Senti algo sobre minha barriga e peito, mas não abri os olhos, não era pesado, mas eu não sabia o que era.
Fiquei alguns minutos tentando pegar no sono novamente e então senti algo se mexer, ainda em cima de mim. Abri os olhos assustada e era um bebe. A coisinha mais linda que eu já vi na vida.
Ele dormia um soninho tão gostoso que dava até gosto de ver. O ajeitei em meus braços, mas não consegui me levantar, então chamei minha mãe, mas quem apareceu foi a Rebecca.— Ele é lindo, Beca.
— A ultima vez que nós nos vimos, eu estava ENORME. - falou e eu ri.
Ela se sentou na beirada da cama e sussurrou, pois Sisi ainda dormia:— Como você se sente?
— Bem, muito bem. Vocês estão me ajudando muito. - falei acariciando o rosto angelical do bebe. — Qual o nome dele? - olhei pra ela.
— Pedro. - respondeu e eu sorri.
— Eu fico tentando imaginar. como as coisas vão ser daqui pra frente. - falei pausadamente.
— Tipo o que? - Beca perguntou.
— Tudo o que eu perdi e nunca mais vou recuperar.
— Você não crê que tudo vai voltar a ser como antes?
— Tudo não, minha memória é como vidro, não da pra juntar todos os caquinhos.
Um silêncio permaneceu no quarto durante um tempo. Eu continuei acariciando o pequeno rostinho do Pedrinho e então ví surgir nele um sorriso involuntário. Me derreti toda e naquele momento pensei no quanto desejava ser mãe no futuro.
Logo Sisi acordou, ela e a Beca se deram super bem, acho que elas se identificavam na loucura.
Minha mãe me ajudou com o banho e logo eu já estava vestida, e junto a mesa com as meninas. Tomamos café e ficamos conversando e brincando.
Caramba, como aquilo era bom, ver os rostos contentes das pessoas a minha volta, compensava todo o tempo que passei "sozinha" naquele hospital.
Minha mãe havia pegado outra licença do emprego, enquanto eu estava internada ela ainda trabalhava, mas agora, não havia nenhum enfermeiro e eu era totalmente dependente dela.Minha familia era maravilhosa, meu padrasto me tratava como filha, minha mãe cuidava de mim como ninguém e minha irmã era o ser mais puro e carinhoso que existia.
E eu tinha amigos que estavam ao meu lado, me dando apoio e me deixando "pra cima". Eu era a pessoa mais sortuda.
Ficamos conversando por um bom tempo, Sisi e Becca me contaram algumas das coisas que vivemos juntas que eu não me lembrava.
Já na sala, elas encontraram um filme de romance bem clichê e passamos a assisti-lo.
Minha mãe aproveitou que as meninas estavam em casa, e saiu com a Clara. Ela merecia um tempo sem mim. Paulo estava trabalhando.
O filme mal havia começado, e o interfone tocou. Sisi atendeu e era o Nick. Ele entrou, cumprimentou as meninas e depois beijou o topo da minha cabeça.— Posso falar com você? - perguntei e ele assentiu, me ajudou a andar até meu quarto e sentamos em minha cama.
— Pode falar.
— Por que não me disse que eramos, somos, sei lá... namorados? - perguntei e ele me pareceu surpreso.
— Você se lembra? - ele perguntou com um olhar diferente, o qual eu não soube reconhecer.
— Não, quer dizer, eu não sei.
— Eu não sabia como te dizer.
— Como não? Eu não lembrava de ninguém quando acordei naquele hospital. Era só ter dito.
— Eu sei, eu sei. Eu só achei que você deveria se lembrar sozinha. Nós passamos por tanta coisa, Cat.
— Que coisas?
— Eu fui o maior canalha. Desde o começo, eu sabia que você gostava de mim, e eu me sentia superior por isso. Eu tinha quem eu quisesse, quando eu quisesse, e achava que isso era legal. E mesmo depois de ficarmos juntos, eu continuei sendo imaturo e magoando você. - ele disse aquelas palavras como se fossem tortura pra ele, e eu não consegui dizer nada. — E seu acidente. - ele completou.
— O que tem? - perguntei e ele se levantou. Parecia apreensivo, mas agora que ele começou, teria que terminar.
— Naquela noite, nós brigamos. Na verdade, você brigou comigo, e não consegui dizer quase nada.
— Por que eu briguei com você?
— Você viu uma garota me beijando.
— Nós ainda estávamos juntos? - perguntei já sentindo um nó na garganta. Ele assentiu e um sentimento ruim tomou conta de mim.
— Por que fez isso?
— Eu não fiz. Mas você não me deixou explicar, e a culpa de tudo isso foi minha.
— Não. - falei já sentindo as lágrimas que lutavam pra cair.
— Eu te amo tanto, Cat. - disse se aproximando, e tocando meu rosto.
Nossas bocas estavam tão proximas, pareciam ímãs, eu até sentia seu hálito quente.
Ele acariciou meus cabelos, e desceu os dedos até as maçãs do meu rosto. Seu toque me causava arrepio, e seus dedos quentes deslizavam por minha face com tanta sutileza, que era impossível eu me sentir desconfortável com tamanha proximidade.
— Pode me contar tudo? - perguntei fechando os olhos, e ele se afastou um pouco.
Eu não achei que havíamos vivido tantas coisas juntos, e também não acreditei nas burradas que havimos feito, no longo tempo que levamos para ficarmos juntos, e no pouco que levamos para nos separarmos.
Nós parecíamos duas crianças imaturas."Se eu soubesse o que aconteceria " - Nick ficava repetindo enquanto me contava. Era de cortar o coração ver como ele se sentia.
No final da "conversa", ambos choravam, eu sei que foi eu quem pediu pra saber de tudo, mas aquilo era de mais pra mim, as coisas que ele me disse me deixou confusa.
Ele tentou se aproximar de novo mas eu recuei. Ele pareceu arrasado, abaixou a cabeça a apoiando nas mãos e apoiou os cotovelos nas pernas.— Sinto muito. - sussurrei e ele assentiu, ainda na mesma posição que estava.
— Eu já vou indo. - ele disse se levantando, acariciou meu rosto, engoliu a seco e saiu.
Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu não podia acreditar. Era muita informação, muita coisa se chocando em minha cabeça.
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Mais que amigos
Teen FictionNick e Catarina se conhecem desde crianças e quem vê os dois juntos acreditam que são um casal, mas longe disso, são apenas amigos, será que essa amizade de longa data pode se transformar em amor?