Era quarta feira, estávamos na metade da semana ainda e eu já me sentia um caco.
As provas finais estavam chegando e eu não tinha cabeça pra estudar, tudo que eu fazia era pensando em como a Catarina estaria naquele hospital.
Sai do escritório e fui pro hospital. Subi direto e encontrei Flávia encostada na janela do quarto, conversando ao telefone.— Eu também estou com saudade, princesinha. - disse com os olhos marejados. — Mamãe logo vai estar ai com sua irmã. - fungou e completou. — Te amo, e obedece seu pai.
Engoli a seco vendo aquela cena, eu nem conseguia imaginar o que a Flávia estava sentindo, vendo uma das filhas naquele estado, e longe da outra.
Ela desligou o telefone e olhou pra trás, encontrando meu olhar, eu ainda estava parado na porta.— Nico.
— Oi. - falei e me sentei na ponta da cama.
— Os médicos vão tirar o aparelho. - disse ela e eu imediatamente a olhei.
— Vai ser só um teste, mas vamos torcer pra dar certo.
Assenti com a cabeça e segurei a mão da Cat.— Vai ficar tudo bem. - sussurrei e beijei a mesma.
Cerca de vinte minutos depois, uma equipe de médicos entrou no quarto, e levaram a Cat novamente pra UTI, a Flávia os acompanhou e eu fiquei na sala de espera.
Quase uma hora depois Flávia apareceu aos prantos.
Na hora um frio percorreu todo meu corpo. Seja lá o que a Flávia me falaria, eu rezei pra não ser: "ela não resistiu".
Corri em sua direção e a olhei já derramando lágrimas que pesavam mais que uma tonelada.— Por favor, não me diz que ela... - comecei mas não consegui terminar por conta do nó na garganta.
— Não deu certo. Os aparelhos dela começaram a apitar, eu acho que ela teve uma parada respiratória, eu não sei, eles me tiraram de lá. - falou entre soluços e me abraçou.
— Preciso de um cigarro. - falei levando a mão ao bolso e me afastando, indo rumo a saída do prédio. Algum tempo depois um médico veio conversar com a gente. A desintubação foi um fracaso, mas eles estabilizaram a Catarina, e ela estava fora de risco. Ficaria algumas horas na UTI, mas era só pra ser observada. O que foi um alivio.
Se passaram exatamente 16 dias, durante esse tempo, toda a galera foi ver ela, até algumas pessoas da turma dela, que não eram tão chegados, mas mesmo assim foram. E todos estavam rezando para a melhora dela.
Era sexta feira, por volta das 20:30h, eu estava ficando no hospital com a Cat, como acompanhante. A Flávia havia voltado para São Paulo para resolver umas coisas pessoais, mas voltaria em alguns dias.
Sentei na poltrona que havia alí, e comecei a mexer em minhas redes sociais, quando um médico entrou no quarto e me chamou atenção.— Boa noite. Sou doutor Alberto, e vou acompanhar o quadro da Catarina.
— É um prazer. Sou Nicolas. - falei me levantando e estendendo a mão para ele que retribuiu.
— É você o responsável pela paciente? - perguntou a observando.
— Sim.
— Tudo bem, eu gostaria de conversar com você, se me permite.
— Claro, claro.
— A Catarina apresentou uma melhora muito significativa durante esses dias, e isso é resultado da pouca idade dela, o melhora em pacientes mais velhos é bem mais lenta. Como você sabe, a paciente não está mais sendo sedada, e eu junto com toda equipe de médicos, entramos em um consenso para a retirada do tubo traqueal.
Assenti aliviado.— Se funcionar...
— É mais uma etapa que a Catarina conseguira vencer. Precisamos da sua autorização, pois sei que a última tentativa foi mal sucedida.
— Pois é, você pode me dar um minuto? Preciso ligar pra mãe dela.
— Claro, eu volto daqui a pouco. - respondeu e saiu.
Peguei meu celular e liguei pra Flávia no mesmo instante.— Oi Nico, está tudo bem?
— Sim, os médicos precisam de uma autorização pra retirada do aparelho respiratório. - falei em meio as lágrimas.
— Ela está melhor?
— Está sim.
— Então autorize. Se Deus quiser vai dar certo. Amanhã cedinho eu vou praí. - falou evidentemente feliz com a notícia.
— Tudo bem. Vai dar certo. - falei otimista.
— Vai sim. E obrigada, por não sair do lado dela.
— Eu nunca vou sair.
As 7hs do dia seguinte, eles levaram a Catarina pra UTI, e eu os acompanhei.
Duas horas depois eu estava em casa, exausto e morrendo de sono.
Tomei um banho, um copo de leite e me joguei na cama.
Dormi um pouco, mas acordei com meu celular tocando, era a Flávia, ela havia acabado de chegar ao hospital e visto a Cat, que estava na UTI e permaneceria lá por mais um dia em observação. Por enquanto ela estava respirando sozinha.
Acabei dormindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mais que amigos
Teen FictionNick e Catarina se conhecem desde crianças e quem vê os dois juntos acreditam que são um casal, mas longe disso, são apenas amigos, será que essa amizade de longa data pode se transformar em amor?