Can'7 Hate You

1ª conversa

Depois de BamBam pagar sua comida, ambos saíram da lanchonete, às 18:05. O Sol ainda estava se pondo mas os postes já estavam brilhando a luz amarelada e forte — alguns ainda brilhavam uma cor mais clara e semelhante ao luar —, o ciclo noturno e a história dos dois estava prestes a começar.

– Hey, Jackson, vamos ver o pôr-do-sol! – BamBam já estava o puxando pelo braço para o parque mais próximo. – É tão lindo. – seus olhos cintilavam.
– Não é mais bonito que você... – Ele disse baixinho para si.
– Disse algo?
– Não, nada – havia corado só naquele meio segundo – vamos ver, deve mesmo ser bonito.

Os dois assistiram o Sol se pôr no horizonte, beijando o solo e sumindo entre as árvores do parque — pelo menos o que restara delas — era realmente um evento memorável, mesmo que ambos não conseguiam enxergar com todos aqueles galhos secos na frente. Uma pena não poderem ver tudo com mais clareza.

– É... Ele se foi – o garotinho erguia seu braço tentando alcançar o último feixe de luz solar que restava – Agora vai ficar mais frio – Ele sorriu para o outro e se levantou do banco onde se sentou.
– Você sempre vê isso? O Sol se pôr, digo. – ele disse, se levantando também e colocando as mãos nos bolsos da calça.
– Sim, eu acho algo incrível, eu gosto muito de ver ele indo embora, acho adorável.
– Sabe o que é mais adorável? – fez uma pausa e pensou – Ver ele nascendo...
– Eu nunca consegui ver ele nascer... Não fico acordado até muito tarde.
– Pois devia tentar um pouco – Jackson sorriu pra ele, um pouco mais atrás, agora estavam caminhando.
– Vou tentar um dia... – BamBam apressou um pouco o passo para alcançá-lo.

Eles falaram um pouco sobre tudo que gostavam ou não gostavam, vendo muitas de suas diferenças e suas coisas em comum. Estavam indo para a casa do que viesse a chegar primeiro — Provavelmente seria a casa do pequeno homenzinho — ele morava mais próximo do centro.

– O que você faz da vida? Bam
– Eu ainda estou estudando, estou no 2º ainda... – seu olhar estava nos seus pés
– Você gosta de estudar?
– Até que sim, tem coisas que eu não gosto muito, tipo Redação – ele fez uma careta delicada ao falar sobre redação. Jackson tinha achado adorável e fofo – você faz algo além de trabalhar naquela lanchonete? Jackkie
– Na verdade não... Eu não terminei meus estudos, eu preferi sair de casa... Não conseguia me dar bem com as pessoas da escola. – falou num tom um pouco triste.
– É, as pessoas não são lá tão fáceis de lidar às vezes... – o pequenino olhou para o loirinho – Você parou em que ano?
– Eu ia fazer o 3º, mas desisti...
– Eu acho que tive uma ideia... – seu sorrisinho um pouco maléfico afetava o psicológico de Jackson, que não conseguia nem perguntar o que ele pensara – que tal nós dois estudarmos juntos ano que vem?
– Hum.... Não é má ideia, mas eu não teria como pagar, e nem estudar caso pagasse com o dinheiro da lanchonete.
– Isso não é problema. Eu ajudo você, eu vou te ajudar a pagar a escola e você pode estudar. Você pode conseguir coisa melhor se tiver estudo completo não é?

Jackson teve de pensar um pouco ainda sobre o assunto... Não sabia se era certo, afinal fazia uns 3 anos que não estudava, e ele seria o mais velho, ficaria tímido...

– Olha, eu não sei... Eu teria muita vergonha, não conseguiria estudar tendo tanta pressão assim em mim.

BamBam o encarou, e o examinou com seus olhos, olhando bem no fundo do dos outro, ele sabia que Jackson queria e não queria estudar ao mesmo tempo. Mas a todo custo ele queria muito que eles estudassem juntos. E foi com isso em sua mente que, na calçada daquela rua movimentada e com as pessoas passando ao redor dos dois que ele decidiu usar sua arma secreta...

– Por favooooooor Jackkie – ele disse afinando a voz, juntando suas mãos e o olhando como se fosse um cãozinho pequeno e abandonado. – Você não faria isso por mim?

Jackson ficou vermelho e franziu seus lábios para aquela cena, as pessoas estavam olhando e algumas até pararam para observar o que estava acontecendo, olhando para o loiro maior como se ele tivesse feito algo muito errado e estivesse sendo punido com todos o julgando. Agora, BamBam estava começando a fazer uma cara de choro e se ajoelhando perto aos seus pés, colocando seus joelhos colados nos tênis. Foi a partir de ali que algumas pessoas passaram e sussurravam sobre eles, fofocando sobre o que estava havendo entre eles.

– Tá bom Bambam, mas levante-se – ele disse, já pegando ele pelo braço e levando até a casa dele. BamBam estava feliz com o que tinha ouvido.
– Yay! Vamos estudar juntos.
– Você conseguiu o que queria, então por favor não faça mais aquilo. – eles estavam já no interior da sala do Pequeno menino – onde estão seus pais? É um apartamento muito bonito...
– Ah... Eu moro sozinho, meus pais deixaram eu vir estudar aqui em Seul mas eles estão na Tailândia... Fique a vontade.
– Que seja o que você diz – ele deitou no sofá, cansado – é muito confortável...

O apartamento do tailandês era simplesmente grande comparado aos apartamentos comuns, como o de Jackson. A sala era grande e tinha uma visão ampla de Seul. Os móveis combinavam com as cores do chão de madeira branca — como um chocolate branco — tudo na sala era em tons claros ou pastéis, e tinha um tapete felpudo preto, que era a única coisa no chão da sala que se diferenciava. Jackson se sentiu no céu dentro daquele lugar, era tão bom, e silencioso. Na cozinha, todos as pedras da cozinha eram pretas, porém o chão continuava branco. O estranho, era que não havia nenhuma mesa para se comer num conjunto, era tudo muito solitário. Havia apenas espaço para comer na sala ou em um quarto — sim, é um apartamento com mais de um quarto — Wang pensou em como o seu mais novo e pequeno parceiro se sentia...