Anahí tinha de falar com Robert. Lhe obrigaria a dizer a verdade. Ela, agora sem a mascara, selou os lábios de um Alfonso que a censurava com o olhar. Mas não deu atenção, não agora. Ela saiu da UTI, tirando o roupão e a touca, deixando-o ali perto, em uma mesa, e seguiu caminhando, pensativa. Parou no corredor da sala de Robert; havia uma briga inflamada dentro da sala.
Anna: São só testes, seja racional! – Exigiu, parecia irritada.
Robert: Testes que vem dado muito certo, diga-se de passagem. – Rebateu. Anahí ficou quieta, encostada a porta. Algo lhe dizia que ela tinha de ouvir aquilo. E outra parte de si a mandava correr dali.
Anna: Seja razoável... – Interrompida.
Robert: EU NÃO VOU DEIXAR ELE MORRER! – Rugiu, e Anahí se assustou.
Anna: Preciso lhe lembrar de que estamos em um hospital? – Perguntou ela, e ele não respondeu – Ele está fora de risco de vida. Não vai morrer.
Robert: Não conhece Alfonso. Ele não é essa fortaleza que aparenta. – Começou – Tetraplégico, em uma cadeira de rodas, ele vai definhar até morrer.
Anna: Porque toda essa atenção, Robert? – Perguntou, exasperada.
Robert: Ele é meu amigo. – Disse, em tom baixo, mas resolutivo. Anahí ergueu as sobrancelhas.
Anna: Ela está grávida. Pelo amor de Deus. – Disse, e Anahí tentou descobrir o que tinha a ver com isso.
Robert: Ela não tem certeza. – Murmurou.
Anna: Não se faça de hipócrita. Todos os sinais indicam que sim. – Disse, severa.
Robert: Precisamos tentar. – Insistiu.
Anna: Como você sabe que ela é compatível? – Perguntou, a voz se inflamando.
Robert: Eles fizeram exames antes de casar. Todo tipo deles. O sangue é compatível. – Disse, resumindo. – Temos que tentar.
Anna: Esperemos os 9 meses. Deixamos a criança nascer primeiro.
Robert: ANNA! SABE MUITO BEM QUE OS TESTES A LONGO PRAZO TEM SIDO FRACASSOS! TEM DE SER O MAIS RÁPIDO POSSIVEL, E VOCÊ SABE DISSO! – Rugiu, irritado.Anna: Sacrificar uma vida por outra? Onde mora a justiça disso, Robert? – Perguntou, como uma acusação.
Robert: Cabe a ela decidir se o faz, ou não. – Rebateu.
Anna: NÃO PODE PEDIR ISSO A ELA! NÃO PODE JOGAR ESSA RESPONSABILIDADE EM SUAS COSTAS, NÃO É JUSTO! – Gritou, no auge da irritação.
Anahí: Pode, sim. – Disse, séria e quieta, entrando na sala. Anna e Robert a olharam. Algo dentro de si mandava ela sair correndo daquela sala, sem olhar atrás. – Ele pode, e vai pedir.
Anna: Anahí... – Tentou.
Anahí: A decisão é minha, não é? Eu tenho que saber do que se trata. – Disse, fechando a porta atrás de si. – O que eu preciso fazer, Robert?Se fosse pra tirar Alfonso da cama, devolver-lhe os movimentos, haviam bem poucas coisas que Anahí não o faria. Ela já tinha um "sim" revirando na boca. Mas ela não fazia idéia do preço a ser pago.
Anna: Que seja. Se sente, então. – Disse, dando de ombros – Explique você a ela, Robert. Eu me nego. – Disse, dura.
Anahí se sentou numa cadeira a frente da mesa de Robert. Ele arrastou uma cadeira e se sentou ao lado dela. Anna se sentou em outra cadeira, do outro lado da mesa, em frente aos dois.
Robert: O que você sabe sobre células tronco, Anahí? – Perguntou, observando-a. Anahí vasculhou a própria cabeça. Já ouvira falar antes, mas era aquele tipo de assunto ao qual você não dá muita atenção.
Anahí: Não muito. – Confessou.
Robert: Ok. – Ele puxou uma pasta, retirando uma folha de papel de lá. Logo tinha um piloto preto na mão, e um lápis.
Anahí viu Robert colocar a folha de papel em sua frente, e fazer uma linha grossa com o piloto. Entretanto essa linha tinha uma falha, que ele fez. Imagine como uma corda grossa, que tem um pedaço danificado, roído, que deixa aquele ponto mais fraco, mais sensível.
Robert: Nós fizemos pesquisas. Foi encontrado uma lesão na medula cervical de Alfonso. – Anahí esperou – Pense na medula dele como esse cordão. – Ele mostrou o desenho. O cordão grosso, com um trecho danificado.
Anahí: Continue. – Disse, olhando o desenho.
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P.S.: Eu Te Amo (Livro 02)
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