22: vingança?

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Nenhuma expressão de terror poderia se comparar à expressão de Alana quando se deu conta de que Brenda também tinha sido convidada a visitar a Madre Superiora em seu escritório no dia seguinte

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Nenhuma expressão de terror poderia se comparar à expressão de Alana quando se deu conta de que Brenda também tinha sido convidada a visitar a Madre Superiora em seu escritório no dia seguinte. As até-onde-se-sabe Boas Meninas nunca tinham estado lá, e o corredor frontal conseguia ser bem apavorante por si só, sem a figura de Brenda cheia de olheiras e completamente despenteada – o que era a quase tão improvável de se ver quanto uma Boa Menina na Diretoria. Por alguma razão, o espaço não era tão bem iluminado quanto os outros ambientes do Colégio, e imagens de Santa Luzia e São Francisco de Assis inclinavam-se sobre os que ali passavam, como se alertassem que Deus tudo vê, e a Madre também.

A expectativa por não saber o motivo exato da convocação, deixando à imaginação de todas as coisas terríveis que poderiam ser a razão pela qual as duas estavam ali, conseguia ser tão insuportável que nem mesmo Brenda conseguia proferir palavra. Nem mesmo para reclamar.

            Após alguns minutos travestidos de milênios, a porta se abriu e a Madre Superiora apareceu. Ao contrário do que Alana imaginava, ela parecia serena. Não queria sair tirando conclusões, mas imaginou que se a Madre soubesse de suas relações impróprias com membros da docência, ou das tendências incendiárias de Brenda, ela estaria, no mínimo, furiosa.

            - Entrem, meninas.

            Brenda foi à frente, arrastando os pés. Alana entrou em seguida, e espantou-se ao se deparar com o Professor Tomás sentado em uma das duas cadeiras que ficavam em frente à mesa da diretora. Cada músculo de seu corpo congelou como se tivesse sido inundado em nitrogênio líquido. Ele estava de costas e ela não podia confirmar em seu rosto se estavam perdidos, ele demitido e ela expulsa. Brenda sentou-se na cadeira desocupada, e era quase audível o quanto as engrenagens de seu cérebro se esforçavam para inventar mentiras que justificassem o comportamento das meninas nos acontecimentos recentes.

            Pronto. Seriam expulsas e teriam de estudar na Pública com o restante dos delinquentes. Provavelmente apanhariam lá também, como Thales. Brenda perderia sua posição no Campeonato Nacional e os pais de Alana a enviariam para a ala psiquiátrica do hospital municipal. Isso sem contar que, sem o Professor Tomás e o Colégio Santa Luzia, Alana voltava a ser a mesma pessoa sem talento e sem perspectivas que fora antes de conhecê-lo. Tomás provavelmente seria preso, se não por ser um traficante de drogas, por ser um abusador de alunas.

            - Bom dia, Senhorita Belucci e Senhorita David. – as meninas tentaram responder, mas era impossível: o som morrera em ambas suas gargantas – Precisamos ter uma conversa séria.

            Brenda empertigou-se. Alana, percebendo, respirou aliviada. Ela tinha conseguido pensar em uma mentira e todos estavam a salvo. Tomás, sem saber disso, continuava tão tenso que corria o risco de sofrer um derrame ou algo parecido.

            - O Professor Tomás trouxe ao meu conhecimento a proximidade das duas senhoritas à Silvia Rosa, que recentemente foi suspensa por invadir os arquivos acadêmicos do professor de Literatura, em busca das provas do semestre.

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