Capítulo 13 - Temporada de Desintoxicação e a Lagarta Azul

23 2 0
                                    


Bom dia 

Perdão por não postar domingo passado. Leonardo di Caprio monopolizou toda a minha atenção, e passei a semana comemorando (tenho a impressão que fiz tanta festa que eu estava lá... ou estava mesmo?)

A foto que deixei é de Pripyat, dá para ver Chernobyl ao fundo, é a localização onde se passa a cena principal do capítulo, no hospital.

Espero que gostem. E muito obrigado pelos quase 300 acessos, isso me motiva ^^

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


     Foi como caminhar nos livros de história interativos.

Pouquíssimo do que era observável de Pripyat havia sido alterado, as árvores ainda engoliam muito da cidade, crescendo dentro de construções condenadas e renovadas ou no meio das ruas, sem se incomodar. Quase não dava pra notar, mas algumas estruturas - principalmente prédios - tinham vigas de aço ou concreto reforçando as paredes.

- Como conseguiram o material?

- Desvio de carga - Charles respondeu, com riso na voz, e me ajudando a caminhar, depois de eu insistir muito que podia dispensar a cadeira de rodas. Sua mão segurava a minha suavemente, embora eu apertasse a dele - é incrível o que se faz com rotas hackeadas, armas e um bando de rapazes corajosos.

As pessoas ao redor eram cidadãos comuns, embora a maioria dos homens estivesse visivelmente armado. Vi mulheres amamentando com armas de canos prateados em coldres laterais, mas nenhuma das crianças tinha os perigosos objetos.

Eles tinham algo de diferente daqueles que viviam em minha cidade. A princípio não dava para notar, era como se eu estivesse presa num encantamento, que não permitia meus olhos de verem a verdade.

Mas logo, comecei a perceber. Risos desdenhosos, combinando com os olhares desconfiados. Postura rígida ou relaxada demais. Rir era comum, e nunca tinha visto tantos menores desacompanhados.

Uma menininha de uns seis anos passou correndo direto para mim, mas desviou no último instante e puxou a borda do meu casaco no caminho, provocando gostosas risadas dos amigos.

- Malícia - a voz arrepiante de Charles me disse - sagacidade. Aqui ninguém finge padrões aceitáveis de comportamento. Todo mundo apenas é o que é.

Gostei daquilo assim que identifiquei.

Assim que passamos por um chafariz desativado, indo direto para um conglomerado de oito andares, vi Magnus aparecer na entrada e fazer sinal para que entrássemos. A fachada era de concreto cru, letras tortas indicavam o nome do lugar, e mesmo que eu não pudesse ler, a grande cruz vermelha de quatro pontas iguais me deu certeza.

Por dentro, o prédio parecia nos teletransportar para outra realidade.

Tudo era incrivelmente moderno. O chão era cinza, encerado e brilhante. Enfermarias trabalhavam, divididas entre paredes de plástico fosco, cada uma delas atendendo um paciente. Todos tinham máquinas de monitoramento e pelo menos algum profissional de medicina. O cheiro séptico de álcool ardia. Enquanto caminhávamos, percebi que os únicos possíveis doentes eram os idosos, pois todos os outros estavam ali tratando de ferimentos.

- O que aconteceu?

- Ah, é a profissão. Machuca um bocado.

Fomos conduzidos até os elevadores aos fundos. Eles eram originais, o poço era aberto assim como as paredes, víamos os andares ao subirmos sem pressa.

Vá Embora de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora