— Gezy? Você tá bem? - Pergunto ao encontrar com Gezy, minha vizinha. Ela está com uma expressão de acabada.
— Ah, oi Lia. Estou passando por uns problemas familiares, meus pais vão se separar.
— Ah... Eu sinto muito! - Digo e, minha nossa, sou péssima nisso de fazer as pessoas se sentirem melhor.
— Vai passar. Como você está?
— Bem...
— Você ficou sabendo que a vaga da minha república foi preenchida?
— Não! Merda, esqueci completamente disso! Preciso ir até lá essa semana.
— Pois é, Lia. Eu preciso ir agora.
— Ah, tudo bem então. Fica bem, ok? - Definitivamente, sou um desastre para consolar as pessoas. Gezy assente e some do meu campo de visão rapidamente.
— Cheguei! - Eu falo ao entrar em casa.
— Lia, o almoço tá pronto, vem logo! - Meu irmão grita da sala de estar.
Eu jogo a bolsa no sofá e quando estou prestes a me sentar, ele diz: - Você não lavou as mãos!!!! - Eu reviro os olhos e vou até o banheiro, quando volto, passo minhas mãos geladas na barriga do garoto mais irritante da face da Terra, também conhecido como César, e ele grita. Minha mãe me manda um olhar de reprovação e eu me sento na cadeira mais próxima.
— Lia, quando você vai para Belo Horizonte ver as repúblicas? - Meu pai me pergunta. BH é a cidade que cedia a universidade para qual estou indo.
— Eu estava esperando que vocês fossem comigo, afinal, o dinheiro não é meu... - Eu falo apontando para ele e para minha mãe.
— Marília, nós não temos muito tempo para ficar vendo essas coisas com você. - Minha mãe fala num tom mais bravo que o necessário.
— Mas e parte burocrática? - Eu pergunto.
— Quando você tiver encontrado a melhor casa, eu e o seu pai vamos para lá, a fim de resolver isso.
— Ok então. A Gezy tinha me falado da república dela, mas eu acabei de falar com ela e parece que a vaga já foi preenchida... Enfim, preciso ir essa semana ainda, porque é a semana de matrículas. Talvez eu possa ir na sexta, depois da aula de francês.
— Mas é claro que já foi preenchida, as pessoas não são como você, que deixa tudo para a última hora. - Minha mãe diz.
— Bem, o que importa é que eu vou lá essa semana. Podemos almoçar? - Eu pergunto, tentando acabar com aquele clima estranho.
Mais tarde, mando uma mensagem para a Ana:
> Sabe de alguma república perto da faculdade em BH?
Ela responde segundos depois:
> Fiquei sabendo mesmo que você vai MORAR NA MESMA CIDADE QUE EU E NÃO ME CONTOU!
> An, desculpa?
> Argh, Marília.
> Você não quer ir comigo na sexta procurar casa, não? Por favor!!!!
> Eu já fui lá fazer a matrícula, se você tivesse me falado...
> Desculpa, é que tô com muita coisa na cabeça. Acredita que o Pietro tá na minha sala da turma de francês?
> Miga, você é tão sortuda...
> Você não ouviu nada: ele também vai pra mesma faculdade que eu.
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As Duas Versões
Teen FictionSe a vida de Marília fosse um livro, ela certamente saberia qual a versão de Pietro sobre aquele reencontro; saberia o que se passou na cabeça dele no momento em que a viu atravessar a rua movimentada da escola onde estudaram e saberia como ele se s...