Sobre tias inconvenientes

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Do you, do you really enjoy living a life that's so hateful? 'Cause there's a hole where your soul should be (Você realmente gosta de viver uma vida tão odiosa? Porque tem um buraco no lugar da sua alma) - Fuck you, Lily Allen

— Lia! Acorda!

— Ana! Isso lá é jeito de se acordar alguém?! - perguntei, fazendo cara feia para ela.

— Era isso ou ficar morrendo de fome aqui, enquanto espero você acordar.

— Você não mudou nada. Aliás, como você entrou?

— Ué, você me deu a chave, não lembra?

— A única coisa que eu lembro de ontem é do Pietro de mãos dadas com uma garota.

— O que aconteceu quando ele foi atrás de você? - E nesse exato momento minha ficha caiu.

— Ana! Você não foi embora comigo porque já imaginava que o Pietro fosse atrás de mim! - Exclamei, surpresa.

— Você é muito lenta às vezes, Lia...

— Devia ter ido comigo e eu evitaria o constrangimento.

— Que constrangimento? Me diz logo o que aconteceu!

— Pietro me disse que devíamos ser amigos, ou algo assim.

— Ele disse o quê? - Ana está praticamente gritando.

— Que horas são? Você não devia gritar assim na casa dos outros.

— São 8:30 e é a sua casa, não a casa dos outros. - Realmente, algumas coisas não mudam... — Enfim, o que você respondeu?

— "Amigos?! Como nós fomos quando você foi pra Nova Zelândia?" juntamente com uma risada sarcástica. Ah! Também banquei uma de ex ciumenta e invejosa e perguntei porque raios ele levou a tal da Gabriela lá, sendo que nós dois sempre tivemos um acordo de não sermos grudados, só levar um ao outro em encontros com amigos em comum. - Falo, me lembrando do ocorrido. — Não acredito que fiz isso! Agora só vai ficar mais na cara que eu ainda não esqueci... - Pauso subitamente ao tomar conhecimento das palavras que saem da minha boca, um alerta vermelho soa em meu cérebro. O que eu estava dizendo?!

— Lia? Você ia dizer que...

— Psiu! Eu acabei de acordar, não sei o que estou dizendo. Vamos tomar café. - Falo, puxando-a para fora do quarto.

Tomamos café e eu logo dou um jeito de expulsar a Ana de casa, afinal, não quero mais falar sobre o assunto começado com P, muito menos de seu mais recente namoro, ou será que não é tão recente assim?

— Lia, hoje nós vamos na tia Val. - Minha mãe fala, ao me ver passar pela porta da sala. - Reviro os olhos, era só o que me faltava. Tia Val é aquele tipo de tia preconceituosa e que acha que é dona da razão.

— Mãe, a tia Val é...

— Chata, eu sei. Mas ainda assim, é sua tia. Se arrume, vamos almoçar lá. - Mas que droga! Não estou com o menor saco para encarar as perguntas inconvenientes da minha tia...

Me arrumo da melhor maneira possível, apesar de saber que tia Val vai encontrar uma forma de implicar comigo de qualquer jeito. Meu irmão entra no meu quarto e se joga na cama com uma expressão de tédio.

— Deixe-me adivinhar, você também não quer ir nesse almoço. - Falo.

— Ela vai apertar minha bochecha até quase sangrar e vai dizer que eu tô muito magrinho, Lia. Fala pra "mamis" me deixar ficar. - Ele fala, fazendo a cara do gatinho do Shrek.

As Duas VersõesOnde histórias criam vida. Descubra agora