Era uma vez, a sanidade

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Eu ergo seus pés e me sento, colocando-os sobre meu colo, mas Pietro logo se senta também. Começo a me sentir estranhamente desconfortável pela falta de assunto recém adquirida.

— Beca e Luís se acertaram. – Comento, quebrando o silêncio.

— É, eu soube.

— Foi uma boa ideia trazê-lo aqui.

— Foi sim. – Diz.

E então todos os assuntos do mundo parecem se esgotar novamente e ficamos os dois, sentados lado a lado, sem dizer absolutamente nada por um longo tempo. Isso é tão estranho, mais cedo parecia que estávamos em sintonia, mas agora... Talvez seja porque nós dois sabemos o que deve acontecer. Não que deva acontecer, mas é o ritmo das coisas, não? Afinal, ele não está fazendo tudo isso porque quer ser meu amigo, certo? Ou talvez seja, sei lá, medo; depois disso, nós não temos ideia do que vai acontecer. Tudo pode dar certo ou muito, muito errado e nós podemos acabar nos machucando.

— Em que você tá pensando? – Ele pergunta e meu coração dispara com a proximidade de seus lábios da minha orelha. Minhas mãos estão começando a suar, eu estou oficialmente nervosa. Droga! Eu não queria que fosse assim, eu queria que fosse algo mais natural, sem esse nervosismo de primeiro beijo. — Lia?

— Ah, eu só tava... Pensando. Nada demais. E você?

— Isso é estranho.

— O que é estranho?

— Por que nós estamos tão... Desconfortáveis? – Oh, ótimo, ele quer mesmo falar sobre isso.

— Eu não faço ideia. – Digo. Ele não fala mais nada.

Eu resolvo encará-lo. Coloco as duas pernas sobre a rede, sentando com as pernas cruzadas, ou em forma de índio, como eu costumava dizer quando era criança. Pietro me encara de volta. Ele se aproxima um pouco, eu me aproximo também. Toco sua clavícula e ele acaricia meu rosto. E então nós caímos da rede. Eu tenho um ataque de riso e me Pietro me acompanha.

— Nós somos um desastre, sabe disso, né? – Diz, ainda rindo.

— Eu sei.

— Vem, deixa eu te ajudar. – Ele se levanta e me oferece a mão. E aqui estamos nós, em silêncio de novo.

— Eu acho que vou dormir. – Digo. Ele pigarreia, mas assente.

Dou um passo para trás, a fim de enxergá-lo melhor, meu coração se aperta numa sensação repentina de conforto misturada a lembranças; eu me aproximo novamente e deposito um selinho em seus lábios.

— Boa noite, Pietro. – É o que digo antes de entrar na casa e caminhar até o quarto.

A mão de Pietro me para assim que eu toco a maçaneta da porta.

— Lia. – Ele diz, eu olho no fundo de seus olhos e vejo um súbito desejo, algo que não estava lá há alguns minutos. Não tenho tempo de pensar sobre isso, pois, em segundos, ele me puxa para longe da porta, me encosta na parede e, segurando minha cintura com confiança, toma meus lábios. Meu coração está tão disparado que cogito a possibilidade de acordar a casa toda com suas batidas. Uma das mãos de Pietro sobem para a minha nuca, enquanto a outra ainda pressiona a minha cintura, nossos corpos estão muito grudados, será possível que eles se fundam? Seus lábios abrem os meus sem rodeios, nossas bocas se movimentam como se lembrassem exatamente o ritmo a ser seguido. Quando nossas línguas se encontram, eu perco qualquer fiapo de sanidade que me restava e me entrego àquele momento, me agarrando ao cabelo enrolado de Pietro. Ele se afasta um pouco, dá um leve sorriso e então volta a me beijar, dando leves mordidas em meus lábios enquanto eu acaricio sua nuca.

Não sei quanto tempo tudo isso dura, mas o suficiente para Pietro distribuir beijos por todo meu pescoço e eu deixar minhas mãos vagarem pelo interior de sua camisa.

Não sei quanto tempo tudo isso dura, mas o suficiente para Pietro distribuir beijos por todo meu pescoço e eu deixar minhas mãos vagarem pelo interior de sua camisa.

— Pietro. – Digo, tentando conter um suspiro.

— Hum? – Ele responde, mas continua beijando meu pescoço.

— Pietro!

— Tá, desculpa. Tô prestando atenção agora. – Diz, mas acaba me dando um selinho assim que abro a boca para falar.

— Tá tarde, a gente precisa ir dormir. – Digo.

— Tá, você tem razão. – Concorda. – Eu já vou então. Boa noite, Lia.

— Ei! – Exclamo, puxando-o para mim mais uma vez. — Você não pode sair assim, tem que me dar um beijo de boa noite, oras. – Pietro dá um leve sorriso e me beija novamente. Nós nos despedimos e, por fim, vamos dormir.

Acordo no dia seguinte com risadas agudas das meninas.

— Urgh, não dá pra vocês rirem mais baixo? Eu tô tentando dormir aqui! – Falo, cobrindo meu rosto com o travesseiro.

— Mas Lia, nosso objetivo é exatamente o de te acordar. Por que abaixaríamos o som?

— Como assim o objetivo é me acordar? Qual o problema de vocês? – Aparentemente, essa era toda a aprovação que Analu necessitava para vir sentar na minha cama.

— Eu vi, Lia. – Fala, empolgada.

— Viu o quê, criatura? – Pergunto. Ela e Rebeca trocam um olhar cúmplice.

— Ela viu você e o Pietro se pegando no corredor ontem à noite. – Rebeca joga tudo em cima de mim.

— Ai meu deus... – Falo, revirando os olhos.

— Aparentemente foi algo bem... Hot. – Beca continua.

— Que horas são, pelo amor de deus?

— Nove horas.

— Vocês me acordaram às nove pra dizer que viram Pietro e eu nos beijando, sério?

— Então você admite...

— Ué, você não falou que viu? Aliás, como você viu e eu não te vi?

— Ah, sabe como é, você tava muito... Entretida.

— Vamos, Lia, conte-nos os detalhes!

— Eu não mereço vocês! - Exclamo, me cobrindo com o edredom.

— Lia, eu te contei todos os detalhes sobre como foi com o Luís!

— A diferença é que eu não pedi, muito menos te acordei (!!!), pra você me contar.

— Argh, você acorda de mau-humor sempre? – Beca pergunta, mas eu apenas ignoro.

As meninas continuam conversando, tento voltar a dormir, mas como não consigo, decido sair do quarto e preparar um café, não o líquido, só alguma coisa para comer mesmo. Acabo encontrando a mãe de Pietro na cozinha, ela não me vê, mas eu percebo que está enrolando algo num papel e então joga-o no lixo, espero até ela sair e vou até lá. Encontro o papel todo amassado e o abro. Droga! Ela está jogando os remédios fora.

— Marília? – A voz de dona Marta ecoa. Ô-ou.

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OIIIIII :D

E então... O que acharam? Estão felizes com o finalmente beijo??

O que acham que vai acontecer com a Lia e a mãe do Pietro? TAM TAM TAM

Eu vi várias carinhas desconhecidas por aqui respondendo que queriam capítulo hoje... OLÁ! Apareçam mais vezes e me façam feliz! hahahhahaha

Perdoem a demora e não desistam de mim!

Até semana que vem, bjbj <3

As Duas VersõesOnde histórias criam vida. Descubra agora