Flashback II

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— Deixa que eu falo com ele. - Eu sussurro para Pietro.

— Vai ficar tudo bem, fica calma.

— Da última vez que você disse que ia ficar tudo bem, acabou deixando o inspetor mais bravo que o necessário...

— Então, quem vai me contar o que houve? - João, o orientador, pergunta.

— Nós temos um professor machista ao extremo. - Pietro diz e eu o encaro brava. Eu não havia dito que eu falaria com ele?!

— O que aconteceu foi que nosso professor de história começou a fazer um discurso machista sobre como os homens erraram em ter deixado as mulheres saírem de casa para trabalhar na época da Revolução Industrial e então... - Eu começo a falar, mas Pietro me corta:

— E então eu ergui a mão, educadamente, e disse que discordava dele. Nós iniciamos uma discussão e ele me expulsou da sala. 

— Isso explica como você está aqui... Mas não explica como a Marília está aqui. - João fala e eu começo a abrir a boca para me explicar, entretanto, Pietro fala por mim de novo:

— Ela me acha bonito e quis me acompanhar, sabe como é. - Ele diz sorrindo e eu reviro os olhos. Essa é uma conversa séria e o garoto fica fazendo piadinhas!

— Pietro, você está deixando sua colega nervosa. 

— Eu sei. - Ele diz sorrindo.

— A questão é porque o senhor não está nervoso... - Eu falo.

— Bem, Pietro e eu nos conhecemos há muitos anos, eu sou amigo dos pais dele, então temos uma certa intimidade, por isso eu relevo as piadinhas. Mas orientadores não são monstros, Marília. Nós estamos aqui para conversar, você não tem que ter medo.

— Ah, er, bem... - Eu falo sem graça.

— A verdade é que a Marí..., quer dizer, Lia, achou errado que ele me expulsasse da sala pelo simples fato de ter uma opinião diferente e se manifestou, o que não deixou o professor muito feliz e então deu no que deu.

— Exatamente. - Eu concordo.

— Foi só isso? - Ele pergunta e nós assentimos. — Bom, podem voltar para a sala. Mais tarde eu conversarei com o professor, não se preocupem.

Eu sorrio um pouco nervosa e me retiro da sala, Pietro me acompanha.

— Você é realmente muito certinha. - Ele diz.

— E você tem que parar de falar por mim! E sei me virar.

— Desculpa, é uma mania. - Ele diz, olhando para os próprios pés.

— Assim como olhar para os seus pés.

— Pra quem nunca tinha me notado antes, você até que tem reparado demais em mim nos últimos minutos, não acha? - Ele diz sorrindo e eu sinto minhas bochechas queimarem. — Ei, relaxa. Não precisa ficar com vergonha, eu só tô brincando.

— É, pelo que eu vi você também gosta bastante de brincar em situações sérias...

— Eu gosto de levar a vida perigosamente. Adoro essa adrenalina, sabe?

— Ahn, não.

— Quer sair comigo qualquer dia desses? Eu posso te mostrar.

— Tipo um encontro?

— Não, tipo uma saída de colegas de classe.

— Ah, sei. Um encontro, então. - Digo dando uma piscadela para Pietro e entro na sala.

As Duas VersõesOnde histórias criam vida. Descubra agora