— ONDE DIABOS VOCÊ se meteu? Estávamos preocupadas. — falou Brenda, quando Alana surgiu no fim do corredor para se reunir às outras duas para o almoço. Ela tentava disfarçar suas roupas amassadas e cabelos despenteados, e só podia esperar que a sua falta de compostura não gerasse perguntas incômodas, do tipo "Ei, Alana, você andou se pegando com alguém nos últimos vinte minutos?".
Porque ela totalmente andou se pegando com o Professor Tomás nos últimos vinte minutos.
— Eu... fui conversar com o Tomás. - respondeu ela, hesitando em afirmar o que devia afirmar. Não que sentisse que devia esconder das amigas o tal beijo dela e Tomás em plena classe, longe disso. Era mais pelo fato de que, pelo menos por alguns instantes, gostaria de reviver os últimos minutos em silêncio, tentando memorizar tantos detalhes dos últimos vinte minutos quanto fossem possíveis.
Bom, isso e a completa falta de predisposição a tomar um esporro de Brenda por ter tido a imprudente atitude de beijar um professor bem no Colégio, sujeitando-se a qualquer tipo de constrangimento – inclusive serem pegos por uma freira puritana ou por um zelador tarado.
— Não, Alana! Você não fez isso! — resmungou Silvia, preocupada.
— Alana, o que ele disse? O que você disse?
O tom de urgência das outras duas fez surgir uma pequena ruga na testa de Alana. O que poderia ter mudado em trinta minutos, da situação em que estavam antes?
— Ah, sabe como é... — sua voz demonstrava muito mais culpa do que pretendia, mas estava determinada a não compartilhar, por ora, a história do beijo com Silvia e Brenda — Eu perguntei se ele prestaria queixas, e ele disse que não. - falou de imediato, e surpreendeu-se por não encontrar qualquer traço de alívio em nenhuma das duas — Ele sabe que fomos nós, então não tinha porque eu fingir que não sabia do que estava falando.
— E ele agiu normalmente ao fato termos incendiado o casebre? O que o Tomás falou a respeito do prejuízo? — insistiu Brenda, apreensiva.
— Ele disse que o prejuízo não estava em questão, e que ele tinha ficado mais aborrecido com o fato de eu ter destruído algo que sabia significar muito pra ele...
— Ah, não, Alana! — Silvia balançava negativamente a cabeça, e Brenda desviou o olhar. Que diabos estava acontecendo? Pelo menos para Alana a coisa tinha tomado rumos muito vantajosos, considerando que a alternativa era ir para a cadeia ou algo assim.
— E o que mais?
— Ele disse que a Brenda era uma pirada e que uma simples conversa com a Professora Cristina não justificava um ataque como aquele do Dia dos Pais. — finalizou ela, abaixando a cabeça para evitar que os destroços oriundos da explosão de raiva que Brenda provavelmente estava prestes a ter a atingissem de algum modo.
— Ah, eu que sou a pirada. - ironizou Brenda, para a surpresa de Alana, que começava a suspeitar que alguma coisa estava muito errada se a amiga não estava atropelando tudo o que via pela frente – O que mais?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Confie Nas Boas Meninas
Fiksi RemajaAlana David e suas melhores amigas, Brenda e Silvia, são o tipo de garotas que nunca se metem em problemas. Sempre chegavam em casa antes das dez, não fumavam cigarros e não se metiam com os garotos da escola pública. Eram conhecidas no Colégio Sant...