Capitulo 49

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Mas foi tudo uma merda. Meu ônibus atrasou, quase morri congelada com o ar condicionado e chegando no Rio peguei um puta engarrafamento. Cheguei era mais de 8 da noite, entrei e estava tudo silencioso, fui direto pro meu quarto e deixei minhas coisas no chão, tomei um bom banho quente e lavei meus cabelos. Saí enrolada na toalha e me joguei na cama. Mandei mensagem pro Nick mas ele não respondeu, deveria estar no colégio. Lembrei do anel e do colar na bolsa e os peguei, fazendo o anel de pingente, depois deitei e acabei pegando no sono e acordando mais tarde com meu celular tocando.

— Alô?

— Tô numa festa, no Gio. — era a voz do Nick.

— Aonde?

— Gio, vem pra cá. — e desligou. Bufei e tentei organizar as idéias, mas foi meio difícil, ainda estava dopada pelo sono.

Levantei e pedi um táxi, me vesti e peguei um saquinho de jujuba que encontrei em cima da mesa. Desci e logo o táxi chegou, me levando até a casa do Gio. O portão estava aberto, fui entrando e caminhei até o fundo da casa onde havia várias pessoas, mas nenhuma conhecida.
Exceto Nick, que estava quase engolindo uma garota.

— Não acredito. — falei alto o suficiente para ele ouvir. Na verdade alto o suficiente para todos que estavam ali escutarem, dirigindo seus olhares para mim.

— Droga. — falou Nick empurrando a garota.

Balancei a cabeça negativamente e me virei saindo pelo mesmo caminho o qual eu havia entrado. Nick veio atrás e me segurou pelo braço, me fazendo parar bruscamente.

— Não. — gritei e o empurrei me soltando.

— Catarina, ela me beijou.

— Não quero saber Nick, você não me deve satisfação, acabou não é? — perguntei tentando manter a calma e abaixando o tom de voz.

— É... — ele pareceu sem graça e eu forcei um sorriso.

— Preciso dormir. — virei as costas e comecei a andar novamente, mas dessa vez ele não veio atrás.

Saí da casa e comecei a correr desesperadamente. Porque tanta merda estava acontecendo? De uma hora pra outra tudo resolveu ficar mal. Limpei as lágrimas que escorriam por meu rosto e funguei parando de correr, mas ainda andando rápido, dobrei uma esquina e sentei na calçada pegando o celular para ligar para um táxi. Chegou bem rápido e logo eu estava em casa. Nick estava sentado no sofá a minha espera. Passei por ele correndo e entrei no quarto trancando a porta.

— Catarina, abre. — disse batendo forte na porta. — Por favor, Cat. - suspirei com indiferença e fui pra cama, deitei, coloquei os fones de ouvido, uma música lenta e fiquei um bom tempo olhando o teto até conseguir dormir.

Acordei de madrugada com um pesadelo, levantei e quando saí do quarto me deparei com Nick sentado ao lado da porta do meu quarto, com a cabeça entre as pernas, dormindo. Droga, pensei.

— Nick, vem pra cama. — falei tocando em sua cabeça e ele levantou me olhando assustado. — Vem. - segurei em seu braço e o puxei pra dentro do quarto, deitamos um de frente para o outro e nos encaramos.

— Ela me beijou...

— Nick, esquece isso tá? Eu tô cansada, a viagem foi péssima, eu só quero dormir.

— Desculpa. — disse se aproximando e me abraçou. Engoli a seco e fechei meus olhos, me entregando ao sono.

Acordei cedo e Nick não estava na cama. Fiz minhas higienes, me vesti e fui a sala onde Nick estava assistindo TV.

— Tem café. — falou me olhando.

— Eu queria dar uma volta na praia, tô precisando.

— Come primeiro, ai nós vamos. — assenti e fui pra cozinha, peguei um pouco de cereal, coloquei em uma xícara e coloquei leite, comi e voltei pra sala.

— Vamos? — perguntei e Nick se levantou, sorriu e foi rumo a porta. Descemos e fomos caminhando, o que durou 15 minutos.

Haviam poucas pessoas, algumas caminhando, outras tomando sol e apenas um casal se banhando no mar. Respirei fundo e senti a maresia me fazendo entrar em êxtase. Nick tirou um maço de cigarro do bolso e levou um até a boca o acendendo, tragou e depois soltou a fumaça. O olhei e continuei andando sem dizer uma só palavra. Então Nick engasgou, cuspiu o cigarro e começou a tossir descontroladamente, abaixou a cabeça e apoiou as mãos nos joelhos.

— Ei, tudo bem? — perguntei acariciando suas costas. Nick negou com a cabeça e engasgou de novo.

— To/sem/ar. — disse com a voz entre-cortada.

— O que? — perguntei sem entender.

— Não/consigo/respirar.

— Droga. — falei entrando em desespero e comecei a fuçar minha bolsa. Nick puxava o ar com força e soltava um suspiro alto, o que fazia meu desespero só aumentar. Consegui achar uma bombinha do Nick perdida em minha bolsa e entreguei pra ele, que rapidamente a chacoalhou, levou próximo a boca liberando o medicamento e respirou fundo. Depois sentou na areia e eu sentei ao seu lado.

— Não acredito que você ainda tem uma bombinha na sua bolsa. — falou entre-risos abafados.

— Tá brincando? Acha que eu me esqueci do gordinho asmático que só comia porcaria, e vivia com as blusas sujas.

— Cala boca, eu era lindo.

— Você melhorou? Tá na hora de termos uma conversa bem séria sobre esses seus cigarros.

— Qual é Cat? Fazia muito tempo que eu não tinha uma crise.

— Nicolas, entende uma coisa você não vai morrer e me deixar sozinha.

— Verdade ainda temos 8 filhos pela frente. — sorri e ele retribuiu.

— Agora sem brincadeira, me dá esse maço e se despede porque foi o último. - ele me entregou, mandou um beijinho pro maço e eu corri até o mar, o molhei e joguei em uma lixeira ali perto.
Voltei a sentar e Nick me encarou.

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