Ah, a vida de casal...

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— Hã... Oi, Lia. – Diz, coçando a cabeça. — Você conhece o Rogério, né?

— Ah, conheço, conheço sim. – Uso a voz mais sarcástica possível.

— Oi, Marília! Eu soube que você e o Pietro voltaram, legal. – O garoto diz.

— É, legal... – Afirmo. — E vocês, como vocês aconteceram? – Pergunto com um sorriso congelado no rosto.

— Ah, você sabe como é, estamos nos pegando há anos. – Rogério fala, dando uma risadinha. Urgh. Ana cora ainda mais e o cutuca, claro que ele não entende. — Que foi, amor?

— Há anos, hã? – Questiono, olhando para Ana com meu melhor olhar de chateação. Ela apenas assente e encara os carros passando.

Acabamos descobrindo que moramos no mesmo bairro. E vamos pegar o mesmo ônibus todos os dias. Ana quer me dar uma explicação, eu sinto.

— Esse aqui é o prédio onde eu moro. – Digo, já que descemos no mesmo ponto e caminhamos juntos até aqui.

— Legal, a casa da Ana é ali na esquina. Eu moro um pouco longe, mas geralmente passo a tarde com ela.

— Legal. Então, tchau. – Falo.

— Falou, Marília. – Rogério responde. Olho para Ana, mas ela ainda está estática, então dou-lhes as costas. Quando estou subindo as escadas, escuto minha amiga me chamar, olho em sua direção.

— Posso vir aqui mais tarde? – Pede.

— Tanto faz. – Dou de ombros.

— Qual o seu apartamento?

— 309.

— Tá. Até mais tarde, então.

Assim que passo pela porta do apartamento, vejo Pietro jogado no sofá. Não, ele não mora aqui, mas queria conferir se estava tudo bem com a irmã mais nova.

— E já que eu tava aqui, resolvi esperar você chegar... – Termina de se explicar.

— Hum, achei muito útil morar com a irmã do meu namorado.

— E não é? – Pergunta, me dando um selinho. — Ei, tem um treco de açaí aqui pertinho, quer ir?

— Precisa mesmo perguntar? – Questiono e ele ri.

No caminho, Pietro me conta sobre seu trote:

— Fizemos todas aquelas brincadeiras de acampamento, sabe? Apostar corrida pulando dentro de sacos, andar com uma bexiga até o outro lado sem deixá-la estourar. E o mais legal: os perdedores tinham que falar algo constrangedor para alguém no campus. Eu tive que dizer pra uma garota dentro do elevador que estava cheio de gases e perguntar se ela se incomodava se eu soltasse ali mesmo, foi hilário. Ah! E pelo menos um veterano ia junto pra confirmar se a tarefa estava sendo cumprida.

— Coitada dessa garota! O que ela te disse? – Pergunto, rindo.

— Ela fez uma careta e virou de costas, tapando o nariz. Eu os garotos não aguentamos e demos risadas ali mesmo, aí ela disse que devia ser muito idiota pra ter esquecido do trote.

— Poxa, enquanto isso, tudo que eu tive que fazer foi dançar até o meio de uma roda e falar sobre mim. – Falo, fazendo biquinho.

— Exatas, sabe como é, sabemos nos divertir...

— Ah, vá a merda, Pietro! – Respondo, mas estou rindo.

Chegamos ao lugar que vende açaí, existe um nome pra isso? Eu nem preciso olhar as opções:

As Duas VersõesOnde histórias criam vida. Descubra agora