Capitulo 40

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Cheguei lá a noite, estava com fome e cansada, entrei em casa e minha mãe foi ao meu encontro.

— Desculpa ter te ligado tão desesperada, eu não sabia a situação dele, mas ele está fora de perigo, teve algumas fraturas e vai ficar mais alguns dias internado.

— Tudo bem mãe. - a abracei com força.

— Pode ficar com a Clarinha? Vou passar a noite no hospital.

— Claro, vou levar ela pra jantar. - comecei a andar rumo ao meu quarto levando minhas coisas e então ela me chamou.

— Catarina, depois vamos conversar. - assenti e ela pegou sua bolsa e saiu.

Tomei um banho, me vesti e fui acordar Clarinha, que dormia na cama da nossa mãe. Troquei a roupa dela e pegamos um ônibus até o shopping, jantamos, tomamos sorvete e voltamos para casa, no caminho de volta, Clarinha dormiu no meu colo. Cheguei em casa e deitei com ela na minha cama, dormi logo em seguida. Minha mãe me acordou no outro dia, tomamos café juntas e eu contei tudo a ela, desde a Bélgica, até a última briga. Ela me deu vários conselhos e eu resolvi conversar com o Nick de novo quando voltasse. A ajudei a limpar a casa e fizemos almoço, comemos e ela saiu para trabalhar, enquanto eu fui levar Clara na escolinha.

Na volta resolvi passar na casa da Rebeca, uma amiga que perdi contato quando me mudei para o Rio. Eu nem sabia se ela ainda morava lá, mas não custava tentar. Toquei o interfone e uma voz masculina atendeu.

— Quem é?

— Catarina.

— "A Catarina"?

— Não sei se sou "A Catarina", mas me chamo Catarina.

— Entra aí. - falou e o portão se abriu. O empurrei e entrei receosa, logo vi um garoto caminhando até mim, era bem bonito por sinal. Paramos de frente um para o outro e ele sorriu. — Então você não é "A Catarina"? - dei de ombros e forcei um sorriso, que saiu bem falso.

— Não tá reconhecendo o Bebeto?

— Beto? - arregalei os olhos e ele sorriu, abriu os braços e me abraçou.

O Beto é o irmão do meio da Rebeca, ele é dois anos mais novo que a gente, e não que dois anos seja muita coisa, antes do Beto ir morar com o pai ele era um franguinho, alto, magro, desajeitado, e com um aparelho que não cabia dentro da boca e agora estava totalmente diferente.

— Caramba, como você mudou.

— Você continua a mesma tampinha. - o empurrei e ele riu.

— E você o mesmo pirralho de dois anos atrás. - falei ele me mostrou língua. — Quando voltou pra cá?

— Tem uns 4 meses, e você?

— Ontem, mas vou voltar pro Rio logo.

— Tá curtindo muito?

— Tô, é bem diferente daqui, e meu curso é maravilhoso. - ele assentiu e sorriu. — A Rebeca tá aí?

— Ela não mora mais aqui.

— Sério? Me passa o endereço?

— Eu te levo, é aqui perto.

— Tá, valeu.

Ele me levou até um prédio não muito longe dali e o porteiro nos deixou subir. Beto bateu na porta e ela se abriu. Um ser rechonchudo e grávido arregalou os olhos e quase se jogou em cima de mim ao me ver.

— CARAAAAAALHO, NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÁ AQUI SUA VACA. - gritou Beca e eu tapei os ouvidos. Ela conseguia ser mais doida que a Sisi.

— Tá entregue. - disse Beto, se virou e foi embora.

— Vem. - ela me puxou pra dentro e me jogou no sofá.

— Cara, você tá gravida. - falei tocando a barriga dela.

— Então menina. - disse com um sorriso bobo. — Foi um acidente, eu descobri em fevereiro, mas fazer o que? Já amo tanto essa coisinha.

— Quem diria hein, dona Rebeca mãe de família. - rimos e ela me empurrou de leve.

— Ei, a gente tem muito que conversar. E a sua virgindade? - perguntou com cara de malícia e eu revirei os olhos.

— Por que todo mundo encanou com minha virgindade, meu Deus? - brinquei e ela ficou me olhando, esperando uma resposta. — Perdi.

— Amém! Eu vivi pra ver a Catarina perder a virgindade. Já posso morrer em paz. Cuida do meu bebê. - disse olhando pro teto com as mãos erguida.

— Quieta. E o Michel?

— Ah, depois que eu descobri que tô grávida, ele alugou esse apê e vim morar com ele. Ele conseguiu um emprego bacana e eu também, mas agora tô de licença, o Pedrinho me deixou bastante inchada.

— Pedrinho, que fofo gente! - falei e abracei a barriga dela.

—  E sua nova vida?

— Bom, eu tô amando minha faculdade, me adaptei muito rápido. Conheci uma galera, eles são incríveis, e eu e o Nick chegamos a ficar juntos.

— Caraca, sério? E como ele tá?

— Bem... também se deu bem com o curso.

— Que tudo amiga, então vocês estão bem?

— Ah... isso não vem ao caso agora. O que sua mãe falou quando você contou pra ela?

— Ela surtou, quase me matou. - nós rimos.

— Eu imagino.

— Você tá perdendo aula?

— Ah, tô, é que o Paulo sofreu acidente de carro.

— E foi grave?

— Não muito, ele tá fora de perigo.

— Ufa. Olha, ele mexeu. - disse puxando minha mão e colocando em sua barriga.

Ficamos jogando conversa fora até dar a hora de buscar a Clara na escola. Passei meu contato pra Beca e fui embora. Peguei a Clara e fomos pra casa, minha mãe já havia chegado. Ficamos nós três assistindo desenho, mas meu celular começou a tocar e eu fui pro meu quarto atender. Era o Nick.

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