Primeiro dia de aula do ensino médio, só tenho mais três anos até a formatura e eu realmente espero fazer desses os melhores dias da minha vida. Já tenho um intercâmbio semi-planejado, quer dizer, meu pai já concordou que em algum momento eu poderei fazer um intercâmbio, ou seja, a parte mais difícil já foi! Mal consigo pensar em quão incrível vai ser sair por aí conhecendo culturas e outras línguas (no sentido conotativo, claro).
Eu não tenho a menor ideia do que quero fazer na faculdade, mas sem pressão, certo? Ainda tenho alguns anos para me decidir. Só sei que sou de exatas, com uma queda nas humanidades...
— Isso é porque você é de libra. – Minha mãe diz e eu a encaro confuso, eu falei isso em voz alta? — Librianos são indecisos. Boa aula, filho. – Ela diz, destravando as portas de seu carro para que eu possa descer.
— E aí, cara! Sumiu nas férias! – Rogério me diz assim que eu coloco os pés no pátio da escola.
— Viagem de família, cara. – Falo, cumprimentando-o.
— Que merda.
— Nem é, você sabe que eu curto esse tipo de coisa.
— Que viadagem...
— Cara, eu já te falei pra parar de estereotipar os gays, ou qualquer outro grupo social!
— Nossa, Pietro, acordou de mau humor, hein?
— É a TPM! – Carlos diz, batendo nas minhas costas.
Nós conversamos um pouco, até que o sinal toca e vamos às salas, por sorte, caímos os três na mesma. Nós nos autodenominamos "Os três mosqueteiros", nos conhecemos desde o pré, desde então não nos desgrudamos, junto com uma outra galera, formamos a "turma do fundão", mas não eu sou um ótimo aluno, então não julgue. A professora de literatura entra na classe e se apresenta, aproveita para explicar como o Ensino Médio funciona, que as coisas não são mais tão "moleza" quanto costumavam ser e tal.
É então que uma garota bate na porta, que está aberta, e pede licença para entrar.
— Oi, eu me perdi nos corredores, ainda posso entrar? – Ela pergunta e Célia, a professora, confirma com um sorriso.
— Qual o seu nome, querida?
— Marília. – Ela responde envergonhada.
— Marília, como a Marília de Dirceu*?
— Quem? – A menina pergunta, sem entender.
— Vocês vão ler esse livro ano que vem. – A professora diz e Marília assente, sorrindo. Cara, que sorriso bonito essa menina tem. Eu poderia dizer agora que me apaixonei perdidamente por aquela garota de sorriso bonito e cabelos castanhos ondulados, mas fala sério, minha vida não é um romance meloso.
— Ei, vocês repararam na aluna nova? Que gostosa! – Rogério fala.
— Ela tem um sorriso lindo. – Eu digo.
— Sorriso? Mano, quem é que repara no sorriso quando se tem aquela bunda pra olhar?
— Peraí, a menina bunduda tem um sorriso estranho, ela parece o Jigsaw, de Jogos Mortais, com aquele sorriso e aquela bochecha. – Carlos interrompe.
— Pietro, de quem é que você tá falando?!
— Ué, da menina que chegou atrasada, Marília, eu acho.
— Aquela magricela?! Por deus, Pietro! – Ele fala e eu reviro os olhos, não é como se eu tivesse interessado na garota porque ela tem um sorriso bonito, fala sério.
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As Duas Versões
Teen FictionSe a vida de Marília fosse um livro, ela certamente saberia qual a versão de Pietro sobre aquele reencontro; saberia o que se passou na cabeça dele no momento em que a viu atravessar a rua movimentada da escola onde estudaram e saberia como ele se s...