Capítulos finais
— O que você disse pro Nick? Ele me pareceu arrasado. - perguntou de forma sutil.
— Coloquei um ponto final de uma vez. - respondi num tom quase como um sussurro.
— Por que?
— Por que não é justo, olha as coisas que ele passou, tudo por mim. Ele merece muito mais.
— Ele te ama, e passaria por tudo de novo se fosse preciso.
— Isso não é certo, eu não consigo ve-lo assim.
— Você não sente o mesmo por ele?
— Eu não sei. Ta tudo uma bagunça, eu não consigo me lembrar nem de um terço das coisas que aconteceram nos últimos anos.
— Eu sinto muito, querida. Mas isso é só questão de tempo, você vai se lembrar logo.
— Eu quero ficar sozinha. - sussurrei. Ela assentiu e saiu do quarto.
Fiquei deitada no tapete tentando colocar tudo na balança. Com certeza o Nick não merecia passar por aquilo, não merecia ter sofrido por mim, e não deveria sofrer agora.
Depois que essa maré passasse, ele ficaria bem.
Uma hora depois, minha mãe entrou no quarto novamente.— Nick esta aqui. Ele quer se despedir, vai voltar pro Rio. - falou se abaixando ao meu lado.
— Eu não tô me sentindo bem. Pode dizer a ele que eu estou dormindo? - perguntei deixando algumas lagrimas escaparem.
— Filha...
— Por favor.
— Tudo bem. - ela passou as mãos em meus cabelos e depois me deixou só novamente.
Depois que Nick foi embora, eu me debulhei em lágrimas, aquilo era o certo, ou pelo menos parecia ser, mesmo que no fundo uma voz gritava desesperadamente por ele, eu não sabia o que aquilo realmente significava.
Eu estava mal, mas não era nada físico, era emocional. Fiquei pensando naquilo até pegar no sono.Tive um sonho horrível, um pesadelo na verdade. Era um acidente, o meu acidente, eu estava deitada no chão coberta por sangue, mas quem realmente estava machucado era o Nick.
Tentei levantar, mas algo me prendia ao chão. Comecei a gritar desesperadamente por ele, mas o mesmo, parecia desacordado. Aquilo foi uma tortura.Acordei aos prantos, sentindo meu coração bater tão forte parecendo querer saltar do peito.
Minha mãe entrou no quarto assustada, me olhou sem entender e eu sentei na cama.— O Nick ta bem? - foi a única coisa que consegui dizer.
— Esta, ele já chegou, ta tudo bem.
Olhei em volta e percebi que já era noite, dormi muito.— Tive um pesadelo. Desculpa te assustar.
— Tudo bem, meu bem. - ela beijou meu rosto. — Vá tomar banho para jantarmos. - assenti e fui.
Banhei, e jantamos. Já no meu quarto, pensei em ligar pro Nick, mas o que eu diria? "tive um pesadelo" ou "você ta bem?", não faria sentido algum. Acabei não ligando.
Passei a noite em claro, afogada nas lembranças que haviam surgido.• Flashback •
Na volta do restaurante, Nick dirigiu até a praia.
— Eu sou seu príncipe. - ele disse com um lindo sorriso.
— Mas você não quis dançar a valsa comigo... - falei sem jeito.
— Eu era um idiota, mais do que sou hoje. Mas eu ainda te devo uma dança.
Ele segurou meu braço e me puxou pra perto, colocou minhas mãos em seus ombros e apoiou as suas em minha cintura.— Sem musica?
— Shhhh. — falou e colou nossos corpos.
Encostei minha cabeça em seu peito e entrelacei meus braços em seu pescoço, e ele me segurou firme em seus braços.
Começamos a nos mover com passinhos sem rumo, diferentes da valsa, nossos corpos se moviam em perfeita sincronia, e eu sentia seu coração e sua respiração, enquanto ele cantarolava Kiss Me, acima de minha cabeça.— Ta perfeito. — sussurrei.
• Flashback •
Senti um arrepio percorrer meu corpo e respirei fundo. Olhei o relógio do celular e ele marcava 2h da manhã.
Puxei a cadeira da escrivaninha e sentei próxima a janela, observando todo aquele breu lá fora.
Toquei a janela e ela estava um tanto fria, meus pelos se eriçaram novamente e eu fui invadida por outra lembrança.• Flashback •
Nick dirigiu até um barzinho, seguindo o carro da Sisi.
Escolhemos uma mesa na varanda e pedimos duas porções de batata frita, refrigerante pra mim e pra Sisi e os meninos optaram pela cerveja.— Eu nunca fiz um pedido oficial. - disse Nick me fazendo dirigir a atenção pra ele.
— Pedido oficial? - perguntei surpresa e ele assentiu.
— É, do tipo: Você aceita acordar ao meu lado todas as manhãs ? Aceita me ver pelado todas as manhãs, também? Ser inteiramente minha, não só melhor amiga, mas namorada? - perguntou e eu sorri com os olhos marejados.
— Eu já sou inteiramente sua. - ergui a mão direita mostrando o anel. — E aceito ser sua namorada.
Ele me puxou pra perto e me beijou de forma calma.• Flashback •
Aquilo fez meu coração disparar e aquele friozinho bom percorrer todo meu corpo. Eu o amava, amava estar ao lado dele, e havia cometido um erro. Naquele momento eu não sabia se sorria ou se chorava. Eu magoei Nick de diversas formas e manda-lo embora, foi o ápice.
Mesmo que ele não quisesse ouvir mais nada, ou me ver, sei lá, eu precisava dizer a ele que eu me lembrava, eu precisava.
Fui pro banheiro e liguei a ducha, fiquei quase uma hora sentada no chão tentando pensar em algo que eu pudesse fazer, e no que dizer, enquanto a água caia sobre minha cabeça.
Quando finalmente tive uma ideia, saltei pra fora do banheiro e peguei minha mala, que se encontrava no canto do quarto e comecei a jogar de qualquer jeito todas as roupas que estavam no meu armário.
Vesti a única peça de roupa que eu não havia enfiado na mala: um jeans, uma blusa de alcinha, e uma sapatilha. Penteei meus cabelos e nem me dei ao trabalho de seca-los. Peguei minha bolsa, e guardei meus remédios que estavam no criado.E aí, o que estão achando da história?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mais que amigos
Teen FictionNick e Catarina se conhecem desde crianças e quem vê os dois juntos acreditam que são um casal, mas longe disso, são apenas amigos, será que essa amizade de longa data pode se transformar em amor?