Ainda no 1º Dia

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Yume PDV's

O veterinário era gentil, foi calmo com o Mr. Fluffy Patches que estava miando e dando algumas mordidas na manga de seu jaleco. Era um lugar calmo e bom, adorei estar lá e ver como os animais eram tratados bem.

– Olha, ele está machucado, mas fiz os curativos para que não piore, mas ele terá que tomar alguns antibióticos e ter limpeza dos curativos regularmente.
– Mas eu não sou a dona dele...
– Ah... Bem, vamos ligar pro número na coleirinha.
– Okay.
– Se quiser já pode ir, o gato não é seu e você pode não se preocupar.
– Mas eu me preocupo, eu vou ficar, pelo menos até a dona chegar.
– Ah – Ele sorriu – Então pode aguardar lá na sala de espera enquanto eu ligo.
– Okay, vou lá. Também farei uma ligação.

Sai da sala, dando uma última olhada no gato, o qual me deu uma olhada em reciprocidade [mídia], eu fui na frente, indo para a porta da clínica e pegando o celular, um iPhone 6s na cor azul — melhor cor — e disquei o número de Jackson.

Flashback off

Fiquei no aguardo da chegava dele, sentada numa das cadeiras de plástico próximas a parede branca, olhava de vez em quando o relógio do celular e esperava o veterinário dar algum tipo de notícia sobre o gatinho cujo a dona parecia não dar nenhum tipo de sinal de vida, imagino se ele foi abandonado. A sala estava vazia, o ar condicionado ligado no mínimo mesmo que estivesse bem frio já, minha blusa tinha sido deixada na sala de consulta com o gato, que estava muito provavelmente dentro dela se aquecendo. Esfregava minhas mãos em meus braços na vã tentativa de me manter aquecida, usar uma blusa polo bege de manga curta não era uma boa ideia no inverno, muito menos quando não se tinha nem um cachecol ou um ponche; minhas calças jeans pretas e a bota eram de fácil invasão pelo frio, estava quase morrendo por um tipo de hipotermia, até Jackson chegar.

– Oi. Desculpa demorar – ele ofegava, colocando suas mãos em seus joelhos e respirando.
– Tudo bem... Vamos ter que ficar aqui por mais um tempo.
– Sério? Por que?
– Ainda não tive notícias do Mr. Fluffy Patches. – abaixei a cabeça.
– Você deu nome pra ele??? – ele me olhou – Isso não se deve fazer. Você se apegou a ele agora.
– Que se dane. – estava farta da situação, frio e ele falando em meu ouvido.
– Okay. – ele sentou ao meu lado.

Estava com certa inveja dele, ele estava totalmente agasalhado, enfiou sua cabeça em seu cachecol, ficando apenas com os olhos para fora. Seu moletom preto parecia quente e confortável, também tinha suas luvas cobrindo suas mãos grandes. Tudo estava coberto, apenas o cabelo loiro para fora, provavelmente não tinha tempo para colocar o boné.

O frio estava tão intenso que meus lábios estavam tremendo um pouco, esfregava meus braços mais rápido e respirava em minha mão para manter-me aquecida.

– O que foi? – ele disse com a voz abafada pelo cachecol.
– Nada.
– Está com frio?
– ... – maldito seja meu orgulho.
– Aqui, pegue. – ele me disse me passando um cachecol, que devolvi por ser teimosa. – Pegue logo. Pare de cu doce.

Ele colocou o cachecol vermelho de trico em meu pescoço à força, me aquecendo apenas o pescoço, mas era melhor que nada. Cruzei os braços, os esfregando apenas de vez em quando para manter a temperatura. Ele passou o braço por meu pescoço e colocou o moletom sobre meus ombros, senti meu rosto dar uma leve queimada.

