Capítulo 5 Julia

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Saio do prédio luxuoso acompanhada da Clara que está tentando me acalmar porque ainda tenho vontade de voltar lá e virar a mão na cara daquele arrogante. Como ele pôde se atrever a falar daquele jeito com minha menina? Minha irmã já tinha me falado que ele era frio, mas o que eu vi foi um homem cretino, sem educação, gostoso, maravilhoso e completamente perfeito. Olha isso! Tô ficando louca, já estava até pensando besteira. É a raiva que faz isso com a gente.
– Julia você não podia ter tratado meu chefe assim.
– Como não? Aquele miserável estava gritando com você.
– Ele estava nervoso, mas você se descontrolou e agora vou ser demitida.
Sinto remorso, não quero ver minha menina triste, mas na hora não pensei direito. Eu sei que sou muito estourada, mas poxa é minha irmã e ela só tem a mim para defendê-la de homens como o cretino do seu chefe.
– Desculpa Clarinha, mas eu não agüentei quando vi toda aquela arrogância ambulante e não acho que ele vá te demitir se não teria feito naquele momento.
– Pode ser, mas e se ele me mudar de setor? Eu gosto de trabalhar com ele, aprendo muito.
– Calma ok? Vamos almoçar e quando você voltar ele provavelmente vai estar mais calmo e nem vai mais se lembrar de tudo isso.
– Ele não vai não, essa hora provavelmente todo o prédio já sabe da confusão.
– Desculpa Clarinha, eu sei que às vezes exagero, mas é porque te amo demais.
– Também amo você, vamos logo comer que pelo menos quando você está comendo não é um perigo.
– Ei, também não é assim.
Ela da um sorriso e finalmente me acalmo, vamos a um restaurante perto do seu trabalho para dar tempo de comer e ela não chegar atrasada e dar mais motivos para o senhor prepotente ficar irritado. Mesmo vendo que minha irmã voltou a sorrir, ainda estou preocupada, sei como o trabalho é importante para ela e sei o quanto ela admira aquele chefe por ser o melhor arquiteto. Para minha menina é uma honra trabalhar com ele e saber que eu posso ter estragado tudo me deixa apreensiva.
Mesmo com o sangue fervendo de raiva e o coração apertado não consigo parar de pensar naquele homem, o jeito que ele me olhou me deixou ser ar, ele é tão lindo com os olhos de um azul o mais intenso que vi em toda minha vida, e aquele corpo senhor! Já o imagino sem aquele terno, o rosto perfeito, uma boca que deve levar mulheres a loucura, cabelos escuros combinando perfeitamente com sua pele meio bronzeada, ele é perfeito.
– July por que você está com essa cara? – saio dos meus devaneios ao ouvir a pergunta da minha irmã, estou ficando doida pensando naquele idiota, é lógico que ele não é perfeito, provavelmente cheio de defeitos só não consigo pensar em nenhum no momento.
– Estava pensando no bar – minha menina me encara, ela sabe que isso não é verdade, mas antes que ela tenha a oportunidade de me encher de perguntas o garçom traz nossos pratos, agradeço e fico aliviada quando minha irmã começa a falar de outras coisas.
Comemos e conversamos bastante, mas sinto que ela vai ficando nervosa quando a hora de voltar para a empresa se aproxima. Sei que ela tem motivos para ficar, mas no fundo preferiria que minha menina não precisasse voltar para esse trabalho, mas é o que ela gosta e respeito isso.
Acompanho Clara até a recepção do prédio e lhe desejo boa sorte.
– Não se esqueça, qualquer coisa me liga que volto aqui e mostro para aquele miserável como se trata uma mulher.
– July! Fala baixo está todo mundo olhando provavelmente porque já sabem do barraco que você fez.
– Tô nem ai – falo dando de ombros.
– Mas eu sim, agora vá para casa e deixe que do meu trabalho cuido eu.
– Está bem, boa sorte com o ogro – ela revira os olhos para meu comentário.
– Tchau July, até mais tarde – nos abraçamos e ela vai em direção ao elevador, espero não precisar voltar aqui, vai ser um desperdício castrar aquele homem.
Volto para casa e decido fazer faxina, ocupar a minha mente para não ficar pensando num certo senhor gostoso. Começo a arrumar e uma hora depois chega uma mensagem de Clara dizendo que está tudo bem, que o chefe dela até lhe pediu desculpas. Quem diria, isso me deixa mais aliviada, termino de arrumar a casa e vou prepara a jantar.
Sempre deixo a comida pronta para minha menina, mesmo que nem sempre ela coma como sempre sai do escritório direto para a faculdade quando volta para a casa chega cansada até para comer.
Quando termino tudo já passa das seis da tarde, o Hits Bar vai abrir logo, então decido tomar meu banho e me trocar, até tomando banho penso nele, será que isso vai durar até quando? Como diz minha amiga Carol isso é falta, deve ser porque há muito tempo não saio com ninguém, na verdade nem tenho tempo e mesmo que tivesse gosto da minha solteirice, de não dar satisfações a ninguém. Às vezes bate sim uma carência, mas depois de tanto trabalho até esqueço.
Depois que assumi as responsabilidades de cuidar do bar e da minha irmã nunca mais pensei em relacionamento, muito pelo contrário, até fujo deles, sempre trabalho muito, mas não é porque preciso desesperadamente, meus pais deixaram um bom dinheiro para mim e para Clara e ainda tem o bar que da muito lucro. Eu gosto de trabalhar durante a semana no bar e fim de semana de DJ, depois que meus pais morreram tão de repente eu aprendi a valorizar mais as coisas, a sempre fazer o que gosto, a tocar e dançar, estar com meus amigos, a viver a vida como se fosse o último dia, e sou feliz assim. Claro que eu sofri quando Erick saiu da minha vida, mas não fiquei me lamentando fui procurar minha felicidade, e eu e minha menina vivemos bem.
Hoje sei que só com o dinheiro do bar teríamos uma vida tranquila, mas a agitação das noites, a alegria das pessoas me faz feliz e isso dinheiro não paga.
Depois de pronta vou para o bar, segunda-feira é um dia calmo, temos apenas clientes que saem dos escritórios e passam para beber algo ou até alguns que fazem reunião no bar.
Vejo Matt preparando o drinque de um cliente e Carol entrando no estoque, vou na sua direção, mando um beijo para o meu Barman que me retribui com um sorriso.
–O que está aprontando amiga? – pergunto a Carol que está tentando alcançar um caixa, mas vejo que é muito alta para ela.
– Oi July, tô me perguntando aqui porque nasci tão baixinha – dou risada do seu comentário.
– Deixa que eu pego.
– Valeu amiga! E aí foi almoçar com a Clara?
– Fui sim.
– E como foi?
– Foi bom – respondo lhe entregando a caixa, Carol tem radar e sabe quando estou escondendo algo.
– O que foi July? O que você não está me contando?
– Nada amiga, estou só cansada foi um dia corrido.
– Para de enrolar e fala logo – bufo, pois sei que ela só me deixa em paz depois que contar tudo.
– Tá eu falo, mas vê se não vai me dar lição de moral ok?
– Já vi que você fez besteira – nos sentamos em dois banquinhos que tenho no estoque, e conto tudo a Carol desde o momento que cheguei ao prédio até o instante que saí da sala ameaçando o chefe da minha irmã de castração, a cada frase que falo Carol arregala ainda mais os olhos, daqui a pouco eles vão saltar para fora.
– Julia você ficou louca, como você ameaça o chefe da sua irmã?
– Ele estava gritando com ela, o que você queria que eu fizesse?
– Julia já passou da hora de você deixar a Clara cuidar dos assuntos dela, ela já deixou de ser aquela menina assustada de quinze anos, já é uma mulher.
– Eu sei Carol, mas é que para mim é difícil eu quero sempre cuidar dela.
– Mas agora ela vai perder o emprego por sua culpa.
– Não vai não, o cretino até lhe pediu desculpa, ela me mandou mensagem me contando.
– Ainda bem viu, mas July para de ser emotiva, não faça mais isso deixa a sua irmã cuidar de si ela já é bem grandinha.
– Vou tentar amiga, juro que vou - ela me abraça, essa minha amiga sempre me ajudando a enxergar o que não quero ver.
Vou para trás do caixa, quero pensar em tudo o que aconteceu hoje, mas a única coisa que vem na minha mente é aquele homem, continuo a imaginar qual será o defeito dele além daquela arrogância, mas não vem nenhum em minha mente. Deveria ser até pecado fazer homens lindos como aquele, é de ferrar a cabeça de qualquer mulher.
Quanto mais tento afastá-lo dos meus pensamentos, mais me imagino sentindo seu corpo, passando a língua por cada músculo daquele corpo incrivelmente gostoso. Até que algo vem em minha mente e lógico esse deve ser o seu defeito.
– Ele tem o pinto pequeno.
Vejo que falei isso em voz alta, ou melhor, gritando, quando o cliente se engasga com sua bebida, Matt me olha chocado e Carol... Bem essa já está caminhando em minha direção querendo saber tudo o que eu não disse a ela dentro do estoque. Culpa daquele cretino.

Atração - Série Irresistível - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora