, quando ele falou meu nome senti um arrepio, saiu tão perfeito e meio rouco de seus lábios. Como eu queria sentir esses lábios passearem por todo meu corpo. Como será esse homem na cama?
Preciso parar de pensar nisso, já basta os sonhos eróticos que tive com ele durante toda a semana, os sonhos com ele beijando meu pescoço, passando a língua pelos meus lábios, descendo até meus seios e os sugando, como foi bom e quando ele continuou descendo até chegar no meio das minhas pernas, sentir aquela língua, as mordidas foi tudo tão real.
– Você está bem? – ele me pergunta e eu percebo que estava viajando com meus pensamentos, sinto minhas bochechas pegarem fogo.
– Estaria muito melhor se você saísse daqui e me deixasse trabalhar.
– Eu só quero conversar, começamos meio mal.

– Não começamos nada, e não tenho nada para falar com você. Agora será que você pode ser gentil uma vez na sua vida e sumir daqui? Eu preciso continuar com meu trabalho.
– Pode voltar, mas daqui eu não saio.
– É sério, qual o seu problema? Além de ser um idiota, você não percebe que está me atrapalhando?
– Mas eu não estou fazendo nada, a não ser que a minha presença te incomode tanto - ele diz isso e me dá um sorriso safado.
– É claro que incomoda, principalmente porque não sou obrigada a ficar olhando para essa sua cara de azedo.
– Simples, se vire e faça seu trabalho, assim você não precisa ficar me olhando – sério que esse ordinário está me dando ordens? Ai que vontade de enfiar a mão na cara desse desgraçado, e não sei de onde uma bendita voz sai, mas a escuto dentro da minha cabeça, na verdade você está querendo enfiar as mãos nas calças dele, para ser mais específica nem a mão é, e sim a boca. Só posso estar ficando louca, estou até ouvindo coisas. Preciso ficar longe desse miserável, ele me deixa assim, aceita que dói menos, você quer esse homem, a voz grita em minha cabeça. Cala a boca você também, seja quem for esse homem é um idiota e minha cota de ficar com imbecis já deu. Por isso ao invés de retrucar e ou estapear esse homem lindo, me viro e vou fazer meu trabalho. Tento fingir que ele não está aqui, mas é difícil, quando sinto seu olhar em mim. Alguns minutos se passam e ele não fala nada, está tudo muito quieto me viro para ver o que ele está fazendo e não vejo ninguém, acho que finalmente cansou e foi embora, e não sei se isso me deixa feliz ou decepcionada.
A festa está bem animada, chegam várias pessoas a todo momento, e a tenda improvisada é simplesmente incrível. Estou acostumada a tocar em festas de todos os gostos, e com todos os ritmos, mas Mariana deixou claro que não é para tocar musicas eletrônicas, não entendo porque, mas a festa é dela, então faço isso.
Noto que no centro do salão há uma barra de pole dance, acho que vai ter algum show e acho interessante mesmo porque amo dançar, e pole dance é umas das coisas que faço para me distrair.
– Está tudo bem July? – olho para trás e Mary está me encarando.
– Está sim, você quer alguma coisa? Quer que eu toque alguma musica em especial?
– Não July, está tudo perfeito, eu só queria saber o que tem de verdade entre você e o meu irmão, eu sei que ele tratou sua irmã mal, mas sinto que tem algo mais, você pode me falar?
– Não tem nada entre a gente, para ser sincera não suporto seu irmão, ele é muito arrogante e mal educado.
– Nem sempre ele foi assim July, meu irmão é um bom homem, ele só tem um passado muito triste.
– Isso não justifica, mas não quero falar dele Mary, ele é seu irmão, mas não o suporto.
– Se você diz... – O que será que ela quis dizer com esse comentário sobre o passado triste dele? Agora fiquei curiosa.
– Mary onde fica o banheiro?
– Tem um do outro lado do jardim, mas deve ter fila, pode usar o da casa – agradeço Mary, deixo as músicas programadas para tocar e vou em direção à casa. Entro pela porta da frente e fico impressionada com o tamanho, é muito linda, tem cores neutras, mas alegres.
