Robert: Aos testes, então. – Disse, pondo as flores no bolso do jaleco.
E você pode dizer a todos
Que esta é sua canção.
Anahí viu eles apanharem o mesmo carrinho da ultima vez, e Robert apanhou a agulha. Descobriu os pés de Alfonso, que continuou quieto, com uma dor na nuca de rasgar, mas ignorando-a. Robert espetou a planta dos pés de Alfonso, que não reagiu. Anahí olhou Robert, apavorada.
Robert: Sente alguma coisa? – Perguntou, pressionando a agulha.
Alfonso: Não. – Anahí quase caiu, mas conseguiu se controlar, arfando. Anna anotava algo furiosamente em uma prancheta.
Ela pode ser bem simples
Mas agora que está pronta... ♫
Robert seguiu. Espetou o outro pé de Alfonso, e nada. Espetou os dedos, nada. As pernas estavam cobertas de gesso, então ele partiu pro joelho. O espetou cuidadosamente.
Alfonso: Espere. – Disse, olhando pra cima. Robert ergueu o rosto, e Anahí o encarou.Robert: O que há?
Alfonso: Eu sinto isso. – Disse, a voz tremula. Robert, testando-o, enquanto o encarava, espetou o joelho dele de novo – Sinto, sim. Está furando meu joelho. – Disse, e duas lágrimas grossas caíram do olhar de Anahí, em um soluço fraco.
Robert: Perfeito. – Disse, continuando o processo.
Espero que não se importe,
Eu espero que não se importe,
Que eu tenha descrito em palavras...
Robert seguiu com a agulha. Anna, com o rosto incrédulo, observava tudo e anotava.
Alfonso: Meu braço. – Disse, na primeira vez que Robert lhe espetou o antebraço.
Robert: Em que região agora? – Testou, com a agulha perto da veia de Alfonso.
Alfonso: Perto do cotovelo, eu acho. – Respondeu, respirando ao tropeços. Robert sorriu abertamente.
Robert: Ok. Aguce seus sentidos. Eu vou testar três lugares seguidos. Se conseguir captá-los, me diga. – Alfonso assentiu, engolindo fundo.
Robert espetou cuidadosamente o pulso, um pedaço da barriga, e o tornozelo. Alfonso sorriu.
Alfonso: Barriga, tornozelo e pulso. – Respondeu, orgulhoso.
Como a vida é maravilhosa agora que você está no mundo.
Robert: Agora os aguce ainda mais. Tente o máximo que você puder. – Pediu.E ele voltou aos pés. A inicio Alfonso ficou quieto, olhando o teto, a sobrancelha fincada de concentração. Não sentia nada. Robert quase furava os pés dele, mas ele não sentia. O médico largou a agulha e esfregou a planta do pé dele com cuidado, como alguém que tenta reanimar uma parte do corpo dormente. Depois voltou com a agulha. Após algumas tentativas...
Alfonso: Meu pé. – Disse, olhando o teto. Anahí observava quieta, as lágrimas caindo em silêncio.
Robert: Qual dos dois? – Perguntou, olhando-o.
Alfonso: O esquerdo. – Respondeu.
Eu sentei no telhado
E sacudi a poeira.
Robert se virou pra Anna com um sorriso glorioso, triunfante no rosto, largando a agulha que usara no carrinho. A medica ergueu o rosto, aparvalhada, mas não disse nada. Robert se aproximou pra ver as anotações dela, comentando isso ou aquilo. Anahí ergueu a mão trêmula até a dele, que estava solta na cama, agora os dedos sem o gesso. Ela segurou a mão dele, que a inicio continuou olhando o teto. Então franziu o cenho, e virou o rosto minimamente, olhando pra ela. Anahí sorriu, dentre as lágrimas, e apertou a mão dele. Ela viu a mão dele tremer sob a sua, e os dois estavam olhando as mãos, juntas. Alfonso franziu o cenho, e Anahí sentiu a mão dele aos poucos se fechando. Parecia estar custando um trabalho horrível a ele, e demorou até que ele conseguisse enlaçar os dedos aos dela. Anahí sorriu. Alfonso deu um sorriso de canto, e a encarou. Ele sabia que ela, por baixo das falsas lágrimas, devia estar rindo do esforço dele. Sumira há dias. Ele pensou que nem voltaria mais. Mas agora que havia voltado, mesmo não sendo recíproco, ele precisava tê-la unida a ele, as mãos juntas, como antes.Anahí: Eu amo você. – Disse, em um murmúrio fraquinho, sorrindo pra ele. Alfonso ficou quieto, olhando ela. O verde dos olhos dele era o original, sem aquela camada branca, fria, por cima.
Você vê, algum desses versos me deixaram bastante irritado.
Alfonso: Deus sabe que eu também. – Disse, amargurado por estar participando do teatrinho dela, mas necessitando falar a verdade.
Anahí: Nunca esqueça isso. – Pediu, o dedo acariciando as costas da mão dele. Ele sorriu, sentindo o carinho, e com esforço deu um apertão mínimo na mão dela.
Mas o sol foi gentil enquanto eu escrevia essa canção
É pra pessoas como você que eu continuo a fazê-lo.
Robert: Os resultados são os melhores que se pode esperar. – Disse, se aproximando, trazendo os dois de volta a realidade – Se você continuar assim, seu cretino, logo liberarei pra um apartamento ao invés daqui.
Alfonso: Que espécie de medico é você? – Perguntou, virando o rosto a custo, deixando o olhar de Anahí pra olhar Robert, que parecia prestes a assoviar.
Robert: Uma espécie diferente. – Disse, satisfeito.
Alfonso: Robert, o que houve? Não me subestime. – Pediu, e Anahí baixou a cabeça, um sorriso cansado no rosto, e duas novas lágrimas caindo pro chão – Eu não conseguia sentir uma furada, e agora posso me mover, o que você fez?
Anahí encarou Robert brevemente, e aquele olhar reforçava tudo o que havia dito.
Então me perdoe por esquecer
São essas coisas que eu faço.
Robert: Digamos que eu sou um profissional e tanto. – Mentiu, sorrindo.
Alfonso: E eu tenho cara de otário. – Debochou, erguendo a sobrancelha.
Robert: Está se queixando? – Perguntou, erguendo a sobrancelha também.
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P.S.: Eu Te Amo (Livro 02)
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