Cheguei lá a noite, estava com fome e cansada, entrei em casa e minha mãe foi ao meu encontro.
— Desculpa ter te ligado tão desesperada, eu não sabia a situação dele, mas ele está fora de perigo, teve algumas fraturas e vai ficar mais alguns dias internado.
— Tudo bem mãe. - a abracei com força.
— Pode ficar com a Clarinha? Vou passar a noite no hospital.
— Claro, vou levar ela pra jantar. - comecei a andar rumo ao meu quarto levando minhas coisas e então ela me chamou.
— Catarina, depois vamos conversar. - assenti e ela pegou sua bolsa e saiu.
Tomei um banho, me vesti e fui acordar Clarinha, que dormia na cama da nossa mãe. Troquei a roupa dela e pegamos um ônibus até o shopping, jantamos, tomamos sorvete e voltamos para casa, no caminho de volta, Clarinha dormiu no meu colo. Cheguei em casa e deitei com ela na minha cama, dormi logo em seguida. Minha mãe me acordou no outro dia, tomamos café juntas e eu contei tudo a ela, desde a Bélgica, até a última briga. Ela me deu vários conselhos e eu resolvi conversar com o Nick de novo quando voltasse. A ajudei a limpar a casa e fizemos almoço, comemos e ela saiu para trabalhar, enquanto eu fui levar Clara na escolinha.
Na volta resolvi passar na casa da Rebeca, uma amiga que perdi contato quando me mudei para o Rio. Eu nem sabia se ela ainda morava lá, mas não custava tentar. Toquei o interfone e uma voz masculina atendeu.
— Quem é?
— Catarina.
— "A Catarina"?
— Não sei se sou "A Catarina", mas me chamo Catarina.
— Entra aí. - falou e o portão se abriu. O empurrei e entrei receosa, logo vi um garoto caminhando até mim, era bem bonito por sinal. Paramos de frente um para o outro e ele sorriu. — Então você não é "A Catarina"? - dei de ombros e forcei um sorriso, que saiu bem falso.
— Não tá reconhecendo o Bebeto?
— Beto? - arregalei os olhos e ele sorriu, abriu os braços e me abraçou.
O Beto é o irmão do meio da Rebeca, ele é dois anos mais novo que a gente, e não que dois anos seja muita coisa, antes do Beto ir morar com o pai ele era um franguinho, alto, magro, desajeitado, e com um aparelho que não cabia dentro da boca e agora estava totalmente diferente.
— Caramba, como você mudou.
— Você continua a mesma tampinha. - o empurrei e ele riu.
— E você o mesmo pirralho de dois anos atrás. - falei ele me mostrou língua. — Quando voltou pra cá?
— Tem uns 4 meses, e você?
— Ontem, mas vou voltar pro Rio logo.
— Tá curtindo muito?
— Tô, é bem diferente daqui, e meu curso é maravilhoso. - ele assentiu e sorriu. — A Rebeca tá aí?
— Ela não mora mais aqui.
— Sério? Me passa o endereço?
— Eu te levo, é aqui perto.
— Tá, valeu.
Ele me levou até um prédio não muito longe dali e o porteiro nos deixou subir. Beto bateu na porta e ela se abriu. Um ser rechonchudo e grávido arregalou os olhos e quase se jogou em cima de mim ao me ver.
— CARAAAAAALHO, NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÁ AQUI SUA VACA. - gritou Beca e eu tapei os ouvidos. Ela conseguia ser mais doida que a Sisi.
— Tá entregue. - disse Beto, se virou e foi embora.
— Vem. - ela me puxou pra dentro e me jogou no sofá.
— Cara, você tá gravida. - falei tocando a barriga dela.
— Então menina. - disse com um sorriso bobo. — Foi um acidente, eu descobri em fevereiro, mas fazer o que? Já amo tanto essa coisinha.
— Quem diria hein, dona Rebeca mãe de família. - rimos e ela me empurrou de leve.
— Ei, a gente tem muito que conversar. E a sua virgindade? - perguntou com cara de malícia e eu revirei os olhos.
— Por que todo mundo encanou com minha virgindade, meu Deus? - brinquei e ela ficou me olhando, esperando uma resposta. — Perdi.
— Amém! Eu vivi pra ver a Catarina perder a virgindade. Já posso morrer em paz. Cuida do meu bebê. - disse olhando pro teto com as mãos erguida.
— Quieta. E o Michel?
— Ah, depois que eu descobri que tô grávida, ele alugou esse apê e vim morar com ele. Ele conseguiu um emprego bacana e eu também, mas agora tô de licença, o Pedrinho me deixou bastante inchada.
— Pedrinho, que fofo gente! - falei e abracei a barriga dela.
— E sua nova vida?
— Bom, eu tô amando minha faculdade, me adaptei muito rápido. Conheci uma galera, eles são incríveis, e eu e o Nick chegamos a ficar juntos.
— Caraca, sério? E como ele tá?
— Bem... também se deu bem com o curso.
— Que tudo amiga, então vocês estão bem?
— Ah... isso não vem ao caso agora. O que sua mãe falou quando você contou pra ela?
— Ela surtou, quase me matou. - nós rimos.
— Eu imagino.
— Você tá perdendo aula?
— Ah, tô, é que o Paulo sofreu acidente de carro.
— E foi grave?
— Não muito, ele tá fora de perigo.
— Ufa. Olha, ele mexeu. - disse puxando minha mão e colocando em sua barriga.
Ficamos jogando conversa fora até dar a hora de buscar a Clara na escola. Passei meu contato pra Beca e fui embora. Peguei a Clara e fomos pra casa, minha mãe já havia chegado. Ficamos nós três assistindo desenho, mas meu celular começou a tocar e eu fui pro meu quarto atender. Era o Nick.
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Mais que amigos
Teen FictionNick e Catarina se conhecem desde crianças e quem vê os dois juntos acreditam que são um casal, mas longe disso, são apenas amigos, será que essa amizade de longa data pode se transformar em amor?