Entro um pouco mais e percebo uma grande sala, que deve ser o tamanho da minha casa inteira, noto que há uma grande estante, me aproximo e vejo algumas fotos, as olho e algumas são do senhor arrogante, ele está sorrindo e fico hipnotizada. Ele sabe sorrir e o melhor é lindo quando faz isso, fico tão impressionada que nem noto uma mulher do meu lado, fico constrangida, mas aproveito para perguntar onde fica o banheiro e ela me diz que tem um no segundo andar. Me explica o caminho, mas fico tão impressionada ao subir as escadas, que me perco são muitas portas penso em voltar e perguntar novamente, mas estou muito apertada então decido continuar. Abro uma grande porta de madeira e me deparo com um quarto enorme, fecho imediatamente, e faço isso por outras três, mas nada de achar o banheiro, até que abro uma quarta, e o que eu vejo me deixa totalmente imóvel. Fernando está deitado em uma grande cama de casal, acho que está dormindo, penso em fechar a porta e sair antes que ele acorde, mas como dizem nós mulheres somos curiosas e em vez disso entro no quarto, e vou em direção a cama.
Ele parece inquieto, está todo suado, parece que estava correndo uma maratona, de repente ele começa a gritar e levo um grande susto.
– Por favor, Sophia volta, não me deixa aqui – ele fala com tanto desespero que sinto um grande aperto no peito.
Não sei o que fazer, penso em sair do quarto, mas vejo tanta dor em sua expressão que não tenho coragem, mas e se eu o acordar e ele ficar irritado? E agora o que eu faço? Fico tentando decidir quando ele volta a chamar pela tal Sophia.
– Eu amo tanto você, por favor, volta para mim.
Ai meu Deus e agora? Sinto tanta pena de vê-lo assim. Será que Sophia é a ex dele, ou alguém que ele perdeu. Decido então acordá-lo, não vou deixar ele aqui sofrendo assim, não é certo.
Aproximo-me mais, o quarto está escuro, mas vejo que seu rosto está molhado ele está chorando.
– Fernando! Acorda! – sento na cama e toco seu ombro.
Ele resmunga um pouco, fala coisas que não entendo e lentamente vejo que vai abrindo os olhos, ele procura por todo o quarto até que seus olhos param em mim. Ele me encara com os olhos arregalados, depois abre um grande sorriso e me abraça. Fico paralisada.
– Você voltou para mim meu amor, eu sabia que você ia voltar.
A cada palavra que ele fala, sinto uma faca entrando em meu peito, o que fizeram com ele? Por que tanta dor, e o mais importante onde está Sophia a mulher que ele ama.
Porque o que vejo aqui é um coração quebrado por um grande amor, daqueles que mata de dentro para fora e mesmo sabendo que o abraço que ele está me dando é na verdade por pensar que sou a tal Sophia, não gosto disso, de ser comparada a ninguém, mas como vejo que ele estava sofrendo muito em seu sonho retribuo o abraço o que o faz me apertar mais, daqui a pouco ele vai me esmagar, mas o deixo, sei como é difícil perder alguém, mesmo não sabendo o que houve, sinto que a perda destruiu seu coração.
Eu também já perdi pessoas importantes na minha vida e sei exatamente o que ele sente, é como se você olhasse para todos os lados e não enxergasse nada, só sua dor, eu tive que ser forte por todos esses anos, pela minha menina, mas não foi fácil, houve momentos que eu pensei em desistir, largar tudo, mas eu sentia que eu era capaz.
Hoje sou forte, sou capaz de enfrentar os meus problemas de cabeça erguida, a dor que eu carrego aqui dentro pelos meus pais nunca vai me deixar, mas eu sei que eles sentem orgulho de mim e isso me faz respirar aliviada.
Fernando vai se distanciando, vejo que com certa dificuldade parece que ele tem medo de me soltar e me perder, quando ele finalmente me solta totalmente, toca meu rosto. Sinto tanta ternura nesse toque, tanto amor, mas com uma brutalidade que me faz estremecer ele se afasta e vai para o outro lado do quarto e acende a luz. Ele me encara, seus olhos estão vermelhos e inchados, mas vejo raiva, muita raiva passar por eles, eu sabia que não era uma boa ideia tentar ajudar.
– O que inferno você está fazendo aqui?

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