Capítulo 11 - O Adeus a Frank, A Rainha Vermelha e o Primeiro Espelho Partido

36 2 0
                                    


O Maren III mudou o percurso, enquanto finalmente baixava os primeiros metros para o chão.

O contorno azul que nos circundava cresceu e se dividiu, ficando gradeado.

Controle de invisibilidade acionado, disse Magnus.

Os motores agora estavam quase sem fazer barulho, enquanto descíamos uma rua que passava atrás do armazém de Frank. Charles havia acordado um minuto antes, e sem dizer uma palavra solicitou uma ferramenta ao carro, que terminou de tirar minha tornozeleira. Agora, ele enfeixava meu osso rachado com uma bandagem elástica e firme, mas que permitia agilidade, como um gesso mais avançado.

Descemos. Charles colocou meu tênis, e depois puxou meu rosto para perto do seu.

- Ainda não dá tempo de eu te explicar. Você vai conseguir andar e correr sem sentir dor pelas próximas doze horas, não tenha receios quanto a isso. Magnus?

Diga.

- Podemos sair?

- O que estamos fazendo aq... - ele me silenciou colocando o indicador sobre os meus lábios.

Rua livre para a ação em 3... 2... 1... vão!

A porta de trás se abriu, e saímos.

De imediato, Charles me escorou na parede mais próxima.

- Continue usando o boné, tem mais alguns minutos de carga, pode se comunicar comigo e com Magnus através dele.

- Certo.

- Vai pela porta da frente, te vejo dentro do armazém. Aja normalmente - ele disparou na direção contrária.

Respirei fundo, e comecei a andar até a luz da rua principal, fincando os calcanhares no chão.



O sino da porta alertou que eu estava entrando. Joshua e Adan estavam preenchendo a prateleira mais próxima de latas de molho de tomate, e pararam ao me ver. Frank estava no caixa, com a lata de café da minha poupança em mãos.

Charles apareceu em seguida, vindo pelos fundos. Olhou para Frank.

- Câmeras?

- Desligadas.

- Ótimo. Magnus, quanto tempo temos?

Enquanto Charles falava, fui até Frank. Seus olhos estavam imensos e tristes. Antes que eu falasse qualquer coisa, ele me deu a lata. Seus filhos deram a volta pelo balcão, e pegaram mochilas já prontas, escondidas.

Eles se abraçaram. Frank beijava o pescoço dos filhos, enquanto seu rosto ficava inundado. Começar a entender tudo doía.

- Há quanto tempo está na causa?

- Me associei dois anos antes de você chegar.

Confirmei com a cabeça, enquanto Frank olhava para os seus dois filhos.

- Não sei se os verei denovo, e não está sob o meu poder prometer isso. A esperança existe, mas não podemos nos envaidecer dela sempre. Este é um destes momentos. Criei dois filhos, dois homens. Agora, vocês vingarão o que fizeram com a mãe de vocês, o que vai acontecer comigo daqui pra frente, e o que aconteceria com vocês caso ficassem. Entendem isso?

- Sim, pai - responderam, juntos. Se abraçaram de novo, e depois se afastaram, ficando ao lado de Charles.

Frank veio até mim. Eu me deixei ir até ele, o abraçando forte. Gravei a aspereza de sua barba em contato com a minha pele, e o seu cheiro de loção pós-barba e couro.

Vá Embora de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora