Eu gostaria de dizer que as coisas ficaram melhores desde o episódio da briga com a minha mãe. Bom, não ficaram. Eu passei mais três dias em casa depois daquilo, todos nós, inclusive César, dividindo uma grande torta de climão. Me despedi da Tah e dos outros colegas na aula francês, minha vida passaria a ser toda em outra cidade. E então o dia tão esperado chegou, eu iria me mudar. Abracei meu irmão e meu pai, os quais afirmaram que eu faria falta ali, minha mãe apenas disse "Tchau, Marília". E eu vim embora, entrei no carro com Pietro, Analu, Beca e um bando de malas e vim embora. O que nos leva a hoje: meu primeiro dia de aula.
Depois de alguns dias arrumando todo o apartamento e deixando-o com "a nossa cara", o que envolve alguns pôsteres da Taylor Swift pela casa e uma estante com os CD's da cantora, aqui estamos nós, prontas para a estreia na faculdade. Rebeca e Analu estão tão nervosas que acabam me deixando nervosa. Pietro vem nos buscar, passamos todo o caminho comentando nossas expectativas para aquele dia:
— Eu espero conhecer um cara bonitinho, agora que tá todo mundo namorando. Eu sei, isso parece fútil, mas não me importo, cansei de ser a vela. – Analu afirma e nós rimos.
— Bom, eu já tenho um namorado, o qual vou ver de quinze em quinze dias e conversar por Skype sempre... Eu só espero ser feliz, sabe? Fazer mais algumas amizades verdadeiras, ir a festas, me divertir, manter vocês por perto... – Beca diz e nós fazemos um coro de "aw".
— Já eu, tenho meu namorado aqui perto, morram de inveja. – Digo, arrancando risadas das minhas amigas. — Honestamente? Não sei o que espero. Não gosto de esperar pelas coisas, pode ser decepcionante, vamos só... Deixar ser. – A fala faz Pietro começar a cantar "let it be", dos Beatles.
— E você, Pietro? – Rebeca questiona.
— Eu só espero que a mamãe fique bem sem a gente.
— Ei, vai dar tudo certo, ela não vai ficar sozinha. A vovó tá sempre lá, lembra? – Beca diz, afagando o ombro do irmão. O assunto me deixa desconfortável. Apesar de eu não ter contado nada para nenhum dos dois, a dúvida sobre o que fazer ainda me assola.
— E aqui nós estamos! – Analu diz, com sua voz consideravelmente aguda, assim que pisamos na entrada da faculdade. É, aqui estamos.
As meninas e eu, que somos de humanas, estudamos no mesmo campus, já Pietro, aquele ser de exatas, está em um campus diferente, que fica, de carro, a uns trinta minutos daqui. Isso significa que chegamos adiantadas. O que acaba sendo bom, porque temos tempo de dar uma volta pela faculdade. Rebeca, que está no curso de jornalismo, e eu estudamos no mesmo prédio, o de Analu é do outro lado do campus. Nós todas vamos para uma palestra de boas-vindas que está acontecendo num dos auditórios, depois de várias explicações, nós nos despedimos e cada uma segue seus respectivos veteranos.
Sou levada, junto com vários outros calouros, até uma espécie de pátio. Sentamos todos numa roda enorme e cada um tem de levantar, ir dançando até o centro e falar um pouco sobre si mesmo. Eu já falei que sou uma péssima dançarina? Tento superar a timidez, que eu nem sabia que existia em níveis tão grandes e falo um pouco sobre mim mesma: meu nome, idade, de onde venho, o que gosto de fazer quando não tenho nada pra fazer e tal. Acabo conversando com Nina, uma menina de cabelo azul, que veio de uma cidade vizinha da minha e nós decidimos que não vamos nos desgrudar até estarmos ambas "ok" com a vida universitária.
Caminhamos juntas até a sala, enquanto ela me conta do recente término com o namorado, que pediu para ela não mudar para a capital e ficar fazendo faculdade na cidade deles mesmo, assim eles poderiam ficar "juntinhos" (!!!!) – palavras dele, segundo ela. Como Nina não aceitou, o menino resolveu terminar o namoro.
— Ele me disse que e não me importava com nós dois, que ele tinha certeza que eu encontraria algum cara aqui e o trairia... Como se ele não me conhecesse! Júlio sempre foi bastante ciumento, mas confiança é importante, né? E ele sabia que meu sonho era vir estudar na capital! Como pôde me mandar escolher entre meu sonho e nosso namoro? – Pergunta, frustrada. Que cara babaca.
— Nina, quer saber? Eu acho que foi até bom você se livrar de um cara assim. Você merece mais que isso.
— É, acho que você tem razão... – E suspira.
Nós finalmente entramos na sala, onde um professor nos espera. Ele se apresenta como Leandro, explica um pouco sobre as disciplinas extracurriculares e diz dará aulas de Fundamentos de ciência política. Here we go.
O mais legal da faculdade é que você pode usar o celular na frente do professor e ele não vai dar a mínima! Ah, você também pode levantar e ir ao banheiro quando quiser, sem ter de pedir! Você pode até ir embora sem dar explicações!
Quando as aulas da manhã terminam, Nina e eu caminhamos até o RU, também conhecido como restaurante universitário. Lá, todas as pessoas, independente do curso, se reúnem para almoçar (dã).
— Lia! – Alguém me chama. Não levo muito tempo para descobrir que é Analu. — Você viu quanta gente bonita tem nesse lugar, pelo amor de deus?
— Pois é! – Nina responde por mim. — Eu sou a Nina, muito prazer.
— Analu, prazer. Venham, sentem comigo e a Beca.
Depois das devidas apresentações e de conversas sobre um pouco de tudo, eu e as meninas resolvemos fazer mais um tour pela faculdade.
— Sabem o que é estranho? A Ana ainda não respondeu a minha mensagem... – Digo.
— Quem é Ana? – Beca pergunta.
— Eu já te falei dela, faz psicologia aqui desde o ano passado e é minha amiga desde o ensino médio.
— Ah, lembrei. Talvez ela tenha esquecido o celular em casa, sei lá.
— É... Talvez.
Nina e eu temos mais duas aulas durante a tarde, enquanto Rebeca e Analu vão para casa. Pietro me manda uma mensagem dizendo que o trote que engenharia química foi insano – palavras dele. Eu digo que o nosso vai ser só no fim de semana, mas que provavelmente o máximo que vamos fazer é nos cobrir de farinha e pedir moedas no semáforo.
Quando as aulas finalmente terminam, eu lembro que tenho que ir até o ponto de ônibus e descobrir quando o que vai até meu bairro passa. Nina, infelizmente, mora do outro lado da cidade.
— De meia em meia hora, moça. – Uma senhora no ponto responde.
— Obrigada. – Agradeço. E é aí que reparo em duas pessoas sentadas ali, uma é aquela que eu chamo de "melhor amiga" há uns anos e a outra é... Rogério?! O amigo babaca de Pietro?! E eles estão de mãos dadas! O que raios está havendo e porque eu estou tão desinformada?
Sento do lado de Ana, que está ocupada demais conversando com o namorado (?) Pra notar a minha presença.
— Então, o que achou do seu primeiro dia de aula, Ro? – Ela pergunta. "Ro"? Isso é sério? Urgh.
— Gostei mais da parte em que encontrei a minha garota no fim das aulas. – Diz, se inclinando para beijá-la. Ahhhhhhhh! Cansada da cena, resolvo pigarrear, mas sou ignorada. Tento mais uma vez, mas eles estão muito ocupados para me notar.
— Ana, oi! Que coincidência te encontrar aqui! – Digo bem alto. Minha melhor amiga se vira em minha direção com os olhos arregalados e bochecha corada.
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OI GENTE! Tô atrasada de novo, eu sei! Mas pelo menos o capítulo saiu, né, né, né?
Vocês sabem que semana que vem é o Enem? Pois é, eu tô bem desesperada, então tenham paciência e não desistam de mim! E me desejem boa sorte! Também aceito dedinhos cruzados, velas acesas... Qualquer coisa que vocês acharem que pode funcionar! Hahahaha.
Capítulo dedicado às meninas do grupo do whats (sim, TODAS vocês), porque elas são umas lindas ♥
Bjbj! Até...? Até!
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As Duas Versões
Fiksi RemajaSe a vida de Marília fosse um livro, ela certamente saberia qual a versão de Pietro sobre aquele reencontro; saberia o que se passou na cabeça dele no momento em que a viu atravessar a rua movimentada da escola onde estudaram e saberia como ele se s...