Alana David e suas melhores amigas, Brenda e Silvia, são o tipo de garotas que nunca se metem em problemas. Sempre chegavam em casa antes das dez, não fumavam cigarros e não se metiam com os garotos da escola pública. Eram conhecidas no Colégio Sant...
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Em termos de prevenção de surtos desnecessários, Silvia era a melhor opção para revelar a declaração de Thales da noite passada. Mesmo porque, Silvia se revelara a Voz da Razão em situações muito mais espinhosas do que aquela, a dizer, quando havia a possibilidade de o Professor Tomás ser um traficante, e seu conselho era muito bem-vindo.
- O clássico caso de friendzone. - qualificou ela, após ouvir todo o relato de Alana – Eu sempre soube que ele tinha uma queda por você. Ele te olha com idolatria.
- Isso não é verdade. - argumentou Alana, por alguma razão, totalmente incomodada com o que a amiga dizia – Eu nunca reparei.
- Por favor. Ele te olha do jeito que Brenda olha para medalhas.
- Onde está a Brenda, falando nela? - perguntou, olhando nervosamente para os lados. Brenda não ia gostar nem um pouco de saber daquela paixonite de Thales por Alana, muito embora tivesse namorado, o que a desautorizava de gostar ou desgostar do que quer que seja.
Mas não era assim que a lógica de Brenda funcionava, e Alana sabia bem. Todos os caras por quem ela se interessara, estava interessada ou considerava se interessar remotamente num futuro distante estavam vetados a todas as suas amigas, e a amizade funcionava melhor assim.
- Sei lá, ela sumiu mais cedo. - Silvia deu de ombros – A questão é o que você vai fazer agora. Com relação ao Thales e tal.
- Eu pretendia ignorá-lo até que ele mudasse de ideia. - admitiu Alana, de cabeça baixa.
- Porque essa é a decisão madura a se tomar. - ela levantou as sobrancelhas loiras em um sinal de julgamento e ironia, e estava perfeitamente certa naquele ponto. Alana sentia que gastara toda sua maturidade na noite passada, colocando aquele vestido justo e bebendo cerveja com seu não namorado de quase trinta anos.
- Eu não quero ser madura! Eu não quero nem ter que pensar nisso! Só queria poder desfazer tudo que aconteceu com o Thales ontem e voltar para o momento perfeito de ignorância e bênção, no qual eu não sabia desses tais sentimentos dele por mim.
- Não existe nem uma chance de vocês ficarem? - os olhos azuis reluzentes de Silvia estavam tremeluzindo às luzes fracas do Colégio Santa Luzia. Alana não sabia dizer se ela só estava desejando profundamente que a amiga parasse de se envolver com o Professor para ter um relacionamento normal com alguém do seu tamanho, ou se só estava dominada pela fofura da situação. Nem mesmo Silvia, muito mais da razão do que da emoção, conseguia resistir ao caso clássico de eu-estava-aqui-o-tempo-todo-só-você-não-viu.
Inclusive, anotara mentalmente: inserir uma playlist emo no seu site alternativo de música indie. Ela fora muito feliz ouvindo Pitty na sua sétima série, e seus internautas mereciam saber disso.
- Nem em um milhão de anos. - respondeu Alana, fazendo o sinal da cruz. A imagem de ela e Thales atracados em um beijo era enojante, e ninguém mais parecia achar o mesmo.
