You Gonna back to me

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Antes que digam que sou uma pessoa irresponsável e inútil por não ter um emprego, irei explicar: Os meus pais são donos de uma loja de decoração, especializada em objetos antigos. Tipo um antiquário. Que pode ser considerado antiquado também, pois, contando comigo, ele está na nossa família há quatro gerações. E eu, trabalho com eles, tanto na parte administrativa, quanto nas "escavações" que é como chamamos os leilões dos quais participamos para encontrar as relíquias que vendemos.

Como meus pais estão viajando para uma espécie de segunda lua de mel, a minha irmã mais velha, Sarah, é quem esta administrando o antiquário, juntamente com seu maridinho perfeito. Eu e meu cunhado não nos damos bem, pois ele é um cara muito tradicionalista, então quando nos vemos, ignoramos completamente a existência um do outro. E como ele adora se ver livre de mim, sempre me dá alguns dias de folga, assim fiquei ajudando Avalon no ateliê dela durante o dia. Ela tem um bom movimento, por estar na área central, e como já trabalho em uma loja de decoração, consegui me virar muito bem no papel de funcionária.

Eu ficava checando meu celular de minuto em minuto, mas Lia não dava sinal de vida. Nenhuma mensagem, e a última vez que ela tinha ficar online havia sido na noite anterior, pouco depois de eu sair de casa.

Não que eu me importasse, pois ela devia estar trabalhando, e se esfregando com aquela garota. Sabe. Coisas mais importantes e que a mantiveram ocupada tempo bastante para impedir que mandasse um simples "oi" para mim. Poxa, eu sei que havia terminado com ela. Mas esperava no mínimo uma insistência. Ou uma mensagem "Ei, eu me importo, vou lutar pro nós.".

Avalon fechou o ateliê às sete da noite, eu já estava no andar de cima, sentada na varanda admirando o movimento de fim de tarde naquela avenida.

Ela pediu comida chinesa para nós às oito da noite. Jantei sem tirar os olhos do celular, e me frustrava a cada notificação que recebia, parecia que todo o mundo tinha resolvido falar comigo, menos Lia. A mágoa estava dando espaço a preocupação. Lia era viciada em celular. Às vezes eu escondia o celular dela para ela me dar mais atenção.

Às nove da noite Avalon começou a se arrumar, pensei que ela iria sair para ir a algum lugar, afinal era sexta feira, e muita gente tem compromisso nos fins de semana a noite.

— Vamos lá. - ela disse pegando as chaves do carro dela que estavam sobre a mesa de centro, se colocando na frente da televisão, por onde eu zapeava os canais, numa tentativa de passar o tempo.

— Aonde? - perguntei me levantando do sofá, e passando a mão pelo meu cabelo, para ajeitá-lo.

— Para seu apartamento, você está quase tendo uma crise de nervos e preocupação. - ela disse como se fosse óbvio - Vamos, Lynn.

— Não! - exclamei cruzando os braços - Não vou voltar atrás!

Avalon cruzou os braços também e arqueou a sobrancelha, como se estivesse perguntando "É sério?"

— Larga de ser teimosa e orgulhosa, garota! - ela exclamou e me puxou pelo braço.

Tentei resistir, firmei meus pés no chão, tentei me segurar ao sofá, mas Avalon é mais alta e consequentemente mais forte do que eu. Ela literalmente me arrastou escadaria abaixo até o ateliê.

— Me solta! - disse irritada a empurrando assim que passamos pela porta de entrada do ateliê e seguimos até o carro dela, que era uma espécie de carro moderno customizado para o estilo retrô.

Evitei olhar para ela durante todo o caminho, como uma criança fazendo manha. Sim, sou orgulhosa pra caralho. Não queria voltar atrás no que fiz, precisava ver se Lia se importava o suficiente para batalhar para me ter de volta.

L&LOnde histórias criam vida. Descubra agora