- Lia! Você nesse tá enfiada nesse quarto há... - Ana começa a falar comigo, então para tentando lembrar há quanto tempo estou aqui.
- Mais de um mês. - Facilito sua vida.
- Você tá nesse quarto há mais de um mês! Pietro foi embora, tá lá vivendo a vida dele, para de ser trouxa e vai viver a sua! - Ela termina o discurso que deveria ser motivador, mas apenas me deixa mais pra baixo, eu sei que devo parecer ridícula jogada nessa cama, comendo besteiras e chorando enquanto assisto romances, mas... Tá, eu nem tenho uma explicação razoável pra isso, quer dizer, até tenho, o Pietro foi embora e eu sinto falta dele pra caramba, mas esse argumento já tá batido demais. - Lia! Eu tô falando com você!
- O que você quer que eu faça?!
- Que você saia dessa cama, pare de comer besteiras, deixe de assistir esses filmes idealizados e saia comigo!
- Tá querendo demais...
- Ah! E seria bem bom se você parasse de matar aula também, sua mãe vai descobrir uma hora ou outra, sabe disso, né? - Ela se refere as... cinco, eu acho, aulas que perdi. E eu não menti pra minha mãe, só omiti esse fato.
- Tá, eu vou pra aula amanhã.
- E as outras coisas?
- Você vai me deixar em paz se eu disser que vou fazer tudo isso aí? - Pergunto, de saco cheio.
- Só se você realmente fizer.
- Tá, você venceu! Vou sair com você nesse fim de semana e leve embora os romances! - Ana fica tão feliz com a minha fala que começa a fazer uma dancinha mega estranha pra comemora, eu sorrio, até que senti falta dela.
***
Sábado. O dia em que eu prometi ir a uma boate pela primeira vez, o dia em que prometi me meter no meio de várias pessoas bêbadas dançando ao som de uma música muito alta que eu nem gosto. Isso só pode dar merda. E sim, eu acabei de pensar num palavrão. A vida é muito curta pra não nos expressarmos da forma que queremos.
Ana arruma um conjunto de roupas pra mim e me obriga a passar maquiagem pra cobrir as minhas "olheiras indecentes" - palavras dela - enquanto fala sobre quanto eu vou me divertir essa noite e deixar o passado pra trás, blá blá blá. Obviamente, eu paro de prestar atenção em algum momento, mergulhando em meus próprios pensamentos, quando ela percebe, fica brava e pergunta se eu estou pensando na morte da bezerra, eu apenas reviro os olhos.
- Ai meu deus! Você tá linda! A sua grande noite! De volta à pista, uhul! - Ana continua falando diversas coisas e dando gritinhos de comemoração enquanto entramos no carro de sua mãe a fim de ir para a boate, a única existente em nossa cidade. De repente, eu começo a imaginar onde Pietro deve estar, o que está fazendo, se está pensando em mim...
- E nada de pensar em Pietro hoje, entendeu? - Ela diz, como se fosse capaz de ler meus pensamentos, eu apenas assinto e tento pensar em qualquer outra coisa que não seja meu ex-namorado.
E aqui estamos nós.
- Ainda não entendo qual o objetivo de vir a um lugar como esse. Só tem gente bêbada e eu com certeza vou sofrer uma perda auditiva. - Um menino fala para os amigos, próximo a mim e eu não poderia concordar mais.
- Ouviu isso? - Falo pra Ana, apontando pro menino ao meu lado.
- Ouvi o quê? A música? É ótima! Vamos dançar! - Ela fala, me arrastando pra pista de dança. Depois de várias tentativas falhas de me fazer dançar, ela bufa, dizendo: - Lia, de que adianta se arrumar toda pra chegar aqui e não dançar?!
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As Duas Versões
Fiksi RemajaSe a vida de Marília fosse um livro, ela certamente saberia qual a versão de Pietro sobre aquele reencontro; saberia o que se passou na cabeça dele no momento em que a viu atravessar a rua movimentada da escola onde estudaram e saberia como ele se s...