Capitulo 72

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Senti uma mão afagar meus cabelos e descer contornando as maçãs do meu rosto.

— Tão lindo. - sussurrou a voz da Cat.
Abri meus olhos imediatamente e me deparei com ela sentada na cama ao meu lado. Me aproximei e segurei seu rosto já sentindo minhas lágrimas brotarem.

— Você tá aqui? Tá bem? Meu Deus, você acordou! - falei e em seu rosto brotou um lindo sorriso, aquele que eu me apaixonei. - Você ta mesmo aqui? - sussurrei e ela levou o dedo indicador até meus lábios.

— Não desiste de mim, ta? Por favor. - sussurrou de volta.

— Nunca, eu nunca vou desistir de você. De nós. - respondi e ela assentiu fechando os olhos.

Acordei assustado e fui direto pro banho. Eu estava ensopado de suor.
Eu não queria acreditar que aquilo foi apenas um sonho, não queria acreditar no real lugar onde a Cat estava, aquilo era deprimente.
Fiquei um tempo embaixo da ducha tentando me recompor, depois me vesti e fui a cozinha procurar algo pra comer, já era tarde.
Arrumei minha bagunça e sentei no sofá pra ver TV. Alguns minutos depois a Flávia chegou. Ela já havia ido em casa deixar suas coisas, mas eu estava dormindo.

— Como foi de viagem? - perguntei após ve-la desabar ao meu lado.

— Cansativa, mas valeu a pena. Eu fiquei um bom tempo resolvendo uns assuntos no hospital. Prenchendo um monte de papelada, pura burocracia.

- Pra que? - perguntei desligando a TV pra prestar atenção nela.

— Pra transferir a Catarina pra um hospital de São Paulo.

— Entendi. E aí?

— Eles estão analisando a possibilidade, que é grande. Ela tem respondido aos estímulos e a última tumografia que fizeram, apresentou um ótimo resultado. É só questão de tempo pra nossa princesa acordar.

— Eu não poderia estar mais feliz com isso. - respondi e ela me olhou sorrindo.

— Nick, quando nós formos pra lá...

— Eu vou também. Quer dizer, vou pra casa dos meus pais. Mas não vou ficar longe dela.

— E sua vida aqui no Rio?

— Como eu já terminei o primeiro ano da faculdade, não vou trancar, tenho fé que até fevereiro as coisas fiquem melhores. O emprego, eu tento arrumar outro em São Paulo e meus amigos, eles estão me apoiando.

— Que bom, Nick.

— Se der certo, quando vocês vão?

— Depois de amanhã.

— Ta. - levantei e fui me trocar pra ir ao hospital.
Só pude ficar cinco minutos na UTI, nem de longe aquilo era o suficiente, mas minha fé dizia que logo estaríamos juntinhos de novo.
Só de imaginar ela me olhando nos olhos, me tocando, falando em meu ouvido, eu já me enchia de alegria.

No outro dia, a Flávia resolveu as ultimas coisas que faltavam. E eu fui ao escritório, pedir minha demissão.
Só fazia um mês que eu estava trabalhando lá, talvez eu nem conseguisse outro emprego tão fácil assim, mas eu tentaria, pela Cat eu faria qualquer coisa.
Ajudei Flávia a arrumar uma mala com algumas roupas da Cat, e eu arrumei a minha.

No dia seguinte, Flávia foi bem cedo pro hospital. E eu fiquei pra terminar de arrumar algumas coisas. Um pouco mais tarde, eu sai de casa, minha mala, a da Cat e da Flávia estavam todas amontoadas no meu carro.
Fui o caminho todo escutando música, tentando calar meus pensamentos. Eu estava com medo de acontecer alguma coisa, da Cat ter alguma complicação ou algo do tipo.
Parei em um restaurante na beira da estrada pra almoçar e esticar as pernas. Liguei pra Flávia e ela me assegurou que estava tudo tranquilo.
Por volta das 15:30 eu cheguei em casa. Estacionei o carro na entrada e usei a chave que eu ainda tinha pra entrar.
Minha mãe levou um baita susto ao me ver, correu em minha direção e me olhou com um pouco de preocupação.

— Nicolas? O que faz aqui? Aconteceu algo?

— A Catarina sofreu um acidente. Mas isso já faz 33 dias.

— Acidente? 33 dias? Por que não me disse isso antes? - perguntou e eu a olhei com raiva.

— E desde quando vocês se importam com algo que acontece na minha vida, ou na vida da Cat? - perguntei já sentindo meus olhos arderem.

— Nicolas... - disse me puxando pra um abraço e eu correspondi. — Sinto muito, de verdade. - falou e eu assenti.
Ficamos mais alguns segundos abraçados e então meu pai apareceu na sala.

— Nicolas? - perguntou se aproximando.

— É, esse continua sendo meu nome. - respondi ainda chorando.

— O que aconteceu?

— A Catarina sofreu um acidente. - respondeu minha mãe por mim.

— Como ela esta? - perguntou ele.

— Isso ele ainda não me disse. - falou minha mãe e nós nos sentamos.

Contei tudo o que aconteceu pra eles, detalhe por detalhe, e eles se prontificaram a ajudar com as despesas medicas.
Eles realmente gostavam mais da Catarina do que de mim, mas fazer o que, até eu gostava mais da dela do que de mim mesmo.
Fui pro meu antigo quarto e deitei na cama, deixando minha mala no chão ao lado da mesma.
Liguei pra Flávia pra ter noticias. A Catarina estava sendo internada, foi tudo tranquilo e por enquanto tudo estava indo bem. Apaguei sem nem perceber, eu estava exausto.

Quando acordei, tomei um banho e fui a cozinha procurar algo pra comer, meus pais já haviam jantado. Fiz um omelete, comi e depois limpei a cozinha. Voltei pro quarto e desfiz minha mala. Era tão estranho estar naquele quarto novamente.

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