No dia seguinte Nick me acordou bem cedo, e fomos a praia pra eu conhecer o tal Cesar. O cara era super gente boa, me apresentou para o resto da galera e tentou me ensinar o lance do slackline, mas acho que não era só o Nick que não tinha equilíbrio. Um pouco antes do almoço Cesar nos convidou para almoçar com ele. Dirigiu até um shopping próximo e escolheu um dos restaurantes.
— Kitesurf? - perguntou Cesar direcionando sua atenção a Nick e eu, após sentarmos.
— Não. - respondemos em uníssono.
— Stand up paddle? - perguntou rindo. Nick e eu nos olhamos e rimos negando com a cabeça.
— Só conheço surf. - falei erguendo as mãos na defensiva.
— Eu também. - disse Nick me empurrando de leve.
— Ok, ok. Não se preocupem, vocês vão ficar craques em todos, eu garanto. - falou e nós rimos.
Mais tarde voltamos para praia e caímos no mar, ficamos conversando com os amigos do Cesar e ele nos convidou para ir em uma "festa" na casa de um outro amigo. Voltamos para cara e eu dormi um pouco, estava acabada. Acordei mais tarde e Nick estava deitado a minha frente, dormindo com uma das mãos no meu cabelo.
Levantei com cuidado e fui tomar banho. Quando sai do banheiro Nick já estava acordado.— Quer mesmo ir na tal festa? - perguntou Nick me olhando de cima em baixo vestida apenas com a toalha.
— Claro. - respondi me dirigindo ao armário.
— Beleza. - falou saindo pela porta. Depois do colégio fomos ao endereço que Cesar havia nos passado.
Entramos e fomos recebidos por ele e o dono da casa, André, ele nos apresentou ao resto do pessoal, e eu particularmente me senti muito à vontade. Pelo menos até um cara "conhecido" aparecer e me deixar perplexa. Ao vê-lo eu congelei, o que aquele cara estava fazendo ali? O destino tinha um péssimo senso de humor, e estava disposto a ferrar comigo. Senti todo meu corpo estremecer e ser invadido por uma onda de choque. Eu tinha acabado de sentar em uma banqueta encostada no balcão da área onde os caras estavam reunidos e Nick se afastou de mim por um segundo para pegar uma bebida. O tal cara passou por mim em direção aos amigos e eu virei o rosto evitando que ele me reconhecesse. Eu o evitaria até arrumar uma desculpa para sair dali. Respirei fundo e torci pro Nick não perceber meu desconforto, logo ele voltou e se sentou ao meu lado me oferecendo uma cerveja.
— Valeu. - falei negando e ele me encarou.
— Por que? - perguntou.
— Eu quero refrigerante. - falei levantando e caminhando em direção ao freezer. O abri e tirei uma lata de guaraná antartica, quando me virei dei de cara com o "tal cara".
— Olha, bom te ver. - disse se aproximando.
— Fica longe. - sussurrei.
— Se você ficar de bico calado, não vai te acontecer nada, bonitinha. - falou no meu ouvido e eu me esquivei voltando nervosa ao lado do Nick.
— Preciso ir ao banheiro. - falei sem perceber que eu estava gritando.
— Ali. - gritou Cesar me chamando atenção e apontando pra uma porta.
— Tá tudo bem? - perguntou Nick preocupado, mas eu não respondi, entreguei a latinha de refrigerante pra ele e parti em disparada para banheiro. Entrei, tranquei a porta e abri a torneira para jogar água no rosto. Eu estava tremendo e meu coração estava acelerado.
Preciso sair daqui, pensei. Sequei meu rosto e sai do banheiro voltando a onde Nick estava.— Eu preciso ir pra casa. - falei agoniada.
— Catarina, o que tá acontecendo? - perguntou segurando meus ombros.
— Não faz perguntas, só me leva embora daqui. - falei olhando o garoto por trás de seus ombros, ele estava zoando com os outros caras.
— Me fala, não vou poder te ajudar se você não falar. - peguei sua mão e o puxei pra longe.
— Aquele cara. que chegou por último, de boné. - falei pausadamente. — É o cara que assaltou a loja.
— O que? - perguntou em tom alto.
— Fala baixo, fala baixo. Droga. - sussurrei sentindo as lágrimas quentes sobre meu rosto.
— Tem certeza? - perguntou preocupado.
— Ele...acabou de me ameaçar...
— O que? Eu vou resolver isso. - disse se virando mas eu o segurei.
— Por favor Nick, não se mete em confusão. - falei desesperada. Nick me segurou em seus braços e colou sua testa na minha.
— Vai ficar tudo bem, vou resolver isso. - sussurrou e partiu em direção ao garoto. Fiquei o olhando apreensiva, enquanto ele chegava mais e mais perto.
— Ei. - disse Nick ao garoto tocando em seu ombro, o fazendo virar de frente pra ele.
— E ai. - respondeu simpático.
— Lembra daquela garota? - perguntou apontando pra mim. Todos dirigiram a atenção a eles, e a mim, que estava com a maior cara de louca. O garoto estremeceu, e sua única reação foi negar com a cabeça. — Ela lembra. - disse Nick partindo pra cima dele e o derrubando no chão. Os caras em volta arregalaram os olhos mas não interferiram. Nick montou em cima dele e o socou no rosto varias vezes, era evidente o ódio em seus olhos, o garoto nem conseguiu reagir.
— Separa! Por favor. - gritei. E então alguém tomou frente.
— Se acalma, irmão. - falou Cesar segurando Nick pelo braço. Nick saiu de cima do garoto e respirou fundo.
— Vou chamar a polícia. - disse Nick tirando o celular do bolso, ele estava tremendo.
— O que tá acontecendo cara? - perguntou Cesar.
— Esse filho da puta, roubou uma loja e agrediu minha namorada. - respondeu cerrando os punhos e encarando o cara sentado no chão, parecendo zonzo.
— Que vacilo. - ouvi alguém dizer.
— Faz o que é certo, irmão. Já dei vários conselhos pro Tito, mas ele nunca nem se deu ao trabalho de ouvi-los. Eu lavo minhas mãos. - falou Cesar e Nick assentiu.
— Estamos de acordo, cara. - disse um outro garoto a Nick.
Sentei no chão e limpei minhas lágrimas, eu estava um pouco zonza e muito abalada, nem percebi Cesar se aproximando, ele abaixou e se sentou ao meu lado.
— Você tá bem? - perguntou me encarando.
— Me desculpa, me desculpa mesmo. - falei ainda emotiva.
— Ei, a culpa não é sua, você é a vítima. E eu sinto muito por tudo isso.
— Eu também. - respondi. Fiquei de longe vendo a cena toda. O cara tentando explicar o por que do assalto, mas pro Nick não tinha conversa, o que ele havia feito comigo não tinha perdão.
Quando ouvimos o carro da policia, o tal do Tito se desesperou, tentou levantar e correr, mas Nick foi mais rápido e o segurou. Aquela cena era tão degradante, a situação toda era, eu senti um certo alivio, mas ao mesmo tempo me senti mal. Fomos até a delegacia mas eu ainda me sentia muito mal, fiquei lá fora sentada nos degraus tomando ar durante um bom tempo, até Nick aparecer e tocar em meu ombro.
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Mais que amigos
Teen FictionNick e Catarina se conhecem desde crianças e quem vê os dois juntos acreditam que são um casal, mas longe disso, são apenas amigos, será que essa amizade de longa data pode se transformar em amor?