Atração - Série Irresistível - COMPLETO

Uma noite sombria

Hoje assumi a presidência da empresa, foi um grande passo para minha carreira. Sophia disse que eu iria conseguir e vindo dela tenho mais certeza.
Estamos juntos há dois anos, nos conhecemos em Nova York, me apaixonei por ela no momento que ela sorriu para mim, nunca vi nada parecido. Ela é linda, doce, é simplesmente a mulher que eu amo. Quando meu pai me pediu para assumir a empresa, fiquei desesperado com medo de que aquele fosse o nosso fim, mas a família dela mora no Brasil, então ela decidiu vir comigo. Essa foi a prova mais linda de amor que ela poderia me dar. Isso tudo pode soar meio gay. Mas porra amo essa mulher como nunca amei ninguém e hoje vou pedi-la em casamento.
Queria ficar no meu apartamento, ou sair para jantar, mas Sophia ama dançar e é impossível dizer não para ela. Decidimos ir a Planet Dance, depois de lá vou levá-la a um lugar especial e pedi-la em casamento. Esperei tempo demais para tê-la como minha mulher.
Olho-me uma última vez no espelho, pego a aliança e saio de casa para buscá-la. Chego ao prédio que ela mora e dez minutos depois ela aparece simplesmente linda, gostosa demais naquele pedaço de pano que acredito ser um vestido, mas para mim parece mais uma camiseta, bem sexy por sinal.
– Então amor como estou? – ela me pergunta dando uma volta na minha frente. Além de curto esse pedaço minúsculo de pano mostra suas costas completamente nuas. Essa mulher vai me matar hoje.
– Você está linda, mas olhando assim para você acho melhor passar primeiro no meu apartamento, para eu poder ver o que você usa por baixo do vestido – sussurro as palavras em seu ouvido e vejo seu corpo responder com arrepios.
Sophia tem cabelos negros até a cintura, olhos pretos hipnotizantes, um corpo maravilhoso, ela é simplesmente perfeita, linda por dentro e por fora.
– Vamos dançar meu amor! – ela diz me dando um beijo casto na boca, mas antes de sair de perto a puxo e a beijo, nossas línguas se encontram fazendo uma dança sensual, ela se esfrega no meu corpo. Puta que pariu fico duro só com esse beijo, será que aguento a noite toda?
– Precisamos mesmo ir hoje? – pergunto. Ela já vai se afastando e entrando no carro.
– Vamos amor, depois de me acabar na pista de dança, prometo acabar com você na cama também – ela diz e pisca para mim. Tô dizendo é hoje que enlouqueço.
Chegamos a Planet e a fila está imensa, mas sendo quem sou entro sem precisa esperar. A pista está bem movimentada, Sophia não espera e já vai dançando. Fico hipnotizado vendo minha futura mulher dançar, ela dança sensualizando e percebo que um grupo de homens a olham com desejo. Vou em sua direção e a agarro por trás para eles verem que essa aqui tem dono, dançamos juntos e ela parece completamente feliz. Cada vez que sorri, aquece meu coração e me apaixono mais. Depois de estar completamente descabelada e cansada ela pede para ir embora, até assim ela é linda.
Já está de madrugada quando saímos, o carro está no estacionamento, peço para Sophia me esperar em frente à boate que vou buscar o carro. Dou a volta pela boate e entro no estacionamento. Uma sensação estranha me domina quando destravo o carro, entro nele e fico esperando a sensação se dissipar.
Ligo o carro e sigo para a entrada. Estaciono em frente e Sofia entra. Olho para aquela mulher do meu lado, como pode uma pessoa significar tanto para mim? Sophia é simplesmente meu mundo, meu amor, é com ela que eu imagino passar todas as minhas noites, quero compartilhar todos os momentos, eu a escolhi para ser minha mulher e depois que colocar essa aliança no seu dedo sei que vai ser para sempre minha.
– Amor por que está me olhando assim? – ela me pergunta com um sorriso no rosto.
– Eu amo tanto você – digo. Sofia me beija e sinto que ela me ama tanto quanto eu a amo.
Então tudo acontece, interrompemos o beijo sorrindo um para o outro e antes que eu possa ligar o carro para ir embora um carro descontrolado bate no lado do passageiro. O impacto me faz ir com o corpo todo para frente e bater a cabeça.
Escuto vozes, porém não sei distinguir de quem são. Tento abrir os olhos, mas uma pontada na cabeça me faz me encolher. Estou com sono, quero dormir, mas sinto que preciso ajudar alguém, mas quem?
Demoro alguns minutos para conseguir levantar a cabeça, só escuto a música alta da boate e pessoas gritando, mas parecem longe.
– Senhor você está bem? – abro os olhos lentamente e encaro o homem que parece o segurança da boate, assinto com a cabeça e ele continua – E a mulher que está com senhor, ela está bem?
Demoro um pouco para entender de que mulher ele está falando, ainda estou meio desorientado, pisco algumas vezes para ver se consigo pensar melhor.
É então que me dou conta que eu estava na balada, com Sophia. Olho para o lado e a vejo encostada no banco, seus cabelos sobre seu rosto. Me desespero porque vejo que o impacto foi do lado dela, peço ajuda ao segurança para tirá-la.
– Acho melhor o senhor esperar a ambulância chegar.
– Não quero esperar.