– Você não vai sentir frio?
– Não, eu estou bem. – ele disse, mostrando a manga longa.
– Ah... Okay então. Kunpi está bem?
– Quando eu sai ele estava encarando o chão e não respondeu a nada...
– Entendo... – Ficamos um pouco em silêncio.
– Yume?? – O veterinário apareceu.
– Sim? – me levantei.
– A dona do gato não o quer mais... É uma pena, mas eu senti que você ia querer saber.

Jackson PDV's

Yume estava paralisada, seu punho estava apertado e ela olhava para baixo, o veterinário estava a observando, esperando algum tipo de resposta. Depois de 2 minutos mais ou menos, ela deu um suspiro, pesado e demorado, ela andou até a sala de consulta e saiu de lá com o gato em suas mãos, parecia isso que o veterinário estava esperando. Ele sorriu para ela, que parecia com raiva e com ódio em suas mãozinhas.

– Eu vou levar ele. – ela pegou dinheiro no bolso da blusa onde o gato estava e deu a ele. – quero um saco de ração também, por favor.
– Ah, okay – ele sorriu para ela em aprovação. – fico feliz em ver que você tem tão bom coração. – ele entregou para mim o saco de ração e colocou um papel no bolso da blusa dela.

Fomos andando lado a lado, íamos com pressa para não deixar BamBam sozinho, o gato adormecido nos braços dela, enquanto o seu andar era o mais delicado possível ainda que apressado. Além do saco de ração, ele tinha posto tigela, saco de areia e outras coisas de gato, provavelmente ele tinha se importado demais com a garota e com seu mais novo gato — que bom, espero que fiquem juntos e me deixem.

As ruas estavam vazias e frias, o céu cinza sobre nossas cabeças brilhava e espalhava sua luz acizentada. Já chegaríamos em meu apartamento, quase lá, poderia finalmente abraçar Bam e cuidar dele. Quero muito ser capaz de fazê-lo sorrir de novo, ele era meu amigo mais precioso, meu melhor bem e motivo que tenho agora para continuar.

– Jackson... – ela me olhou, estava um pouco séria. – Cuide bem dele.
– De quem?
– Do Kunpi-kun. Ele merece atenção e carinho, amor também.
– Eu sei, eu cuidarei dele.
– Só não abuse dele, seu estado vulnerável não significa que você pode tirar proveito dele.
– E-eu não vou fazer isso. – senti meu rosto queimar. Não sou esse tipo de pessoa.

Chegamos no apartamento, a porta continuava do jeito que eu tinha deixado e isso me aliviou, abri a porta devagar e em silêncio pois não sabia se ele estaria dormindo. Yume entrou primeiro e deixou o gato no chão, o qual saiu andando pela casa; entrei e deixei a sacola com todas as coisas próximo a porta. BamBam não estava na cama, mas não parecia ter saído, isso me deu um aperto no coração.

Procurei pela cozinha e então fui ao banheiro, estava trancado, significa que ele estava ali. Bati na porta e o chamei, sem obter nenhum tipo de resposta. Coloquei meu ouvido na porta e ouvi uma espécie de choro.

– BamBam... Abra a porta, por favor. – ele continuou chorando. – Ba...Kunpimook, por favor, me ouça... Abra a porta pra mim por favor, eu quero te ver e falar com você.
– Okay – ele finalmente disse. Abrindo a porta.

Quando o vi, ele estava loiro, tinha descolorido o cabelo e estava chorando. O abracei e fiz carinho em sua nuca, ele se sentia arrependido sem dúvida, mas por que tinha feito aquilo?

– Kunpi – Yume apareceu atrás de mim. – O que houve?

Ele se soltou de mim e foi para os braços dela, os dois foram juntos para minha cama, se abraçavam e ele chorava no ombro dela enquanto recebia carinho e beijos em sua testa. Eram como irmãos inseparáveis, sentia inveja, mas pelo menos ele se sentia melhor. O gato ajudou a acalmá-lo mais ainda, ele ficou fazendo carinho e brincando com ele, o que o acalmou.

Quero que essa dor toda acabe logo.

Can'7 Hate YouOnde histórias criam vida. Descubra agora