47: brenda está sempre certa

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A primeira vez que Alana se sentiu bem em cinquenta dias foi quando uma das Mercedes dos Belucci deixou uma Brenda mais musculosa e mais bronzeada – mas que ainda preservava algumas características típicas de Brenda, como o rabo-de-cavalo no topo ...

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A primeira vez que Alana se sentiu bem em cinquenta dias foi quando uma das Mercedes dos Belucci deixou uma Brenda mais musculosa e mais bronzeada – mas que ainda preservava algumas características típicas de Brenda, como o rabo-de-cavalo no topo da cabeça e cílios enormes cobertos por inúmeras camadas de máscara – em frente à sua casa, direto do acampamento de ginástica para o qual ela se exilara.

            Ver Brenda caminhando em sua direção e parando com as mãos na cintura, o sol dourando o topo de seus os cabelos escuros, era como assistir à Mulher Maravilha estacionar seu avião invisível na frente de sua casa para resgatá-la do inferno que sua vida se tornara sem que ela percebesse.

            Ninguém mais pode me machucar agora.

Quando Alana passou a porta e caiu nos braços da melhor amiga em frente ao quintal, até seus desmiolados pais souberam que alguma coisa estava errada. Alana afundou o rosto na curva do pescoço de Brenda e fez tudo o que pôde para conter a enxurrada de lágrimas que eventualmente despencariam. É claro que Brenda já sabia que aquela respiração ofegante só podia vir de quem estava contendo os próprios sentimentos, por isso – e para despistar os pais de Alana – ela berrou, com a voz fingidamente chorosa:

            – Também estava morrendo de saudades! – e só para Alana, murmurou em seu ouvido – O que aquela aberração fez com você?

            A mãe de Alana levou a mão direita ao lado esquerdo do peito, comovida com a amizade sincera entre as duas meninas; ela só não fazia ideia do quanto aquela amizade significava para Brenda, e o que ela costumava fazer quando magoavam suas amigas.

            – Me desculpa. – implorou Alana com a voz embargada – Você estava certa, tão certa... sobre tudo!

            – Ê miséria. – a amiga se afastou, mas manteve as mãos nos braços de Alana para impedir que ela se desviasse – Você está admitindo que eu estou certa. O que está errado?

            – Não aqui. – ela indicou os pais com uma pequena virada de olhos, aborrecida com o momento em que eles escolheram se importar com sua existência. Brenda assentiu com um imperceptível gesto de cabeça, e gritou para os pais de Alana em seu tom mandão que não correspondia às expectativas dos adultos de quando crianças dirigem a palavra a eles: – Alana e eu vamos tomar um sorvete! Vejo vocês depois.

            Ela não estava pedindo. Estava avisando.

Como era de se esperar, os pais de Alana não se importaram. Brenda arrastou a amiga pelo braço até a Mercedes que as aguardava, e comandou ao motorista que dirigisse em círculos pela cidade, acrescentando uma amigável ameaça a sua vida caso uma palavra do que fosse dito chegasse aos ouvidos dos pais de alguma das duas.

            – Eu vou matar ele. – repetia ela ferozmente, na medida em que Alana acrescentava os detalhes da história – Eu vou acabar com a vida dele. Vou queimar ele, a irmã dele e tudo o que ele tem até não sobrar nada além de cinzas. Vou incendiar aquelas roupas de velho dele, e aquele carro com cheiro de mato. Vou torrar cada pedacinho de papel manuscrito daquela porcaria de livro que ele está escrevendo, e ele vai ter que começar tudo de novo, sem o seu talento para ele parasitar.

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