Toco seu pulso e vejo que está fraco demais, não vou esperar a ambulância, medo toma conta de mim e a adrenalina me faz esquecer que também estou sangrando. Tento acordá-la, ela emite alguns sons, mas não entendo nada.
– Amor acorda, fala comigo! – digo tirando seus cabelos do rosto e o que vejo me impressiona e aumenta meu medo. Tem muito sangue, ela sangra pelo nariz e pelo ouvido, ela vai abrindo os olhos conforme vou falando.
– Isso amor olha para mim.
– Fernando? – sussurra meu nome. Vejo que ela se esforça para ficar com os olhos aberto.
– Estou aqui meu amor! Vai ficar tudo bem, vamos tirar você dai tá? – olho para o segurança e pergunto.
– Cadê a maldita ambulância?
– Está chegando, mas não mexa nela pode piorar a situação – mesmo com relutância acabo concordando.
– Viu amor a ambulância vai chegar logo, vai ficar tudo bem – falo e lágrimas escorrem pelo meu rosto. Ela está muito pálida isso me assusta.
– Você está sangrando! – fala. Toco minha testa e realmente há sangue, mas no momento isso não importa, tirar a mulher que amo desse carro sim.
– Isso não é nada amor, não se preocupe – vejo que ela tenta fechar os olhos, mas não deixo – Amor acorda, não dorme não, fica olhando para mim.
– Você é tão lindo! – ela diz isso e lágrimas escapam dos seus olhos – Eu amo tanto você.
– Eu também meu amor, amo você demais e vamos conseguir sair dessa. Você vai ficar bem – ela levanta a mão e toca meu rosto, choro descontroladamente, sinto uma angústia enorme, uma certeza dentro de mim diz que essa é nossa despedida.
Ficamos em silêncio, escuto apenas minha respiração acelerada. Olho para Sophia que sorri para mim, então a mão que toca meu rosto cai e ela lentamente vai fechando os olhos até ficar totalmente imóvel.
– Sophia! – a chamo – Meu amor fala comigo, Sophia acorda.  – fico desesperado e tento acordá-la. Toco seu pulso, mas não o sinto, tento ouvir seu coração, mas ele não bate. Ela está morta.
Grito desesperado por socorro, meu coração parece que está quebrado dentro de mim. Tento tirar o corpo de Sophia de dentro do carro, o segurança tenta me impedir, mas depois que ele vê que ela já está sem vida me ajuda. Ele coloca seu corpo no chão e se afasta, vejo pessoas olhando a cena com compaixão nos olhos.
Trago o corpo de Sophia para o meu colo e toco seu rosto completamente pálido, toco seus lábios com os meus, na esperança de um milagre, mas ela se foi, a minha Sophia se foi.
– Por que ela? – grito e espero uma resposta que eu sei que nunca vou ter – Eu te amo tanto, volta para mim, por favor, não me deixa – digo em meio às lágrimas.
Depois de alguns minutos, noto que o corpo de Sophia já está ficando gelado, então a trago para perto de mim, até ela estar deitada no meu colo como se fosse uma criança que vai dormir, encosto sua cabeça no meu peito e faço carinho nos seus cabelos.
Eu vou cuidar dela, não vou deixar ninguém a machucar. Ela está fria e meu corpo vai esquentá-la, não vou abandoná-la, vamos nos casar e ser muito felizes.
     – Shhhhh, eu tô aqui meu amor. Vou cuidar de você, vamos para o hospital, lá eles vão cuidar dos seus machucados. Depois vou te levar a um lugar especial, sei que não deveria te falar, mas vou te pedir em casamento. Você vai aceitar não vai?  – vejo as pessoas me olhando e dizendo que fiquei louco, a música alta da balada que antes me trazia alegria agora me causa raiva.
– Desliguem essa maldita música, parem com esse barulho – grito enquanto lágrimas escorrem pelo meu pescoço.
Meu Deus não faz isso comigo, não a leve embora, ela é tudo que eu tenho, eu a amo.
– Sophia acorda meu amor, por favor, acorda. Diga que vamos nos casar e tudo isso vai ser só uma noite ruim, por favor.
Espero uma resposta sair dos lábios de Sophia, mas ela nunca vem.
Fico tão perdido na minha dor que não percebo a ambulância chegar, somente quando um paramédico vem e para ao meu lado que percebo sua presença.
– Senhor, precisamos levá-la – ele me olha com pena.
– Agora já é tarde, ela está morta! – falo segurando com força seu corpo sem vida.
– Mesmo assim preciso que a solte para fazermos nosso trabalho – depois de olhá-la mais um pouco e dizer o quanto a amo decido soltá-la e o paramédico continua a falar – Eu sinto muito senhor, é melhor que nos acompanhe assim pode ser examinado também.
Vejo o corpo de Sophia sendo tirado do chão e sendo colocada na ambulância. Naquele momento perdi meu chão, perdi a felicidade e tive meu coração arrancado do meu peito. Como se tudo tivesse perdido o sentido, dentro de mim sobrou apenas dor.
– Podemos ir senhor? – o paramédico pergunta e eu assinto com a cabeça.
Olho para o lado e vejo o lado do passageiro do meu carro completamente destruído, toco meu bolso e sinto a caixinha da aliança. Olho para o lugar que vivi os últimos momentos os mais felizes da minha vida e fora dele o pior. Entro na ambulância e ela mergulha na escuridão da noite, escuridão que vivo até hoje.