Capitulo 38

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— Tô cozinhando pra gente. - falou sorrindo.

Soltei ele e sentei no balcão, ele desligou o fogo e me olhou.

— Precisamos conversar... bom, na verdade é só me ouvir.

— Aconteceu alguma coisa?

— Eu sei que vai ficar bravo, mas só me escuta, tá?

— Fala logo, Cat.

— O Caio. Voltou hoje, e amanhã vou almoçar com ele pra...

— Não acredito nisso. - disse Nick me interrompendo. — Vai jogar tudo no lixo por causa daquele mané?

— O que? Não... Nick, não é isso.

— Puta que pariu Catarina. Depois de tudo o que aconteceu, depois de eu ter desistido de tudo e mudado por você, vai voltar feito uma cadela pra ele?

— Você tá sendo um idiota. - falei já sentindo as lágrimas molharem meu rosto.

— É, eu tô mesmo. Vai lá com aquele otário mas quando ele der mancada eu não vou voltar correndo pra você. - gritou e saiu batendo a porta.

Sentei no chão e me encolhi, chorei sentindo um aperto no peito, e me arrastei até meu quarto. Não consegui dormir bem, fiquei a noite toda dizendo a mim mesma que foi só uma briga, e que iríamos nos resolver, quem sabe.

Levantei as 5:00, meu rosto ainda estava inchado do choro, tomei um banho quente e não consegui conter as lágrimas, os pensamentos ruins e o aperto no peito voltou. Saí do banho e me enrolei na toalha, fui até o quarto do Nick e virei a maçaneta. Estava trancado. Voltei ao meu quarto e me deitei de novo. Eu não queria conversar com o Caio, queria ficar o resto da semana trancada no quarto, na fossa. Mas resolvi me arrumar e acabar com isso de uma vez. 12:00 o Caio parou em frente ao meu prédio. Fui sair do apartamento e vi Nick saindo do quarto.

— Tá fazendo um papel ridículo. Você nem me deixou falar...

— Acabou. - ele falou seco e eu saí.

Enxuguei as lágrimas que brotaram, tirei o colar que Nick havia me dado na Bélgica e o anel, guardei na bolsa e desci.

Entrei no carro e Caio me abraçou, não conversamos durante o caminho, ele parou em um restaurante e escolheu uma mesa, sentamos de frente um para o outro. Ele fez nossos pedidos e então começou a falar.

— O Fefe, meu primo, disse que você e o Nick estão juntos. - falou um pouco seco.

— Estávamos... - falei sentindo um nó na garganta.

— Você não esperou por mim...

— Você não pode cobrar nada, você sumiu, não mandou nenhuma mensagem, nem ligou, mas com seu primo e sua mãe você manteve contato, tem explicação pra isso?

— Pensei que você se jogaria nos braços do seu amigo. E foi o que aconteceu... - abaixei a cabeça e deixei as lágrimas escaparem.

— Me leva pra casa, por favor.

— Não Catarina, eu não quero que você se sinta mal, eu gosto de você. - falou se aproximando e erguendo meu rosto.

— Eu... - comecei, mas ele me calou com um beijo.

— Me desculpa por ter sumido.

— Me desculpa por ter ficado com o Nick, foi um erro. - falei e limpei as lágrimas, ele assentiu e nossa comida chegou. Comemos e fomos para a casa dele.

Chegamos junto com Karen, ela me cumprimentou e pediu sigilo sobre Ricardo, quando ficamos alguns minutos sozinhas na sala.
Quando olhei meu celular, havia várias mensagens e ligações da Sisi. Saí lá fora e liguei pra ela.

— Meu Deus Cat, você tá bem? - perguntou preocupada. — Fiquei sabendo e tentei te ligar...
- encostei na parede e comecei a chorar, toda a cena da briga me veio a cabeça. — Agora tá tudo bem amiga, aquele cretino vai ser pego. - falou e então eu me toquei, era do assalto que ela tava falando.

— Vem me buscar aqui no Caio?

— No Caio? O que você tá fazendo aí?

— Depois te explico.

Passei o endereço pra ela e fui falar com Caio, me despedi dele e fiquei esperando Sisi lá fora. Quando ela chegou, entrei no carro e me joguei em seus braços. Chorei enquanto ela me olhava e acariciava meus cabelos.

— O Nick, terminou comigo. - falei quando consegui me acalmar.

— O que? Tá de brincadeira? - perguntou incrédula.

— Nem sei por onde começar... O Caio... ele me ligou, disse que tinha voltado, e eu juro pra você que eu iria conversar com ele pra falar que eu tava com o Nick, mas quando eu fui contar pro Nick, ele surtou, e não me deixou nem terminar.

— Porra, o Nick é louco? Eu vou conversar com ele.

— Não Sisi, eu vou ficar bem, o Nick me tratou muito mal, eu só quero esquecer tudo isso.

— Vamos lá pra casa. - disse e deu partida no carro.

Chegamos em sua casa e eu deitei em sua cama, ela ficou fazendo cafuné em minha cabeça e eu acabei dormindo. Sisi me acordou horas depois, tomei um banho e coloquei uma roupa sua, passamos em casa e Nick não estava, peguei minha mochila e fomos para o colégio. Quando as aulas acabaram Sisi me deixou em casa, ela tentou me convencer a ir pra casa dela, mas eu precisava ficar sozinha. Entrei em casa e estava tudo silencioso, entrei em meu quarto e me joguei na cama, fiquei pensando nos últimos acontecimentos e tentei ler um pouco. Algumas horas depois ouvi um barulho na casa. Me levantei e abri a porta, fiquei encostada do batente e vi Nick se aproximando. Ele estava bêbado, cambaleando, trombou o ombro no meu e passou por mim como se eu não estivesse ali, entrou em seu quarto e trancou a porta. Engoli a seco e saí do apartamento, estava sentindo o mesmo nó na garganta. Já eram quase duas da manhã, caminhei até a praia que ficava a 10 minutos de casa e caí de joelhos na areia. Sentei em cima das pernas e respirei fundo, não queria chorar novamente, senti a brisa fresca e prendi o cabelo num coque.

Que merda tinha acontecido?

Afastei as lembranças e comecei a caminhar indo rumo ao mar, tirei os chinelos e molhei meus pés. Fiquei um tempo lá olhando para o breu, com a mente vazia mas me lembrei que eu estava de pijama, então voltei pra casa. Entrei, me joguei na cama novamente e dessa vez consegui pegar no sono.

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