Capítulo 14

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Um mês depois...


Continuamos avançando. Alfonso já tinha os pulsos completamente de volta, e os tornozelos estavam quase liberados. Ele, teimoso que era, observava os movimentos que lhe eram feitos e os repetia com os ombros, tentando articular com os braços e com as pernas. Suas pernas continuavam com a impressão de terem maria-mole no lugar dos ossos, mas ele conseguia mover os ombros, com dificuldade, mas conseguia. Anahí acompanhava o progresso dele pacientemente, lhe dando coragem, ouvindo seus gritos quando a paciência lhe acabava. Ela nunca reclamava de nada.


Anahí: Escute, pode descansar um pouco. – Disse, parada na porta do quarto de fisioterapia. A fisioterapeuta, sentada em um sofá, a olhou. Era fim de tarde, e Anahí usava um short cinza grafite, com uma blusa branca de alças. – Alfonso dormiu, e eu vou aproveitar e descansar um pouco, sim? – A fisioterapeuta assentiu. Sabia da via sacra pela qual Anahí vinha passando.

Anahí foi pro quarto e fechou a porta. Alfonso estava em seu lugar, os olhos fechados, inocentemente. Só que havia uma breve ruga entre suas sobrancelhas, que denunciava que ele estava fazendo algo de errado. Anahí viu o braço dele se movendo por cima da colcha, como se ele estivesse tencionando os bíceps. Ela suspirou. Não iria brigar agora, estava cansada demais. Quando fechou a porta, uma vez que a luz fora bloqueada, o quarto ficou com uma aparência acolhedora, chamativa. Ela caminhou até o banheiro, parando na frente do espelho e desfazendo a longa trança em que seus cabelos estavam presos. Os penteou brevemente, e voltou pro quarto. Alfonso agora estava realmente quieto. Anahí parou do seu lado da cama e tirou o relógio de pulso que usava, pondo-o na mesa de cabeceira. Quando se virou, encontrou dois olhos da cor de esmeralda, fitando-a.

Anahí: Ai. – Gemeu, assustada, pondo a mão no peito. Alfonso sorriu de canto, erguendo uma sobrancelha.

Alfonso: Eu assusto você? – Perguntou, malévolo.

Anahí: Só nas horas vagas. – Respondeu, sem dar atenção, se deitando. Uma vez com a cabeça no travesseiro Anahí suspirou, relaxando. Alfonso virou o rosto, observando-a. Estava pálida, de aparência frágil, os cabelos sem vida... Ele não gostava disso.

Alfonso: Você parece cansada. – Observou. Anahí abriu os olhos, que ainda eram do mesmo azul vivo, para fuzilá-lo com o olhar, contendo uma resposta tempestuosa na boca. Alfonso riu levemente, e ela fechou os olhos outra vez. – Venha. Deite a cabeça em meu ombro. – Chamou.

Há tempos isso não ocorria. Anahí, cansada e já mole de sono, como nos velhos tempos, se esticou na cama pondo o rosto no pescoço dele, e estreitando seu corpo ao dele. Estava quase dormindo. Em sua cabeça dançavam cenas do dia do piquenique, deles dois brincando na piscina... Alfonso a aninhou, de algum modo conseguindo levar sua mão até o ombro dela, e aconchegando-a. Anahí suspirou, satisfeita em seu pré-sono. Ele olhava pra frente. Já havia desistido de entendê-la. Concluíra que ela, por fim, sentiu remorso. Anahí não era uma pessoa ruim. Podia ter sido movida pelo instinto de vingança, que por sinal não pertencia a ela, mas não era uma pessoa ruim. Não a ponto de abandoná-lo naquela situação. Ela esperaria. Ele respirou fundo, sentindo o aroma dos cabelos dela perto de seu rosto. Deus, queria tanto poder salvar seu casamento. Ele faria qualquer coisa... qualquer coisa pra que ela estivesse ali por amor, e não por compaixão ou remorso. Havia um dilema em sua cabeça. Sabia que assim que fosse independente outra vez, a perderia. Ele queria voltar a andar com toda sua alma, mas uma parte de si parecia rejeitar isso. Ele beijou o cabelo dela, depois a testa, demoradamente. Anahí tinha os olhos abertos em par agora. Os abrira quando sentira o beijo dele em seus cabelos. Ele sentiu ela prender a respiração ao sentir os lábios dele em sua têmpora, e soube que ela estava acordada. De repente nada mais tinha importância. Aquela era sua casa, sua cama, e aquela era sua mulher.

Anahí: Alfonso... – Chamou, sentindo a boca dele descendo pelo rosto dela, se detendo um instante pra morder-lhe de leve o ouvido. Ele viu a pele dela se arrepiar, e baixou a boca até o ombro dela, afastando a alça da blusa pra se presentear com a pele clara e macia que havia ali. Anahí fechou os olhos ao sentir a boca dele se fechar em um beijo chupado, faminto, na curva do pescoço dela. Alfonso sentiu as unhas dela em seu abdômen, e isso só serviu de combustível.

P.S.: Eu Te Amo (Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora