Capítulo 10

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Dias depois...


Christopher: Não quero que você vá com ele.

XXXX: Prefere que eu vá só? – Perguntou, sorrindo. Edmundo buzinou atrás dos dois, provocando Christopher.

Christopher: Não. – Rebateu na mesma hora. Ele pareceu lutar consigo mesmo por um segundo, e ela esperou, quieta. – Um instante. – Pediu, e ela assentiu.

Edmundo riu ao ver Christopher se aproximando. Christopher parou, sério, na janela da picape, e apontou um dedo pro outro.


Christopher: Faça uma gracinha. Qualquer uma. E eu arranco seus olhos das órbitas. Prometo. – Disse, e se virou pra sair, deixando Edmundo rindo a plenos pulmões. A mulher dele o olhou da calçada, quieta, usando um sobretudo preto por cima de um jeans, botas de camurça preta, e uma blusa branca de botões, os cabelos soltos. – Tome cuidado. – Disse, passando a mão na maçã do rosto dela.

XXXX: Eu sempre tomo. – Disse, piscando pra ele, e o beijou delicadamente, saindo em seguida.

Christopher observou ela fazer a volta e entrar no carro. Ela ainda soltou um beijinho pra ele antes de Edmundo sair. Christopher rosnou e apanhou sua Mercedes, tomando a direção oposta.

XXXX: Ele realmente vai arrancar seus olhos se aprontar alguma. – Salientou, pondo o cinto de segurança, mas sorria.

No contexto geral, Edmundo era com quem mais a mulher de Christopher se sentia a vontade. Ele não fazia perguntas invasivas, e era divertido. O humor dos dois acabou quando desceram a frente da penitenciaria feminina. Após se identificarem, os dois foram pra um corredor, onde ficavam as salas de visita.


XXXX: Espere aqui. Eu já volto. – Disse, enquanto o policial abria a sala onde Maite a esperava.

Edmundo: Qualquer coisa, grite. – Avisou, e ela riu levemente, saindo dali. Levava um jornal na mão.

Era obvio que a prisão não estava fazendo bem a Maite. Os cabelos estavam perdendo a vida, a pele ficando opaca. A mulher de Christopher não deu a mínima.

Maite: Ora, você eu não esperava. – Disse, cruzando os braços.

XXXX: Leia. – Ordenou, com nojo, atirando o jornal na mesa a frente de Maite.

Maite olhou o jornal, divertida, mas seu sorriso se fechou. Era uma noticia sobre a condenação de Christian. Iria pra cadeira elétrica. A morena leu a pagina em flashes, mas a noticia continuava em outra folha, e ela não estava no jornal. A mulher de Christopher tinha um gravador pequeno em uma das mãos, e um celular na outra, e esperava. Maite ergueu os olhos, furiosos, pra outra.


XXXX: A execução dele é hoje, como vê. Um telefonema meu, e Christopher tira a cabeça dele da forca. Você sabe que ele é capaz. – Disse, tranqüila.

Maite: O que você quer? – Perguntou, a tremula, enquanto largava o jornal.

XXXX: Nada demais. Apenas que você assuma o que fez. Tudo. – Disse, os olhos negros fitando a outra – Eu preciso sua confissão, e você precisa do meu telefonema. – Disse, mostrando o celular.

Maite: Como eu sei que você não está mentindo? – Perguntou, olhando a foto do noivo no jornal.


XXXX: Você não sabe. – Disse, sem dar real atenção. – Nós vamos brincar. Você não sabe a hora da execução, pode ser a qualquer momento. Eu vou sair, e daqui a 5 minutos eu vou voltar, e te fazer a mesma pergunta. Se você for suficiente, eu ligo pro meu amado marido, e cumpro minha parte. Se não, eu saio novamente, e são mais 5 minutos perdidos. Tenho o dia todo. Pense bem. – Disse, saindo da sala.

Maite viu a mulher de Christopher sair imperiosamente da sala, e pôs as mãos no rosto. Iam matar Christian. Só em pensar nisso, sua cabeça girava. Não podia deixar. Mas não confiava em Christopher, tampouco em sua mulher. Precisava fazer alguma coisa. Ela olhou a foto do noivo novamente e deixou sair um gemido torturado. O tempo estava passando.

Cinco minutos depois, quando a esposa de Christopher voltou a sala, Maite não disse nada. E assim passou por meia hora. A mulher de Christopher entrava e pedia a confissão. Não a recebia, e eram mais 5 minutos no corredor, sentada com Edmundo.

XXXX: Há um buraco no mundo, como um grande poço negro, e a ralé do mundo mora nele, e sua moral não vale o que o gato enterra, e esse lugar atende pelo nome de Londres.* - Cantarolou consigo mesma, balançando o pé, as pernas cruzadas, olhando a parede do corredor. Assim como o marido, odiava esperar. – E eu não sei porque diabo eu ainda permito que meu marido more aqui... - Terminou, soprando a fumaça do cigarro que tinha na mão.

Edmundo: Sabe compor também? Um talento que eu desconhecia. – Disse, tentando amenizar a impaciência dela.

XXXX: Edmundo, eu tenho inúmeros dons que você desconhece. – Provocou, sorrindo, olhando pra parede.

Edmundo: Londres não é tão ruim. Você faz parte da ralé que habita o buraco agora, sabe? – Perguntou, divertido.

XXXX: Não, não faço. – Disse, olhando a parede – Eu vou voltar pra casa, Edmundo. – Disse, virando o rosto pra ele. Seu olhar não era negro, e sim de um castanho doce. Estava sendo difícil dizer adeus a Christopher agora.

Edmundo: Vai? – Perguntou, olhando-a.

XXXX: Vou. Eu só devia ter ficado um mês e meio aqui. Eu tenho uma vida me esperando. Trabalho, amigos, um apartamento. Tinha um gato, mas ele me irritou demais, então o coloquei pra fora. – Brincou – Enfim. Eu só costumo ficar com Christopher três meses por vez. Eu já me demorei demais. Tenho de voltar.

Edmundo: Você... Você... – Disse, aturdido – Você colocou o gato pra fora? – Perguntou, incrédulo. Ela riu.

XXXX: Dei ele pra uma amiga. Tentei peixes também, mas descobri que odeio peixe. – Disse, suspirando.

Edmundo: Um cachorro, talvez?

P.S.: Eu Te Amo (Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora